
3/5
A trajetória do DJAY VMC tem seu pontapé na faixa “Toma Toma Pau”, lançada em 2023, que fez um sucesso bem grande pelas plataformas de vídeos rápidos. Desde esse momento, ele vem trabalhando suas sonoridades por meio de singles, sempre flertando com esse lado mais EDM do funk, ora com um toque mais nostálgico dos anos 2000, ora explorando subgêneros como a ritmada. Em seu álbum, ele engloba essas sonoridades de maneira peculiar.
Mandela The Fato é uma mistura de várias vertentes do funk com toques bem marcantes do DJAY, seja pelo fato de as faixas trazerem introduções bem semelhantes ao que acontece nos bailes funk — sempre com uma narrativa que vai casar com a música a ser tocada posteriormente —, seja pelo olhar para o seu repertório com um carinho quase palpável. Como dito anteriormente, ele sempre esteve nesse campo de experimentações do funk, explorando a ritmada e toques do beat bruxaria, e em faixas como “Medley Tim Maia”, essas sonoridades têm forte presença, e demonstram que ele soube olhar para o seu catálogo e não repetir as mesmas conjunturas que ele trabalhou, claro que há ali uma repetição de base, mas o resto ele trazem novidades a todo instante.
A ritmada, em específico, é um som que o acompanha por todo o álbum. Ele frequentemente utiliza a mesma estrutura, porém sempre a apresentando com uma roupagem nova: a utilizando como introdução para uma faixa, como base para o refrão, como finalização ou tudo junto. O mais curioso é que isso não chega nem perto de soar entediante.
O mandelão aparece bem presente aqui, mas o DJAY opta por trabalhá-lo de maneira bem delimitada, o que ele também faz com a ritmada. Ou seja, existe a presença das duas sonoridades, mas em nenhum momento elas se misturam, e isso é proposital. Nesse sentido, o trabalho me traz uma semelhança ao M.B.D.T do DJ Arana, onde há essa mesma escolha de desenvolver os sons de maneira independente. Isso poderia causar um efeito negativo, trazendo uma sensação de bagunça ou de algo mal feito, mas nos dois trabalhos, tanto no de Arana quanto no de DJAY, eles se sobressaem e entregam álbuns fascinantes.
Existem algumas exceções em Mandela The Fato. Algumas faixas não ficam no mesmo nível que o restante do álbum, seja pela falta de carisma ou pelo fato de trabalharem algumas sonoridades de maneira muito usual. “Nem a Costureira” sofre desses pontos. Pessoalmente falando, Mandela The Fato me trouxe uma perspectiva de um bom trabalho usando ritmada. Confesso que ritmada não era meu forte, mas depois de ouvir o álbum por dois meses, talvez eu deva revisitar esse campo novamente.
Selo: Mansão Mandela
Formato: LP
Gênero: Funk / Mandelão, Ritmada