Os melhores discos de música eletrônica de 2025

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Uma lista com DJ Guaraná Jesus, Nazar, DJ ALYX, Disiniblud, d.silvestre, Male Alchemy, DJ Narciso, Weed420, Barker e mais!

Em 2025, falamos bastante sobre a “eletrônica formal”, termo que pode ser designado aos estilos de música eletrônica que se perpetuaram no contexto de composição e criação estética ocidental, com vanguardas principalmente nos Estados Unidos e na Europa, protagonizadas por nomes que definiram e redefiniram o gênero para além da simples emulação de ideias. Em 2025, porém, o que se viu foi uma tremenda ramificação dessas vanguardas pelo mundo todo, seguindo a tendência de expansão de gêneros latinos e até mesmo africanos que começou em meados da década de 2010. É como se, nesta década, essa expansão atingisse um novo patamar a cada ano – uma superação constante de tudo o que conhecemos ou ainda estamos longe de conhecer.

A presente lista foi elaborada a partir de uma votação interna, considerando o top 15 individual de todos os nossos redatores, pensando na curadoria de música eletrônica, com discos selecionados de 15/11/2024 a 15/11/2025.



30. OCTOBER COUNTRY - Ghost Mountain



Ghost Mountain é um artista do coletivo Hauted Mound, mais conhecido pelos seus trabalhos com o artista Semetary, do mesmo coletivo. Sua presença nessa lista é especial, pois, apesar de ser seu primeiro trabalho solo, foi um artista muito importante para a popularização do gênero witch house, que é, ainda, muito underground mesmo entre os fãs de música eletrônica. Um álbum que une o hip hop com a música eletrônica maravilhosamente. - Tiago Araujo



29. Fotos varias - Weed420



Muitos projetos foram lançados em 2025 por Weed420, entre esses, destaca-se Fotos varias. Esse é um DJ Mix realizado para a NTS. O destaque é sem dúvida a fluidez, e ao mesmo tempo, a dissolução que vai se realizando ao longo do mix, em que essas músicas se transformam o tempo inteiro. É um exemplo perfeito de como é fazer 1h de música eletrônica contemporânea sem deixar a peteca cair por um segundo sequer. - Tiago Araujo



28. With a Vengeance - SHERELLE



Provavelmente o grande debut da década. A forma como SHERELLE perpassa pela música eletrônica não chega a ser revisionista e muito menos celebratória, o interesse aqui é muito mais na adrenalina, em músicas que vão pela procura desse constante pico e nos pegam nesse fluxo de uma maneira quase que emocional. - João Pedro Leopoldino



27. @ Spring Breakcore (2025-03-21) - Frums



Aos amantes de hardcore eletrônico, músicas de EDM absurdamente barulhentas e aceleradas, e também para os otakus de coração, esse DJ Mix de Frums é dedicado espiritualmente. Do início ao fim é divertido e mesmo os momentos mais lentos de descanso são bonitos demais, ao ponto de te deixar sempre empolgado para escutar o que vem pela frente. Não pode passar despercebido por nenhum fã de música eletrônica. - Tiago Araujo



26. Edits - Chuquimamani-Condori



Aparentando ser um trabalho mais calmo que o habitual, o disco subverte essa impressão ao revelar surpresas na manipulação de colagens e fragmentações; indo de elementos andinos ao country comercial, Chuquimamani-Condori tritura essas referências em mashups que incorpora batidas da dança caporales e desfiguram o pop, gerando uma atmosfera que, longe de ser passiva, usa essa suposta calmaria para sustentar uma tensão experimental onde o familiar é constantemente quebrado e reinventado. - Antonio Rivers



25. Misto Atmosferico E Ad Azione Diretta - madteo



Em Misto Atmosferico, madteo revisita a club music a partir do erro, da memória e do atrito. O álbum alterna dub techno denso, texturas úmidas e batidas que surgem inesperadamente e sempre se perdem no caminho. O álbum é denso, abafado, cheio de camadas que raspam umas nas outras. É eletrônica construída na mistura fina da mixagem e no uso radical da repetição como método. - Leonardo Zago



