
Com Arthus Fochi & cajupitanga, Celacanto, Catto, dadá Joãozinho, Giovani Cidreira, Jadsa, kami lauan, Marina Melo, Negro Leo, Teto e mais!
Assim como no cenário internacional, 2025 tem sido, notavelmente, um dos melhores anos recentes para a música no Brasil. Do alternativo ao mainstream, não faltam lançamentos de peso a serem destacados, discutidos e celebrados. São discos de gêneros diversos, com formatos e propostas variadas, que se destacam pelo alto nível de qualidade e representatividade. Por isso, reunimos aqui os melhores destaques da música brasileira nesta primeira metade de 2025.
A presente lista conta com discos lançados entre 15/11/2024 a 11/06/2025, e com a ausência de discos de funk, eletrônica e experimental, gêneros que terão listas próprias. Por fim, ressaltamos que grande parte dos textos são fragmentos de críticas publicadas no site ao longo deste período.
Arthus Fochi e cajupitanga - Próximo

É da estranheza nasce do trabalho de Gabriel Tupy e Candioco, o cajupitanga, que, à distância, transforma gravações livres de Arthus Fochi — hoje residente na Dinamarca —, feitas em outro canto do mundo. A dupla molda o material usado em Próximo por meio de colagens e manipulações digitais, conferindo ao álbum um tom de ruptura que o afasta das raízes mais confortáveis e recorrentes da sobriedade de Fochi. - Matheus José
Celacanto - Não tem nada pra ver aqui

Loopings e distorções bem aplicadas, ritmos ora sincopados, ora difusos, o abrilhantamento de uma sanfona e um piano e linhas de bateria sempre bem marcadas coroam o lançamento, fazendo de todo esse conjunto uma sábia união de elementos que, agrupados, marcam um início sólido e de muita personalidade, também deixando em aberto bons caminhos pelos quais Celacanto pode seguir em seus próximos passos. Por aqui, já espero ansiosa para saber quais serão eles. - Raquel Nascimento
Catto - Caminhos Selvagens

O grande feito de Caminhos Selvagens é a maneira como Catto consegue impor suas narrativas emocionais sem fazê-las com o mero capricho de gerar identificação. Por mais universais que seus temas possam parecer, tudo gira em torno do que a artista organiza e expõe, com o som belamente composto, para chegar até o ouvinte sem maiores prescrições que não o ouvir e sentir - Matheus José
dadá Joãozinho - 1997

Embora liricamente disperso por natureza, 1997 funciona como uma escada que te leva a algum lugar que você talvez não esperasse encontrar. É um disco que se organiza muito bem em seu próprio espaço, que não vem até nós; somos nós que vamos até ele. E esse é um dos seus maiores triunfos, porque não importa o que aconteça, dadá Joãozinho sabe nos recompensar como ninguém. - Matheus José
Dois Barcos - Nada Mal

Nada Mal é simples e ousado ao mesmo tempo. O EP mergulha em experiências pessoais, misturando indie, emo e efeitos sonoros cinematográficos que transformam cada faixa em uma cena de filme. Dois Barcos mostra maturidade sem perder a autenticidade que sempre foi sua marca. - Vit
Giovani Cidreira - Carnaval eu chego lá

Em Carnaval eu chego lá, Giovani Cidreira explora o repertório de Ederaldo Gentil para trazer novas cores. Não apenas em antecipar a animação e as serpentinas da temporada carnavalesca, ou de se desafiar como intérprete de um dos grandes nomes do samba baiano. A conexão de Giovani com o sambista se inicia na adolescência, e ela é o aporte para limiares geracionais se atravessarem e se ressignificarem. - Felipe
Guerrinha - A Fanfiqueira / O Fofoqueiro

“A Fanfiqueira” e “O Fofoqueiro”... Os títulos das duas faixas instrumentais do novo EP de Gabriel Guerra, Guerrinha, deixam claras suas intenções: um material descontraído, livre de formalidades ou pretensões que vão além do groove animado e das estruturas instrumentais marcantes. Mas são, acima de tudo, conscientes de si — não apenas sérias, mas super sérias. - Matheus José
Irmãs de Pau - Gambiarra Chic PT.2

Irmãs de Pau trazem uma evolução caótica, porém polida de seu EP antecessor, Gambiarra Chic Pt. 1. O funk, no qual se destrincha entre a sensação energética junto ao universo travesti, é uma força que atrai nossa atenção ao que é dito, não contém os mais intrigantes versos, mas abre espaço para abordar amor próprio, orgulho e pertencimento. O projeto é uma evolução natural da arte desbravada, inusitada e empoderada de Isma e Vita. - Lu Melo
Jadsa - Big Buraco

Cobertas por poeira, as músicas de Big Buraco são ensolaradas e difusas, irradiadas por incertezas e certezas descritas, tematicamente, por conjuntos líricos que brincam com noções que circundam as quase crônicas de Jadsa. Aqui, ela encara passado e presente de tradições e rompimentos da música pop brasileira, da mistura idiomática e sonora ao jeito especifico de cantar, expor sua voz. O faz a partir de referencias que compõem a sua linguagem, que explode e se acalma na mesma intensidade. É tudo muito muito especifico e choca por ser real... - Matheus José
kami lauan - tTrazedor de Noticia Ruim

