★★★★☆
4/5
4/5
dadá Joãozinho entende que sua linguagem vai além da percepção frontal da música, seja como arte ou como meio de propagação. Ele trabalha todo o ambiente que cria ao redor da canção, incorporando visuais e instalações que reforçam e estabelecem esse novo formato estético que ele adota com facilidade. Ele é, sem dúvida, um dos artistas mais interessantes da atualidade, indo e voltando, em 100 anos, de lá para cá.
É por isso que as faixas de 1997 soam, de certa forma, distintas do que ele havia feito em tds bem Global. Aqui, seus temas assumem uma espécie de crônica, que se dispersa em fragmentos líricos que ora se explicam, ora se obscurecem. Ele não se importa em tornar nada mastigável, pois sabe que isso perderia o encanto: seu jeito um tanto desengonçado de cantar — quase como palavras faladas — torna a experiência de ouvir o que ele tem a dizer ainda mais interessante.
dadá Joãozinho faz isso enquanto navega por uma série de instrumentais soltos, distantes do uso convencional dos acordes, como se sua música assumisse uma indiferença em relação à profundidade das reflexões, seja elas mais profundas ou não. Isso fica evidente em “Subindo em Árvore (De Qualquer Forma é Grande)”, cuja sonoridade parece guiada pelo tempo, com seus minutos finais soando como se tivessem saído diretamente da psicodelia brasileira regulada dos anos 70.
Embora liricamente disperso por natureza, 1997 funciona como uma escada que te leva a algum lugar que você talvez não esperasse encontrar. É um disco que se organiza muito bem em seu próprio espaço, que não vem até nós; somos nós que vamos até ele. E esse é um dos seus maiores triunfos, porque não importa o que aconteça, dadá Joãozinho sabe nos recompensar como ninguém.
Selo: Innovative Leisure
Formato: EP
Gênero: Música Brasileira / Pop Psicodélico, Nova Vanguarda Paulistana