Os melhores discos brasileiros de 2025

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Uma lista com Irmãs de Pau, Luedji Luna, Gaby Amarantos, d.silvestre, NEGRO LEO, Jadsa, Catto, Marina Mello, Manu Trovão, Iguana e mais!

Pensar em música brasileira em 2025 é pensar em ritmos que vão além da classificação de música regional. Há jazz, R&B, funk, pop, experimental, eletrônica, piseiro e muito mais. É uma das listas mais diversas, pois joga com a ideia de que tudo aquilo feito e criado aqui pode estar presente nas escolhas de nossos redatores. É por isso que, ao longo do ranking, você notará discos extremamente conhecidos ao lado de outros que talvez somente nós e outra dúzia de pessoas tenham ouvido – brincadeira. É uma lista de descoberta e redescoberta do melhor da nossa música!

A presente lista foi elaborada a partir de uma votação interna, considerando o top 15 individual de todos os nossos redatores, pensando na curadoria de música brasileira, com discos selecionados de 15/11/2024 a 15/11/2025.



30. Próximo - Arthus Fochi e cajupitanga


É da estranheza nasce do trabalho de Gabriel Tupy e Candioco, o cajupitanga, que, à distância, transforma gravações livres de Arthus Fochi – hoje residente na Dinamarca –, feitas em outro canto do mundo. A dupla molda o material usado em Próximo por meio de colagens e manipulações digitais, conferindo ao álbum um tom de ruptura que o afasta das raízes mais confortáveis e recorrentes da sobriedade de Fochi. - Matheus José



29. MAIOR QUE O TEMPO - Teto


Um dos discos que mais ouvi este ano, e o motivo é bem simples: suas letras. Beira, para mim, o inacreditável de tão pop que é. O single principal, “YES OR NO”, apela pela alternância de códigos linguísticos de forma extremamente “cantável”, com fluidez. É uma abordagem que se descola do senso mais intencionado do que o trap costuma fazer na hora de misturar inglês com português. Funciona, assim como o afrobeats, soul e toda a carga de R&B que Teto cria aqui. - Matheus José



28. Caminhos Selvagens - Catto


Subvertendo a obviedade do indie rock, CAMINHOS SELVAGENS ergue uma arquitetura sonora luxuosa em que guitarras e orquestrações colidem para criar um cenário de dramaticidade, essa grandiosidade instrumental serve de alicerce para uma performance vocal visceral que renova a tradição da canção, permitindo que Catto transforme suas feridas em uma obra de beleza cinematográfica, cujo xagero estético dialoga perfeitamente com a nudez poética e a intensidade absoluta de suas composições. - Antonio Rivers



27. Terra do Kn, Vol. 2 - DJ KN DE VILA VELHA


Terra do KN, Vol. 2 opera como um laboratório de fronteiras líquidas, onde DJ KN hackea a geografia do funk ao misturar a leveza do beat fino capixaba com a escuridão mineira e o groove carioca, essa alquimia não se limita à batida, mas manipula os vocais com uma doçura sintética quase pop, criando uma armadilha sonora onde a agressividade do grave e a sedução melódica colidem, provando que a vanguarda do gênero está na capacidade de digerir o caos externo para fortalecer a identidade local. - Antonio Rivers



26. Dominguinho - João Gomes, Mestrinho & Jota.pê


Dominguinho te transporta para um lugar de alegria e aconchego, com aquele jeito simples e brasileiro. Há uma grande química entre os três artistas aqui, que trazem tudo com leveza e um carisma enorme. É ótimo ver composições modernas dentro de um estilo mais tradicional. O disco é doce, alegre e rico em influências de forró, xote e baião. É um trabalho capaz de agradar a todos e unir tribos, assim como o Nirvana. - Vit



25. ÆDM - DJ ALYX


Do “eletro house” à EDM, ressoando Skrillex e Bingo Players, DJ ALYX traz um EP que realiza com muita naturalidade a ponte entre o funk brasileiro e a dita "música eletrônica formal” europeia. O resultado é um trabalho fluido, que invés de se preocupar em conjurar magicamente grande inovação estética, se dedica ao próprio processo composicional. Por isso, consegue trazer faixas divertidas, dançantes, além do peso característico desses extensos gêneros, como nas potentes "VAI FDP" e “AK 47”. - Pedro Antunes de Paula



