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Uma lista com d.silvestre, DJ Rosa Boladão, DJ MARIACHI, guijay, HALC DJ, DJ Alexia, DJ RD DA DZ7, DJ XABLAU, DJ RORO e mais!
Se você olhar de perto, verá que cada um dos discos presentes aqui representa uma espécie de movimento, estilo ou exploração musical acerca do funk. É como se, de alguma forma, este ano tivesse sido pensado para que DJs e MCs explorassem diferentes estilos, criassem híbridos e propusessem visões – algumas bem novas e outras já estabelecidas – de tudo o que o gênero desenvolveu e vem desenvolvendo ao longo da década de 2020. Se, no ano passado, o experimentalismo se tornou o meio principal de explorações cacofônicas e extremas, mas que deixou poucos nomes marcados, este ano as experimentações seguiram por caminhos mais conformados, mais ligados a tipos de música eletrônica que já conhecemos, porém de um jeito 100% atrelado ao funk como produto de vanguarda da música brasileira. E, o melhor de tudo, é que dezenas de nomes se destacaram nisso.
A presente lista foi elaborada a partir de uma votação interna, considerando o top 15 individual de todos os nossos redatores, pensando na curadoria de funk, com discos selecionados de 15/11/2024 a 15/11/2025.
30. Fuga da Roça - MC Freitas ZS

Sair do seu espaço e dar de cara com o mundo. A história traçada por MC FREITAS ZS arquiteta um ambiente abrasivo e poderoso em seu minimalismo. Ele nos faz refém de uma paleta sonora que enfatiza o grave e abusa das texturas constantes, em que o bom humor marcante funciona como um contraste de escape da intensidade presente neste projeto. - João Pedro Leopoldino
29. Escama - Iguana

Ignorando convenções do funk e da eletrônica, Iguana tenciona esses gêneros ao limite com experimentações cujas texturas líquidas colidem com sons metálicos, densos e espaçados, tornando a audição do EP uma experiência hipnótica; mesmo quando acena a estilos como o deconstructed club, ele subverte a formalidade ao impor sua assinatura ríspida, lembrando-nos constantemente de que, neste universo sonoro, as regras tradicionais não se aplicam. - Antonio Rivers
28. VBT - O Funk Além do Sexo - DJ Jeeh FDC

É difícil convencer o ouvinte a acreditar nas nuances de melodia e temas que o novo álbum do DJ Jeeh FDC explora. É diferente de tudo que você esperaria dele; na verdade, é diferente de tudo que o funk pode soar para um estranho. À sua maneira, é um álbum extremamente romântico, suave, meloso e, acima de tudo, sofisticado. - Matheus José
27. Mandela The Fato - DJAY VMC

É um álbum singular no segmento do funk e fico feliz por ter ouvido e ele ter aparecido aqui. Uma das coisas que mais me chamaram atenção é o fato de ser um trabalho com os agudos e graves bem definidos, enquanto os médios são mais apagados causando um efeito metalizado que serve como elemento coesivo para a construção sonora de quase todo o trabalho. Além disso, é interessante a mescla entre trap e R&B com o funk, criando um ritmo (e agora falando em velocidade) bem diferente do que costumamos conhecer por “mandelão”. - Lucas Granado
26. Subversão Autenticada - DJ Kley

Das demonstrações mais fortes de funk mandelão deste ano, um projeto que é carregado por abordagens tanto acessíveis do gênero quanto por explorações sonoras bem interessantes. Boa parte das músicas já nasceram prontas para o paredão, com graves potentes arranjados com melodias pop; outras exploram texturas sonoras que são carregadas por beats cacofônicos, o que propõe uma variação significativa para a sua curta duração. - João Pedro Leopoldino
25. TODO MUNDO ODEIA - Christopher Luz

Com uma proposta descontraída e que passeia por diversos elementos da cultura pop, o segundo compilado de inéditas de Christopher Luz traz em suas oito faixas momentos de imersão no universo do DJ, que vem crescendo cada vez mais nas paradas do Brasil. No final das contas é difícil de acreditar que TODO MUNDO ODEIA o Christopher Luz. - Lucas Granado
24. Zona Proibida - DJ TURIN

Embora o EP de Turin pareça seguir à risca a cartilha do funk bruxaria, ele opera numa fragmentação interna que transforma referências numa tapeçaria coesa, encaixando recortes do passinho do romano com precisão, aproveitando essa base para inserir elementos de cacofonia que, longe de soarem deslocados, expandem a sonoridade convencional e revelam uma construção fragmentada dentro da própria formalidade do gênero. - Antonio Rivers
23. Botano Remixes - DJ Caio Prince