24. Stochastic Drift - Barker



Não que devesse haver uma necessidade de preparação, ou uma premeditação que considere fazê-lo entender sobre as raízes em que o segundo álbum de Barker, Stochastic Drift, se encontra. Mas, para qualquer desavisado, ou alguém que sinta interesse em mergulhar nesse terreno líquidoso e inflamável por ele cimentado, suas texturas gelatinosas e tons quebradiços resumem, em quase perfeita formalidade, o que se tem atualmente de techno ambiente na música eletrônica. - Matheus José



23. INDULGENCE - Male Alchemy



Etéreo, misterioso e pulsante, INDULGENCE funde a estética do chillwave e barber beats para criar uma aura pop nostálgica, reforçada por referências visuais a animes como Berserk e Cowboy Bebop; Alchemy opta por construir seus mundos não pelo excesso de texturas, mas pelo alongamento hipnótico das faixas, apostando em evoluções lentas e progressivas que esculpem cenários sonoros deslumbrantes, onde a repetição se torna uma ferramenta imersiva de pura contemplação. - Antonio Rivers



22. ILY Travis (Chuqi Chinchay Is God & God Bless America) - Chuquimamani-Condori



Chuquimamani-Condori constrói neste DJ Mix para a NTS mais um capítulo da sua união entre a música popular – que possui um espectro gigantesco, indo da música pop teen ao country estadunidense – e as raízes indígenas. Os momentos mais emocionantes são sem dúvida as misturas entre esses elementos tradicionais indígenas e outras músicas já muito conhecidas. O segmento da música “You’re Still the One” de Shania Twain, por exemplo, é simplesmente apoteótico. Tiago Araujo



21. Kansai Bruises - Valentina Magaletti & YPY



Kansai Bruises nasce do choque entre a pulsação física de Valentina Magaletti e a construção precisa dos sintetizadores de YPY, ecoando a própria região de Kansai, onde tradição e futurismo se apertam nas ruas. As batidas de Magaletti abrem caminho para os glitches de YPY, que por sua vez carregam a bateria para novas curvas. O resultado é um diálogo tenso e vivo, um mapa sonoro onde cada impacto revela outra camada da paisagem. - Leonardo Zago



20. Disiniblud - Disiniblud



Ser uma criança LGBTQIA+ é ser negado em afeto, cultura e ludicidade. Disiniblud, estreia de Rachika Nayar e Nina Keith, evoca uma ludicidade queer que acolhe sem literalidade, unindo experimentalismo, memória e nostalgia. A obra, construída como um pós-guerra vitorioso, oferece descanso e beleza, sobretudo em “Give-upping”, com vocais etéreos e doçura pop. Um disco-Estado guiado por líderes que escolhemos. - Matheus José



19. O Que as Mulheres Querem - d.silvestre



d.silvestre repensa as relações entre funk e a EDM sem nunca sobrepor uma vertente por cima da outra. O resultado é um grande set rítmico que é propulsionado muito mais pelos beats do que pelas texturas abrasivas que caracterizam o seu trabalho anterior. - João Pedro Leopoldino



18. RA.1000 - Frankie Knuckles



Celebrando o RA.1000, o resgate de sets de 1989 e 1996 de Frankie Knuckles nos devolve ao chicago house em sua forma mais cristalina, evitando excessos, a mixagem cativa não pela rigidez, mas pela clareza de sua execução, guiando-nos por uma produção que aposta nos fundamentos do ritmo para criar uma experiência atemporal, em que a ausência de firulas apenas realça a maestria de quem ajudou a definir a própria alma da dance music. - Antonio Rivers



17. A Cooler World - Strategy



É um álbum cuja força está na ligação entre as explorações tecnológicas do presente e as raízes dessas tecnologias no passado. Por isso, o produtor trabalha com um teclado de amostragem retirado diretamente de 1989, e compõe – e decompõe – manualmente suas texturas limpas de techno ambiente, com uma frieza rítmica nunca exagerada ou somente fria, por assim dizer, já que sua incursão em paisagens sonoras glaciais justifica seu apelo moderado, pensativo e devocional. - Matheus José



16. darkskin niggas with lightskin problems - Stickerbush, heavensouls



Esse não é seu típico álbum de música eletrônica, é uma experiência que vai muito além de qualquer gênero musical tradicional. A colagem sonora é o principal elemento eletrônico na música, ainda que, notavelmente existam elementos do flashcore e glitch hop que auxiliam nos aspectos eletrônicos. Mas é, acima de tudo, um álbum de hip hop, construído como um álbum de música eletrônica, extremamente mutável, único e genial. - Tiago Araujo