24. Deságua - Marina Mello


A beleza de Deságua, álbum da harpista brasileira Marina Mello, sequer pode ser mensurada. É um disco cuja delicadeza flui como as ideias temáticas que o atravessam, em que cada faixa se comporta como um rio correndo em busca do oceano, a mãe maior de todas as águas. Nessa mensagem de natureza e organicidade, surgem manipulações de pedais e acordes instrumentais que preenchem os espaços em que a harpa não se efetiva por completo, sustentando o tecido sonoro que se desdobra em partes quase infinitas. - Matheus José



23. RADIO LIBERTADORA! - DJ K


A produção de DJ K opera uma reciclagem sônica agressiva, em que o beat bruxaria é bombardeado por fragmentos de EDM e pela percussão seca do funk carioca dos anos 2000, criando um labirinto rítmico de alta pressão, o álbum utiliza a saturação de graves e a distorção como elementos estéticos centrais, construindo uma sonoridade absurda e experimental que, ao manipular a história dos bailes com texturas ruidosas, transforma o caos instrumental em uma experiência física incontrolável. - Antonio Rivers



22. Boca do tempo - SERGIO KRAKOWSKI


Através de um estado quase de transe, Sergio Krakowski abre canal para improvisação entre instrumento e computador. No pandeiro que o acompanha desde os 15 anos de idade, ele encontra uma extensão de si e uma forma de conversar com a máquina sem deixar que ela o controle. Com a voz e a palavra no centro, ele explora o uso dos fonemas para criar ritmo, em uma técnica de “fala percussiva”. O resultado é uma visão bem moderna do uso do pandeiro em músicas que refletem de forma honesta sobre história, política, luto e renascimento. - gambito de rafinha



21. Ouroboros - DJ Guaraná Jesus 


Absolutamente frenético, diverso e, como um paradoxo, apresenta energia dissipada em diversos caminhos da música eletrônica, ao mesmo tempo que soa consistente, objetivo e concentrado. A paisagem fria e digitalizada de Ouroboros não impede a pressão de suas batidas gerarem calor. Cheio de fricção e tensão, o trabalho tem seu trunfo na multiplicidade estética e na sugestão de caminhos sonoros que oscilam entre o labirinto e a tautologia de suas batidas. - Pedro Antunes de Paula



20. RASGA! - LUCAS KID, Rxfx


O EP trabalha brilhantemente com o desconforto de suas ideias. Embora saibamos que o funk faz parte da música eletrônica, também sabemos que ele tem suas próprias noções. Por isso, os MCs aqui apresentados cantam como se estivessem em uma faixa de funk comum, como tantas outras em que fazem parte, sem saber que suas vozes e rimas serão mescladas com breaks, caixas sintéticas afiadas e com uma profundidade ecoante, dispersas em tonalidades tão ásperas e ácidas quanto qualquer coisa de jersey feita no exterior, no contexto global e latino de eletrônica. - Matheus José



19. Garoto Pacífico - DJ RD DA DZ7


É um disco com alusões muito interessantes. Foge das experimentações de gênero mais fora da caixinha e, quando se arrisca, como em “Mlk Chique” e “Kick Acabou”, com elementos da eletrônica formal, deixa claro que RD é capaz de fazer tudo. São algumas das melhores faixas do ano, em parte por suas estruturas viciantes – o saxofone com house de “Mlk Chique” é resenha pura; divertido, mas sem deixar de ser sério. E talvez essa seja a chave de Garoto Pacífico: mesmo com uma produção profissional, o disco abre espaço o tempo todo para que RD DA DZ7 brinque com aquilo que sabe fazer de melhor. - Matheus José



18. HARD SUBMUNDO - Christopher Luz


Após o lançamento bem sucedido de um álbum completo, Christopher Luz seleciona 5 faixas que demonstram sua aproximação com o hard techno em versões de músicas pop famosas e amadas pelo público. Além de construir uma ponte entre dois mundos que nem são tão distantes assim, o DJ consegue fortalecer um movimento que acontece há anos principalmente em mídias alternativas, criando um espaço de experimentação entre funk/pop e hard techno de forma muito bem sucedida. - Lucas Granado



17. Baile à la Baiana - Seu Jorge


Nascido de encontros artísticos genuínos entre as influências cariocas e baianas do artista, esse disco é o seu primeiro de inéditas em mais de uma década e que marcou seu retorno triunfal, honrando as raízes da música negra brasileira. Estipulado como um grande "carro alegórico" pela sua pluralidade, ele possui uma sinergia inconfundível, entregando um dos seus trabalhos mais ricos e, claramente, um dos meus e dos nossos discos brasileiros favoritos do ano. - Viviane Costa