Embora surpreenda vê-lo entre os melhores, reduzir este álbum a um mero amontoado de remixes seria ignorar sua ousadia. A grandiosidade do projeto reside justamente no que parece absurdo, pois ao entregar seu hit consagrado nas mãos de convidados com total liberdade criativa, permite-se que eles subvertam a base original com experimentações próprias, transforma essa generosa desconstrução coletiva em um destaque indispensável do ano. - Antonio Rivers
22. Relíkias da Kond - DJ Dayeh

Os fãs de álbuns de remix têm um prato cheio com Relíkias da Kond. Ao relembrar clássicos da produtora KondZilla, e uni-los com elementos do funk mandelão e bruxaria, DJ Dayeh cria um trabalho muito bom para relembrar e se divertir com essas canções que, quem viveu a época, com certeza tem boas memórias. Sobretudo, é um disco que revisita o passado do gênero a partir de uma visão moderna, como acapellas agora cantadas, inclusive, por uma mulher: MC BIBI DRAK, que dá as respostas no ponto. - Tiago Araujo
21. Humildes Vol. 3 [Lado A] - Humildes do Soundcloud

A união entre EDM e funk deu resultados muito interessantes ao longo de 2025, um deles é Humildes Vol. 3 [Lado A]. Ao longo da compilação vemos uma sintonia muito forte entre os DJs e produtores dessas músicas, de forma que une muito bem o modo técnico de produção do funk com a parte da dance music, a essência do funk permanece, é um álbum que funciona muito para os bailes. Mas aqueles atraídos por aspectos mais limpos e bem trabalhados vão encontrar também um disco ótimo. - Tiago Araujo
20. SEXO SOMBRIO - DJ RaMeMes (O DESTRUIDOR DO FUNK), DJ Silas do Juramento

O funk como playground de terror, as batidas explosivas e abrasivas criam uma atmosfera sombria que vai de acordo com todo o conceito halloween do projeto. O que mais me fascina aqui é como arranjos e progressões rítmicas da EDM, influência já evidenciada por RaMeMes seja nas suas redes ou pela sua própria música entram em conluio com o funk sem nunca perder suas características de cada gênero. - João Pedro Leopoldino
19. Bruxaria Não É Phonk - HALC DJ

Vale sempre lembrar que “phonk” não é um gênero brasileiro e nem uma vertente do funk, mas sim uma higienização que remove a carga sociopolítica do gênero visando o lucro corporativo na exploração global de ritmos regionais, e reagindo a essa apropriação, HALC DJ firma um manifesto combativo e, ao convocar o movimento bruxaria sob o lema “Phonk é o caralho”, utiliza propositalmente a cartilha estética tradicional para retomar a narrativa e reafirmar a verdadeira essência do funk. - Antonio Rivers
18. ROLÊ - Adame DJ

De todos os projetos que fizeram uma simbiose do funk com a EDM esse ano, esse é o que mais envolve esses gêneros num design de embate. É como se cada elemento harmonizasse por meio do combate de texturas, ritmos e abordagens que caracterizam cada um dos gêneros, e nos seus melhores momentos, essa interação impulsiona uma constante quebra rítmica dos compassos funk para o techno/house de forma bem criativa. - João Pedro Leopoldino
17. Gambiarra Chic, Pt. 2 - Irmãs de Pau

É uma opinião discutível, mas pra mim Gambiarra Chic, Pt. 2 é o grande álbum-evento do funk brasileiro em 2025. Um dream team de grandes produtores e de participações que colocam o funk mandelão em evidência dentro da música pop brasileira sem jamais domesticá-lo. Uma síntese de grandes referências sendo conduzidas com uma energia invejável pelas Irmãs de Pau e pelo time de feats deste projeto. - João Pedro Leopoldino
16. Bradock, Vol.1 - DJ JEJEDAZS

Como bom álbum de funk mandelão, é um trabalho que sabe muito bem lidar com o caos. Desde sua primeira faixa encontramos uma miscelânea de beats estourados, graves pesados, vocais em repetição acelerada e para finalizar um bom tuim. A experiência é bem consistente e de certa forma frenética, com melodias aceleradas e repetitivas no melhor sentido possível. Um álbum que consegue sintetizar o melhor da bruxaria/mandelão/automotivo em um sentido maximalista com um espaço bem preenchido pelo seu som. - Lucas Granado
15. 4×4 - Mu540