15. Joseph, What Have You Done? - Rainy Miller



Joseph, What Have You Done? é um diário gótico sobre a vida de Miller no norte da Inglaterra, criado sobre guitarras improvisadas, sintetizadores pesados e ruidosos e um fluxo de auto-tune que vai do angelical ao sombrio de uma faixa a outra. O álbum cruza drill, ambiente e rap, em forma de confissão e autoanálise. Inquieto, íntimo e sempre em movimento. - Leonardo Zago



14. Root Echoes - Dj Babatr



De 2003 a 2007 é o período de tempo em que se localizam as faixas de Root Echoes, novo álbum do venezuelano DJ Babatr. O mais interessante, porém, é como essas músicas parecem não se prender a esse espaço temporal que ficou no passado, muito pelo contrário: seu som avança, atinge modelos futuristas de eletrônica que se desenvolveram na América Latina. E isso tem um nome: raptor house. DJ Babatr criou esse estilo e há muito vem operando nele. - Matheus José



13. Mapambazuko - Ale Hop & Titi Bakorta



É difícil determinar se as tapeçarias sonoras de Mapambazuko são convencionais ou pura vanguarda, pois a fusão entre Ale Hop e Titi Bakorta cria um híbrido onde Peru e Congo colidem sem fronteiras claras; ao submeter cumbia e soukous a um processo de erosão eletrônica, guitarras e sintetizadores se misturam numa massa intensa e distorcida, resultando em uma obra que não busca apenas dialogar com o folclore, mas tensionar suas estruturas até que se tornem algo irreconhecível e hipnótico. - Antonio Rivers



12. Under Tangled Silence - DjRUM



Se Meaning’s Edge, EP lançado no final do ano passado, se destacava pela mudança de humor de DjRUM e parecia pecar apenas por uma certa redundância temática – com suas faixas baseadas em construções semelhantes, colagens e instrumentais que, embora chamassem atenção, acabavam minadas por uma repetição cansativa – Under Tangled Silence, seu último trabalho, é o oposto: cheio de nuances e nada redundante. - Matheus José



11. Errant Ear - Brunhild Ferrari



Em álbuns de musique concrète o mais especial é sempre se deixar levar pela construção de texturas. Burnhild Ferrari faz esse trabalho de forma majestosa em Errant Ear. A criação musical é equivalente à criação de cenários, uma experiência verdadeira sinestésica e que demonstra uma forma de aproximação entre a escuta e a experiência que é muito exclusiva desse estilo musical. Um álbum para escutar em uma caminhada tranquila. - Tiago Araujo



10. Slam Zone - Ceephax Acid Crew



"Bizarro de bom" resume a experiência, pois, ainda que eu tenha propensão a gostar de acid num geral, é difícil encontrar obras que não se limitem a uma única roupagem estética, este álbum quebra essa monotonia ao longo de sua extensa duração, entregando uma sonoridade lúdica e texturizada que soa como uma reinvenção do gênero, mantendo o ouvinte vidrado através de uma energia nostálgica e pulsante que evita a repetição mecânica e transforma o óbvio em algo surpreendente e fresco. - Antonio Rivers



9. Escama - Iguana



Escama, EP de estreia do produtor Iguana, desafia a já constante experimentação dentro do funk. É um trabalho que encontra sua razão de ser na insubordinação a padrões e estruturas, funcionando tanto como parte da vanguarda da música eletrônica experimental quanto do próprio funk. Aqui, a ideia de sons extremos e batidas implacáveis é levada a sério, sobretudo pelo uso de texturas líquidas e rangidas que, embora sigam o compasso tradicional do funk, transcendem os limites normativos do gênero. - Matheus José



8. Marjaa: The Battle of the Hotels (Versions) - Civilistjävel! & Mayssa Jallad



Nada explica melhor o impacto do Basic Channel, ou de qualquer escola de música eletrônica dos anos 1990, do que a prática daquilo que, além de exposto, também foi teorizado por eles: a efetivação de uma linguagem adaptável, que se molda ao contexto narrativo pretendido. A sonoridade que defendiam nunca esteve e jamais estará limitada à experiência individual de quem a ouve. Em Marjaa: The Battle of the Hotels (Versions), essas notas práticas são traduzidas por uma conjuntura essencialmente social e política, na qual antigas ideias do dub são aplicadas ao que é novo e atual. - Matheus José