16. Conversa Fiada - Manu Trovão


“Eu queria expressar rebeldia feminina em forma de jazz, e jazz em forma de rap”, comenta Manu Trovão na descrição de Conversa Fiada no Bandcamp. Seu desejo de compor peças que dialogam com essa intenção se justifica plenamente no decorrer do disco, através de faixas como “+18” e seus quase dez minutos de duração, cheia de percussões, sopros e fragmentos de gravações no estilo colagem épica, que traz às vozes femininas uma profundidade que mergulha em seu éter de referências, que vão de Miles Davis a James Baldwin. Porque tudo aqui tem a ver com eles, e com Ana Carolina e seus filmes. - Matheus José



15. Escama - Iguana


De longe um dos álbuns mais interessantes e ousados dessa coleção. É como se Iguana pegasse o funk e o desmembrasse em várias partes, reproduzindo seus elementos de forma isolada e os combinando pouco a pouco como a construção de uma peça artística única. O EP trabalha muito bem com vários tipos de ruídos característicos em cada faixa, como pingos caindo, batidas industriais e sons aborrachados, tudo isso combinado com vocais de funk e uma espécie bizarra de ritmada. É alucinante. - Lucas Granado



14. Mateus Aleluia - Mateus Aleluia


É um daqueles álbuns que a capa impressiona e te deixa com grandes expectativas e que, felizmente, todas são correspondidas e, além disso, superadas. Tudo nele me arrepia, desde a voz de Mateus Aleluia, bem articulada e docemente grave. A sonoridade acústica, embalada por uma viola quase que ancestral da música brasileira, nos deixa imersos em uma atmosfera profunda, como se fosse um naufrágio sentimental. Por vezes entra um coral e alguns sinos que nos fazem sentir na igreja, embora ele esteja distante da espiritualidade em um formato católico. Foi uma das experiências mais bonitas que tive com a música brasileira nos últimos meses, ou talvez, anos. - Lucas Granado



13. Medio Grave - JLZ & GG


JLZ e GG Albuquerque articulam o pensamento intelectual das novas tecnologias do forró. Áudios de perfis de vaquejada e tags dos atualizadores de pendrive fazem o ouvinte comungar dos espaços de escuta do forrozinho, como se a mixtape existisse nos paredões e nos feeds. Os loops, acapellas e desempenho de frequências específicas, pensadas para as pistas, são técnicas incorporadas do funk ao piseiro na criação de algo novo. Com fragmentos sonoros familiares agora recontextualizados, só resta se render ao caos meticuloso que esses intelectuais da baixaria criaram e se jogar no piseiro. - gambito de rafinha



12. tTrazedor de Noticia Ruim - kami lauan


Muito do que me desagrada em abordagens experimentais no hip hop vem do que chamo de risco calculado, onde a assimilação dos experimentos vem de forma bem mais atmosférica do que de uma disrupção realmente ativa. O que kami lauan desenvolve em tTrazedor de Notícia Ruim, além de trazer essa quebra, é um arsenal de ideias diferentes que transformam o seu projeto em uma montanha russa. Os motes são desconstruídos constantemente, kami não se importa com métricas, rimas e nem estar no mesmo ritmo que seus beats. O que sobra é um fluxo agressivo onde ele devora o ambiente e cospe-o direto em nossa cara. - João Pedro Leopoldino



11. Gambiarra Chic, Pt. 2 - Irmãs de Pau


A continuação do primeiro projeto das artistas pode ser definida como uma versão melhor fundamentada. Ao apresentar novos discursos, as Irmãs de Pau desenvolvem uma forma mais apurada de transmitir as ideias de sexualidade e política tão marcadas em seus trabalhos. Com uma produção pautada no funk e em elementos musicais sofisticados, Gambiarra Chic, Pt. 2 é um expoente carismático e audacioso da cena musical emergente. - Victor Hugo Aguila



10. I•E•A•A•N - Anderson Neiff


Anderson Neiff é um fenômeno cultural. Ele domina os melhores elementos musicais do brega funk como poucos, com muitas chicotadas e batidas que vão dos 150 bpm e 170 bpm na velocidade da luz. Seu apelo às massas é impressionante, e conta com um senso pop inigualável. Suas músicas exploram uma espécie de pós-ironia que atrai centenas de jovens e entrelaça temas como identificação, memes, romances fracassados ​​e comportamento, entre outros. I•E•A•A•N é a culminação perfeita e apropriada de tudo isso. - Matheus José



