Crítica | The Last Dance


★★★★★
5/5

O novo álbum de bLAck pARty, The Last Dance, chega cheio de personalidade, com 10 faixas que exploram uma rica mistura de estilos, indo do R&B ao funk, do eletrônico ao pop, mas mantendo o ouvinte sempre em movimento. A influência de nomes como Prince e Childish Gambino aparece de forma clara, embora o artista consiga entregar um som renovado, autêntico e contemporâneo, sem se prender a referências muito diretas.

O conceito do disco funciona como um diário musical baseado nas 24 horas da vida de um DJ, capturando desde a energia das festas até momentos de introspecção. Cada faixa tem sua originalidade e intenção musical, e isso transforma o álbum em uma jornada emocional que vai do amor-próprio ao amor romântico e parental, oferecendo um espectro completo de sentimentos, da tristeza à pura alegria, como o próprio bLAck pARty comentou em entrevistas.

O álbum abre com a introspectiva de “Distant Lover”, um single pré-lançado voltado ao R&B com nuances de indie, perfeita para em momentos mais tranquilos. Em contraste, “Hola Mami “já mergulha no afrobeat com elementos de dancehall e é extremamente dançante. Inspirada em “Ngiculela (Es Una Historia)”, de Stevie Wonder, a faixa mistura inglês e espanhol, homenageando a influência afro-latina na música pop.

A energia noturna continua em “Tonight”, que parece transportada para os bailes funk do Rio de Janeiro, mas com uma pegada de house, originária de Chicago, lembrando até algumas produções de T-Pain. “Can't Feel My Face” mantém o clima animado, explorando o pop eletrônico com a fluidez do house, enquanto “Lights” mergulha no afropop, com batidas marcantes e vocais aveludados que recordam até fragmentos de “Swalla”, do Jason Derulo.

O álbum também traz momentos mais íntimos e afetivos. “Sober” é a faixa mais introspectiva e a favorita do artista, composta com a ajuda de seus pais, o que adiciona uma dimensão emocional inesperada e profunda. O processo criativo do álbum, iniciado após um término de relacionamento, poderia ter atrapalhado a produção, mas, na prática, resultou em um disco muito dinâmico e diga-se de passagem excelente.

bLAck pARty reforça que The Last Dance é dedicado tanto à pista de dança quanto ao fone de ouvido, um “álbum anfíbio” que funciona em qualquer contexto. O título, além de remeter à última música da festa, carrega camadas de significado sobre fim de relações, noites e fases criativas. A última faixa, “Cowboy”, fecha o disco com leveza e romantismo, deixando a sensação de fim de festa — aquela última dança que permanece na memória.

No conjunto, The Last Dance se estabelece como um trabalho sólido na carreira de bLAck pARty, equilibrando dança e introspecção, homenagens musicais e identidade própria. É um álbum que traduz a vida noturna em som e emoção, entregando uma experiência completa, intensa e deliciosamente viciante.

Selo: Guin Records LLC
Formato: LP
Gênero: R&B / House, Afropop

Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

Postagem Anterior Próxima Postagem