Crítica | Tigers Blood



★★★☆☆
3/5

Tigers Blood, novo disco do projeto Waxahatchee, surge da combustão do ócio cujo americano médio, aquele que não conquistou o mundo mas que também não mergulhou na decadência das drogas, tende a oferecer em seus momentos de reflexão sobre, principalmente, a vida.

Na obra, os acordes de country alternativo, puxado por arranjos delimitados por guitarras elétricas, piano de concerto e algumas ideias interessantes de povoar espaços antes não definidos por Katie Crutchfield como principal sujeito da obra, são esforços positivos.

Mas o disco, em si, não parece corresponder à grandiosidade a qual foi conclamado. Sua veia interiorana, inclusive presente nos vocais de Katie, tenta trazer a todo custo a poética do desbravamento, aquela que sustenta grandes produtos de mídia nos Estados Unidos, como se o país ainda fosse um material rico a ser explorado. É meio redundante…

“What do you say? You sleep all-day / We drive out to the only lake in Kansas”, canta a vocalista em “Lone Star Lake”, faixa que compensa essa mesma busca pelo interior quase como uma sina a tornar o disco mais sincero. É uma estratégia interessante para o cenário em que faz parte. A delinquência nisso também é mais justa do que o sexo, a bebida e a traição como temas específicos do country que nós brasileiros costumamos ter acesso.

Mas se virarmos um pouco a chave, ainda que existam narrações bastante divertidas e descrições criativas dessa exploração da vida americana, Tigers Blood nada mais é do que isso. Para uns, é o ápice da contação de histórias na atualidade, para outros — como é o meu caso —, não vai além de ser uma contação de histórias.

Selo: Anti-
Formato: LP
Gênero: Country / Country Alternativo, Singer-songwriter, Country Rock
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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