É muito interessante observar a bifurcação entre a carreira do Mu540 como produtor/DJ e rapper. Dentro dessa dualidade, ao meu ver, o destaque está em seus trabalhos como quem cria as batidas e melodias, combinando vocais diversos em uma mescla de funk com vertentes mais pop da música eletrônica (e até acústica, como neste caso). 4x4 é um álbum que se permite criar momentos contemplativos para o funk e house, com momentos construídos de forma muito criativa e cativante pelo artista, como uma espécie de DJ set. Podemos degustar cada camada desse álbum que tem uma visão singular do funk, o tratando mais como um elemento coesivo do que a totalidade do trabalho, mas sem reduzi-lo. Além de muito interessante, é confortável e harmonioso, mas sem abandonar suas experimentações. Ótimo para iniciar uma noite. - Lucas Granado
14. Medio Grave - JLZ & GG

Muito mais um álbum de piseiro com elementos de funk do que qualquer outra coisa. Mas ainda sim, merece essa menção, em especial por ser definitivamente um dos melhores álbuns brasileiros do ano sem dúvida alguma. Se a essência do funk brasileiro está nos bailes, a essência do piseiro e do pagodão está nos paredões, esses que são transportados para a casa de cada um dos ouvintes de forma genial na mixagem média-grave desse álbum. Beira o emocionante. - Tiago Araujo
13. MANDELA CLUBBER - DJ MARIACHI

Como o próprio título informa, é um álbum pros clubbers. Toda sua duração possui influência direta do house, breakbeat, miami bass, entre outros, isso para além dos elementos de beat bruxaria, que por si só já remetem imensamente a esses elementos de música eletrônica. O resultado é um dos álbuns mais divertidos do ano. "HARDMANDELA" é um exemplo de música que entra em replay infinito assim que você escuta pela primeira vez. - Tiago Araujo
12. BRUXARIA 2K15 - guijay

BRUXARIA 2K15 é mais um lançamento que traz de volta músicas da década passada do funk para unir aos elementos do beat bruxaria atuais. A habilidade e naturalidade que guijay realiza isso, entretanto, é completamente inacreditável. Os elementos se misturam de forma tão limpa que parece estranho que eles já não estavam ali desde o começo. Os remixes viram na verdade criações únicas, em que vários segmentos utilizam mais elementos novos do que a música original. - Tiago Araujo
11. FETICHE - Makhno

É revigorante ver a obra mergulhar no universo dos fetiches e tabus sem nenhum pudor, o que torna a experiência visceral e divertida; essa desinibição temática é traduzida sonoramente através de texturas sujas, arranhões industriais e camadas quebradiças, construindo um caos disfuncional onde o ruído e o desejo explícito se fundem para desnortear o ouvinte, provando que a confusão sonora é o cenário ideal para desafiar a normatividade do gênero. - Antonio Rivers
10. VST Respeita Vagabundo! - djalekoriginal

Parece uma produção de bolso, como as que o DJ Arana fazia no começo de carreira. É, porém, mais denso e com mais elementos que perfuram a placa tectônica que separa os estilos por bailes em São Paulo. É som puro das festas mais afastadas, as que ocorrem nas extremidades da região e que precisam mudar de lugar constantemente para não serem localizadas e proibidas. É o resumo perfeito do que o funk ainda enfrenta, e que o faz com uma precisão de estética e linguagem definidoras. - Matheus José
9. O Que as Mulheres Querem - d.silvestre

O Que as Mulheres Querem é um projeto funk em sua essência, mas a execução funciona como um grande estudo dos picos hipnotizantes e energizantes da música eletrônica num geral.. Dos synths mais abrasivos até os beats mais drum ‘n’ bass, dessa junção nasce uma tensão entre os limites de cada vertente que propulsiona o projeto, caracterizando mais um álbum memorável de Douglas Silvestre - João Pedro Leopoldino.
8. Garoto Pacífico - DJ RD DA DZ7

Garoto Pacífico subverte a produção em massa ao tratar a composição do funk com rigorosa seriedade. RD da DZ7 transcende o mandelão através de uma curadoria que une o complexo ao acessível, e essa maestria explode ao fundir a estética magrão e cantos árabes em experimentações sonoras ou ao desconstruir a lógica dos drops com DJ Jeeh FDC, resultando em uma obra que, mesmo tecnicamente densa e profissional, preserva a irreverência e a diversão essenciais do baile. - Antonio Rivers
7. M.B.D.T - DJ Arana