7. ÆDM - DJ ALYX



Para o Fala, Tuim, DJ ALYX disse que ÆDM surgiu de referências que ele já carregava há muito tempo, buscando criar algo que unisse isso à sua própria perspectiva de EDM. E funcionou. O disco é cheio de baixos que chacoalham telhados e dialogam perfeitamente com o funk, surgindo numa leva interessante de mesclas. ÆDM, ao contrário de quase tudo nesse sentido, não teme soar exagerado ou sintético, e é justamente isso que o torna tão interessante. - Matheus José



6. Xexa - Kissom



XEXA reconstrói de forma minuciosa sua ideia de kizomba, incorporando música ambiente e pop experimental. Após entender novas formas de uso vocal, aprimorando seus conhecimentos sobre gêneros diaspóricos e com ideal abertamente afrofuturista, a musicista criou algo único no Selo Príncipe. Kissom pulsa devagar e hipnótico, guiado por suas letras que questionam o amor e a própria música que produz (Que som?) e por sintetizadores que conseguem trazer uma atmosfera bucólica e suspensa no tempo. - Leonardo Zago



5. Los Thuthanaka - Los Thuthanaka



O que Los Thuthanaka reúne é o que a música tem de mais provocador na atualidade: a união de duas mentalidades criativas que, apesar de suas identidades singulares, convergem para algo único. Mais do que despertar curiosidade, o álbum instiga e desafia – e deixa no ar uma questão inevitável: até onde esses dois nomes podem chegar? A resposta parece estar em sua própria riqueza inerente, perene, numa cultura que não pode ser colhida de forma ríspida ou rotineira. - Matheus José



4. Não Estragou Nada - Vários Intérpretes



Há certas coisas que nós, que consumimos música observando movimentos, escolas e manifestações não-hegemônicas, deveríamos nos atentar mais. O selo Príncipe é uma delas. Em sua mais nova compilação, Não Estragou Nada – composta por 37 faixas, de diferentes artistas, diferentes sons e diferentes perspectivas de criação eletrônica afastada do eixo ocidental –, está concentrado praticamente tudo que o selo produziu nos últimos anos. - Matheus José



3. Ouroboros - DJ Guaraná Jesus



Desafiando a inércia de uma cena que confunde inchaço instrumental com complexidade, Ouroboros implode a tradição dos longos épicos eletrônicos para validar a maestria da síntese, longe da hesitação, DJ Guaraná Jesus condensa referências de breakbeat e IDM em pílulas de alta pressão, cuja brevidade não sinaliza falta de repertório, mas uma arquitetura sonora tão segura de si que dispensa a redundância, transformando a economia de tempo em uma intensidade sensorial avassaladora. - Antonio Rivers



2. Demilitarize - Nazar 



Nazar possui uma relação familiar com a guerra. Se em Guerilla isso se dava pela forma como ele interpretava através do kuduro denso e agressivo a história da sua família, em Demilitarize essa tradução é multifacetada. Nazar nos conta sua história de guerra pessoal. Mantras, autoconhecimento, superação de traumas físicos e psicológicos são apresentados por sua própria voz, com um som que chega como ondas entre o kuduro e o R&B. - Leonardo Zago



1. Capítulo Experimental - DJ Narciso



Narciso é o homem do ano de Portugal. Diversos EPs, singles e sets marcam 2025, que é de certa forma sintetizado por Capítulo Experimental. O álbum de eletrônica do ano é também uma afirmação da batida e do kuduro como gêneros nascidos para a pista de dança. Não que isso signifique uma concessão à construção ocidental ou da falta de experimentação, pelo contrário. Aqui encontramos Narciso em suas melodias mais melancólicas, ritmos peculiares e constante declaração como realizador de “música do gueto”. Se o Selo Príncipe está sempre nos mostrando como abordar de novas formas os ritmos que emergem da diáspora, Narciso parece mais orgulhoso que nunca em continuar atravessando os limites. - Leonardo Zago

Aquele Tuim

experimente música.

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