Os piores discos de 2025

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Uma lista com Taylor Swift, Ethel Cain, ANAVITÓRIA, Tate McRae, Djonga, Ed Sheeran e mais!

Foram centenas de discos avaliados na casa das 2 e 1 estrelas no Aquele Tuim ao longo de 2025. Há, certamente, discos “piores” que esses listados aqui. Na votação interna, porém, esses foram os que pela sua popularidade foram mais votados. E o resultado é bastante justo, essencialmente por representar o pior de todos os mundos: pop, música brasileira, rap, música alternativa e por aí vai.



HEROINA - Sevdaliza



Sevdaliza se perde constantemente em sua nova visão dos estilos que toma como influência, falhando em construir uma faceta própria para si, e se tornando uma réplica extremamente genérica de uma gama de gêneros regionais que vão não só para o reggaeton, mas também para o funk e para o afrobeats. HEROINA soa como uma capitalização sem alma dessas culturas. Como disse, existem momentos divertidos, mas não há nenhuma evidência de identidade para a neerlandesa. É um registro que qualquer artista de pop latino mediana, se buscasse uma incursão no neoperreo, poderia fazer. - Davi Bittencourt



Quanto Mais Eu Como, Mais Fome Eu Sinto! - Djonga



Os álbuns de Djonga não são reeeeealmente todos iguais. Mas parecem todos iguais. Isso se acentua quando ele utiliza seu flow característico, que separa a métrica dos versos num ritmo de tercinas que é composto pelas sílabas, não pelas palavras inteiras — meio escansão de aula de literatura no ensino médio. Quanto Mais Eu Como, Mas Fome Eu Sinto! sofre desse efeito mais intensamente do que seus antecessores, em grande parte pelo cansaço causado pela exposição frequente. “LIVRE” seria irado em um trabalho de 2019, mas aqui soa estafado, como um bater-na-mesma-tecla sem fim. - Pedro Piazza



Willoughby Tucker, I'll Always Love You - Ethel Cain



Willoughby Tucker, I'll Always Love You é um álbum que beira o insuportável. Se você extrair seus elementos mais notáveis, neste caso, as ambiências e os arrepios sonoros do folk e a própria construção slowcore, provavelmente acabará encontrando algo minimamente interessante, como foi o Perverts, lançado no início deste ano. Nele, felizmente, faltava esse pano de fundo, essa estrutura que mescla narrativas e alter egos que encontramos aqui e que conferem ao álbum uma profundidade, uma densidade que claramente não lhe convém, pois a variação que Ethel Cain busca entre seus temas é irrisória. - Matheus José



claraboia - ANAVITÓRIA



claraboia não apresenta absolutamente nada de diferente em relação aos últimos trabalhos lançados pelo duo desde que, sei lá… surgiram. A forma como cantam juntas, sempre em vocais compartilhados, acaba soando exaustiva conforme vão mantendo o mesmo tom do início ao fim. Dá uma sensação estranha, como se quisessem dar um sopro maior de voz, mas nunca chegassem lá. Os temas, por sua vez, são sempre os mesmos. É uma repetição sem fim. Deve ser ótimo ser fã delas e ter a certeza de que cada novo álbum trará exatamente o mesmo tipo de música que você já gosta de ouvir. Sem riscos, sem o desejo profundo de ir além. - Matheus José



Alter Ego - LISA



Faixas como “Elastigirl” e “BADGRRRL” seguem a fórmula previsível esperada de LISA: batidas simples e vazias, reminiscentes da produção de TEDDY, com repetições feitas para grudar na mente. As colaborações do álbum também não impressionam. “Rapunzel” e “FXCK UP THE WORLD”, apesar dos feats promissores, falham em atingir seu potencial máximo. Pelo menos, “When I’m With You” traz um sopro de novidade, muito mais pela presença marcante de Tyla do que pela de LISA. No fim, Alter Ego entrega pouco do que se propõe. Apesar de sugerir uma artista multifacetada, a personalidade predominante é sempre a mesma: uma figura “fodona” e imbatível, mas que, na prática, se apoia em faixas superficiais e sem força. O álbum, infelizmente, ficou apenas no lúdico, pois na prática é como um cachorro sem dentes – late, mas não morde. - João Vitor