Tente encontrar um álbum lançado este ano mais deliciosamente caótico que este. Você vai falhar e kami lauan vai te confrontar por isso. Seus temas não hesitam em enfrentar meio mundo, com a mesma coragem com que seu som desestabiliza qualquer expectativa. Em um instante, estamos ancorados no conforto do boom bap; no seguinte, fritando nos metais incandescentes de NCCO, para logo depois mergulharmos num samba-bossa descompromissado, repleto de dedilhados de piano. É irreal, pra dizer o mínimo. - Matheus José
Luedji Luna - Um Mar Pra Cada Um,

Um Mar Pra Cada Um, soa, nitidamente, como um testamento de identidade. Nas letras que reverberam afeto e pertencimento, nos arranjos que evocam delicadeza e pureza criativa. É um disco que, mesmo robusto, desperta desejo de escuta e entrega valor como presente. Sua força se concretiza facilmente, sobretudo quando comparado aos trabalhos anteriores. - Matheus José
Mateus Aleluia - Mateus Aleluia

Após um silêncio de cinco anos, Mateus Aleluia reaparece não como um artista que retorna, mas como um guia que nos conduz por um território ancestral, meticulosamente construído em seis faixas. Cada canção funciona como um segmento narrativo autônomo, uma cerimônia particular, unida por transições orquestrais que sustentam e aprofundam a tensão emocional do trabalho. Não há sobressaltos ou rupturas, apenas um propósito claro de criar um espaço sonoro contínuo, onde o ouvinte é convidado a abandonar o tempo cronológico e a ingressar no tempo do rito. - Antonio Rivers
Marcela Lucatelli - COISA MÁ

COISA MÁ é ousado e inspirador. É como se Lucatelli fosse uma grande joia na arte brasileira. A artista não tem medo de experimentar e botar a mão na massa no mundo musical. É, sem dúvidas, um dos trabalhos mais brilhantes do ano até agora. - Vit
Marina Melo - Ousar Abrir

Há uma familiaridade intrigante em Ousar Abrir, um mergulho de Marina Melo em territórios que soam ora reconhecíveis, já percorridos, ora distantes e quase intangíveis. Ela justifica esse movimento com uma lírica que orbita o cotidiano, a beleza e a feiura – o choque – de tudo aquilo que, de algum modo, se alinha com o agora. É um disco que, ao mesmo tempo em que se afasta do caminho fácil, se aproxima daquilo que o torna desafiador. E não há nada mais interessante de ouvir esse tipo de música, que duela com suas próprias objeções e nos coloca como telespectador vivo. - Matheus José
Marina Sena - Coisas Naturais

Mesmo com toda a fama, Marina Sena segue firme em sua busca por novos sons, explorando caminhos musicais para reforçar seus dons artísticos. Em Coisas Naturais, a artista não explora apenas sons da MPB, como também mistura elementos da música latina, funk, rock e reggae. O resultado é um combo eclético e emocional, marcado por sua personalidade autêntica e uma voz única e inconfundível. Em seu terceiro disco, Marina só comprova que é uma das mais originais do novo pop nacional e um dos grandes destaques do mainstream atual. - Vit
Mu540 & Kyan - DOIS Quebrada Inteligente

Se existiam dúvidas que Kyan e Mu540 poderiam manter o nível ao suceder o emblemático UM Quebrada Inteligente, estas foram sanadas. Ambiciosos e com ampla visão, a sequência DOIS Quebrada Inteligente chegou transcendendo fronteiras geográficas e estilísticas – e bom, mais uma vez, estamos diante de Bebeto e Romário da música periférica trabalhando em um projeto colaborativo. - Eduardo Ferreira
Negro Leo - RELA

Negro Leo tem uma das discografias mais relevantes da música brasileira contemporânea, e seu álbum mais recente, RELA, é prova disso. Este álbum é o amálgama perfeito de suas ideias tanto em termos de composição quanto de atmosfera. Isso porque, apesar de evitar excessos, ele ainda sabe organizar o som em sua cabeça e todo o conjunto que emerge dela. Ele é claramente um artista que pensa, produz, compõe e faz as coisas diferente na diferença. - Matheus José
Seu Jorge - Baile à La Baiana

Após uma década longe dos álbuns de estúdio, Seu Jorge reaparece em grande estilo com Baile à la Baiana. Ao lado do Conjunto Pesadão, ele apresenta 11 faixas que atravessam com intensidade as pontes musicais entre Rio e Bahia, misturando diversos gêneros com autenticidade e energia. O disco é um mergulho na herança afro-brasileira, com releituras e inéditas cheias de suingue, convidando à dança e ao reencontro com os ritmos que movimentam a música preta no país. - Viviane Costa
Teto - MAIOR QUE O TEMPO

Séria chocante dizer para você que um dos maiores nomes do trap nacional explora, em seu novo álbum, ritmos que vão do afrobeats ao gospel/soul? MAIOR QUE O TEMPO, de Teto, é um mergulho em parte das raízes negras que compõem o pop na atualidade. De um jeito muito próprio, cheio de ritmo e versos que o coloca numa posição inédita – e profundamente surpreendente. - Matheus José
Vera Fischer Era Clubber - VERAS I

Vera Fischer Era Clubber é o resgate da cena cool underground brasileira. VERAS I mergulha em canções de palavras faladas, seguindo o mesmo estilo do incrível duo NoPorn. A vibe aqui é completamente noturna, com batidas eletrônicas perfeitas para festinhas descoladas, habitat natural dos esquisitos. Tudo aqui é dançante e divertido, sempre com letras debochadas e engraçadinhas. - Vit