9. A VISITA - Katy da Voz e as abusadas 


Vibrante, disruptivo e irônico, A VISITA chega de maneira estrondosa e sem a necessidade de convite. As faixas que transitam entre o punk, o funk e o experimental, além das transições abruptas, revelam um pensamento artístico livre. Ao transformar o ruído em um discurso fundamentado, Katy da Voz e as abusadas atestam que a ousadia e a autenticidade são primordiais para criar uma identidade coesa e subversiva. - Victor Hugo Aguila



8. O Que as Mulheres Querem - d.silvestre


O novo disco de d.silvestre é o exemplo perfeito para lembrar que funk é, de fato, música eletrônica. Criando uma identidade diferente de seu último trabalho, mas sem perder as características fundamentais que permitem reconhecê-la, o artista se debruça no EDM de maneira genial. Inquieto, O Que as Mulheres Querem demarca uma nova forma de produzir músicas e uma nova vertente na arte do artista rondoniense. - Victor Hugo Aguila



7. Rock Doido - Gaby Amarantos


Rock Doido é um projeto eletrizante que celebra o tecnobrega e a cultura do Norte, misturando tradição e modernidade com uma naturalidade contagiante. É intenso, festivo, e ainda traz influências de outras sonoridades, como referências árabes. O resultado é uma vibe Brasil futurista, animada e que não tem como não divertir quem ouve. - Vit



6. Sentimental Palace - YMA 


Esse disco é uma viagem noturna com um toque psicodélico. Sentimental Palace é puro charme, não só pela voz encantadora de YMA, mas também porque nos leva de volta ao melhor do passado, com influências de rock, jazz, dream pop e bossa nova. É um trabalho que escapa do óbvio da nova MPB e traz um ar chique, sedutor e cheio de personalidade. - Vit



5. M.B.D.T - DJ Arana 


Destacando-se pela sua energia crua e agressiva, voltada para o mandelão e o ritmo de favela, M.B.D.T surgiu para agitar a pista da forma mais ininterrupta possível. As faixas se espalharam com facilidade por comunidades e redes, celebrando o funk luxo e bruxaria. Focado totalmente nos graves, o álbum traz direções inéditas na carreira de Arana, com diversas experimentações dentro do minimalismo que redefine o funk paulista atual. - Viviane Costa



4. Montagem Funk 3000 - DJ RORO


Com técnicas de montagens precisas, DJ RORO evidenciou em seu primeiro trabalho uma experiência muito sólida, atuando dentro de tudo que o funk já proporcionou ao gênero. Ele instaura novos designs e técnicas ao mesclar o funk antigo e o atual, revelando uma linguagem muito particular em seu desenvolvimento. O trabalho é um marco na luta diária por reconhecimento do funk, pois lida diretamente com questões burocráticas como os direitos autorais, que muitas vezes barram a criatividade. Um marco para o gênero neste ano. - Viviane Costa



3. Um Mar Pra Cada Um, - Luedji Luna 


Recentemente ressurgiu o debate online sobre o som da Luedji ser ou não um “R&B brasileiro”. Nesse álbum, a cantora, compositora e produtora baiana navega pelas águas do jazz e do soul e prova que é possível fazer esses gêneros da diáspora negra de forma muito brasileira. Com participação de músicos do jazz, R&B, neo-soul e blues de vários países, esse é o projeto mais maduro da sólida discografia de Luedji Luna. - gambito de rafinha



2. big buraco - Jadsa


big buraco, de Jadsa, é um dos discos que melhor se destacam quando o assunto é fazer uma incursão, quase histórica, pela diversidade de sons e formas da música brasileira, repleto de influencias internas e externas, que vão do reggae ao blues. Isso tudo enquanto Jadsa entrega versos silábicos que fogem da lógica da música comercial, ainda que haja um apelo aqui tão acessível e bem-feito quanto muito do que se espalha no pop mainstream. As referências são muitas, mas funcionam porque ela não tenta se aprofundar em cada uma. Sem buscar revolucionar nada, Jadsa consegue unir diferentes estilos e cria um trabalho com identidade própria. - Vit



1. RELA - Negro Leo


A superfície das telas digitais encontra o desejo erótico e sua pulsão carnal em um disco que funde uma música eletrônica dançante e os sons do Bumba Meu Boi maranhense. Somente a linha fina dessa premissa já faria de RELA um trabalho único na música brasileira. Entretanto, mais do que uma ideia inusitada, o disco ilustra, cheio de irreverência, humor, putaria e crítica, a potência da nossa música. O tambor é clímax do prazer e mutilação, do continuum do tempo que chamamos presente. - Pedro Antunes de Paula

Aquele Tuim

experimente música.

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