O disco reúne tudo de mais interessante que gira em torno do automotivo hoje, com graves pensados pra ecoar em sistemas de som de alta potência, kicks estourados e bases minimalistas, e o faz a partir da perspectiva de ritmo de DJ Arana, que desconstrói peça por peça de tudo o que já se conhecia antes. O mais interessante, é que há um diálogo constante com diversas frentes do funk paulista. É o disco “perfeito” do que esse espaço pode sugerir de proposta estética. - Matheus José
6. Apoteótica - DJ Alexia

DJ Alexia constrói Apoteótica na união das melhores influências do beat bruxaria com a forma autoral de produção dela. É natural que o ouvinte remeta as músicas desse álbum aos trabalhos antigos de d. silvestre. Isso se dá devido à influência do deconstructed club. “Só Lamento” é um exemplo de uma música que é muito mais do que se associa normalmente ao beat bruxaria, mesmo feito a partir de elementos desse estilo de funk. Apoteótica é um dos álbuns mais originais e interessantes do ano. - Tiago Araujo
5. Cyberbaile - DJ Rosa Boladão

Em sua abordagem funk-house-pop, DJ Rosa Boladão cria um dos discos que melhor resume a flexão de estilos da eletrônica formal com o funk em 2025. É incrivelmente divertido, enxuto, e com composições – instrumentais, de ritmo – que se aproximam de uma facilidade de aderência utópica que a reunião desses estilos deveria pressupor. Momentos como “Futuro Sombrio” e o uso de caixas que explodem em centenas de picos dão profundidade ao fato de este ser um álbum de ponta nos espaços em que busca se inserir. - Matheus José
4. PERSUASIVO - DJ XABLAU

É um pouco perturbante tentar, de alguma forma, descobrir como DJ XABLAU produziu – e aqui estou falando dos beats, samples e tudo mais – PERSUASIVO. O disco é quase uma resposta a quem diz que o bruxaria saiu de moda. A preocupação de XABLAU é mostrar sua percepção de tudo o que o estilo ainda pode proporcionar, e ele o faz com uma dedicação dilacerante. É sujo, é confuso, é atordoante. É o extremo do funk em vinte e um minutos distantes de qualquer estrutura, linearidade ou descanso auditivo. É um disco feito para assustar os ouvintes de phonk e mostrar que o buraco – o verdadeiro submundo – é mais embaixo. - Matheus José
3. RASGA! - LUCAS KID, Rxfx

Mais do que se inserir numa tendência e revelar aspectos aos quais poucos nomes estavam dando atenção – o design de som e a relação do cruzamento do funk com noções mais avançadas de música eletrônica experimental –, RASGA!, de LUCAS KID e Rxfx, transforma seus quase infinitos elementos em bases a serem exploradas como resultado inteligível de um cruzamento de ideias que vê na inovação uma oportunidade de romper, de transmutar – às vezes desconfigurar – e, sobretudo, de reimaginar signos do funk e da eletrônica como partes de um mesmo espaço. - Matheus José
2. Terra do Kn, Vol. 2 - DJ KN DE VILA VELHA

Para além das fronteiras estaduais em que o funk se molda em todo o Brasil, há diálogos que vêm estreitando os laços de um lugar para outro. Apesar de ser um disco focado no beat fino, característico do funk do Espírito Santo, Terra do Kn, Vol. 2 flerta o tempo todo com o funk de BH, numa mistura de ritmos tão viciante quanto bem-realizada. Chama atenção a forma como as músicas se impõem com certa leveza, com versos que organizam em si o melhor do hedonismo e do estilo de vida dos que fazem essa roda girar. - Matheus José
1. Montagem Funk 3000 - DJ RORO

No grande destaque de funk do ano, DJ RORO traz sua contribuição de forma abrangente, considerando diversos movimentos dentro do gênero e os colocando em diálogo em uma versão enxuta, porém única e imbuída de aspectos estéticos que, aqui, são elevados à sua forma mais explosiva. Encontramos hits dos anos 2000 e mais recentes, todos reinventados de maneira agressiva, sonoramente falando, como se tivessem sido arrancados do passado e lançados para o futuro. Distorções, tuim e graves levados à potência máxima criam um espaço repleto de violência sonora, mas ao mesmo tempo melodicamente viciante, demarcando um território onde caos e precisão coexistem. É uma demonstração de escolhas, composição e repertório que faz com que o jovem DJ pareça ter anos de experiência. DJ RORO é uma das maiores revelações do funk, e seu álbum de estreia faz jus não só ao seu talento como produtor, mas ao próprio funk como o gênero musical mais importante da cena eletrônica brasileira, apresentado aqui com uma das visões mais efetivas e categóricas dos últimos anos. - Lucas Granado
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