Crítica | Nada Mal


★★★★☆
4/5

O trio Dois Barcos está de volta com o EP Nada Mal, um projeto mais maduro que mergulha em experiências pessoais de cada integrante, misturando referências do indie e do emo. O diferencial aqui está nos elementos cinematográficos inseridos nos efeitos sonoros, presentes desde o início, como em “Em Cartaz”, faixa de abertura que remete ao som de uma gravação sendo iniciada, e nas risadas que surgem em “Teatro da Madrugada”.

Os próprios membros da banda descrevem o trabalho como um filme dividido em episódios da vida deles, o que torna a experiência ainda mais interessante e envolvente. Liricamente, Nada Mal capta sentimentos do cotidiano, criando uma fácil conexão com o ouvinte, trazendo uma certa coesão com esses efeitos sonoros, que estão presentes ali no dia a dia.

“Dublê de Melhor Amigo” é um dos grandes destaques aqui, com a excelente combinação das vozes de Elisa Monasterio e Rafaella Petrosino e um ritmo que acelera na metade da faixa, trazendo um final vibrante e emocional. Essa música me fez lembrar de bandas de rock alternativo que marcaram minha adolescência, como Sigur Rós e Radiohead.

Encerrando o EP, “Por Todas as Vezes Que Eu Morri”, parceria com El Toro Fuerte, funciona como uma última cena de um filme. É uma faixa mais contida, que traz mudanças no clima sonoro e serve também como um aviso de spoiler dos próximos capítulos da banda paulistana. Nada Mal é simples e ousado ao mesmo tempo. A experimentação mantém o frescor de Dois Barcos, trazendo sempre autenticidade na banda, sem perder sua essência.

Selo: downstage
Formato: EP
Gênero: Música Brasileira / Rock
Vit

Sou a Vit, apaixonada pelo universo musical desde que me entendo por gente, especialmente por vocais femininos. Editora sênior e repórter no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de Música Latina/Hispanófona e Pop.

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