So Close To What - Tate McRae



Se Tate McRae deseja ser reconhecida pelo que tem a dizer, por que não o disse em So Close To What? Se ela quer que as pessoas a identifiquem por quem ela é, por que o constante investimento em ter seu nome associado às suas referências? Se as danças, apresentações e clipes não deveriam ser o centro das atenções do público, por que, sem eles, as faixas perdem seu poder de sedução? A música pop consolidou-se como força motriz da indústria fonográfica através de estruturas musicais complexas e composições inteligentes, cheias de nuances. Para adentrar o panteão de artistas que dominaram o gênero, é preciso muito mais do que somente apelo estético, coreografias excessivas e referências óbvias. Ao invés de se apresentar constantemente como uma pupila de Britney Spears, Tate McRae se beneficiaria de um autodidatismo. - Tobia Ferreira



Play - Ed Sheeran



Na maior parte do tempo, Play é apenas mais um álbum inofensivo de Ed Sheeran, com as mesmas problemáticas de seus álbuns anteriores que consistem na falta total de substância, sem qualquer ideia que saia do superficial, mas, se tratando de mais um projeto comum do cantor, a qualidade medíocre do registro nada surpreende, é só desinteressante. O catálogo de Ed Sheeran já se tornou chato de, inclusive, falar mal; é quase sempre a mesma coisa, não há muito o que falar que já não foi dito em = ou em ÷. - Davi Bittencourt



Vanisher, Horizon Scraper - Quadeca



Não tem nada pior do que um artista que subverte a ordem de criação – no sentido de não criar livremente, mas de fazê-lo do fim para o começo, do lançamento para a organização do som – pensando sobretudo em como chocar o público com escolhas milimetricamente feitas para soarem como grandes conchavos artísticos, que avançam por uma anormalidade que, no fim, nada mais é do que o mesmo lugar-comum de sempre. Quadeca é esse artista, e seu novo álbum, Vanisher, Horizon Scraper, faz isso com devido afinco. Opera como se tivesse sido criado unicamente para gerar reações, entregar aos seus admiradores – e a si mesmo, claro, não podemos excluí-lo desse processo – o peso de ser um artista competente, que se adequa aos maneirismos como ninguém, pois sempre foi visto como um suposto alguém aquém das formalidades. Será mesmo? - Matheus José



Love Is Like - Maroon 5



Love Is Like foi um erro desde sua concepção — a começar pela capa, uma prima feia do Brand New Eyes, do Paramore. A cafonice e esterilização generalizada das faixas é um sintoma grave do pistachianismo cultural que assolou a produção popular este ano. Apesar de provocar náusea, cólica e calafrios em seus 28 minutos, o lado bom é que o novo álbum do Maroon 5 passa rápido — como uma pedra nos rins. - Tobia Ferreira



The Life of a Showgirl - Taylor Swift



O álbum não apenas deixa de refletir sua concepção visual e estética, como tampouco consegue transmitir qualquer sensação: há quase ausência total de referências, restando apenas a elaboração formulaica mais superficial possível da música pop, com os mesmos vocais, os mesmos timbres instrumentais, que se repetem exaustivamente, inclusive quando o ritmo sofre variações devido ao fato de conter acenos a diferentes estilos, só acenos mesmo, pois Taylor parece incapaz de sair da sua zona de conforto. Haveria de dizer que The Life of a Showgirl falha em cumprir sua proposta, mas, na verdade, o disco é bastante exitoso em expor “a vida de uma showgirl”, não de uma garota qualquer, mas da própria Taylor Swift em sua fase atual. Trata-se de um retrato fiel da mente de uma artista moldada e marcada pela fama proporcionada pela indústria: no caso, uma mulher bilionária que conquistou o mundo e que, agora, parece padecer de um certo complexo de superioridade. - Davi Bittencourt

Aquele Tuim

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