Os melhores discos de funk de 2025 (até agora)



Com Adame DJ, DJ Arana, DJ Caio Prince, DJ Dayeh, DJ Jeeh FDC, DJ JEJEDAZS, DJ K, DJ RORO, DJ Romano ZL, DJ RD DA DZ7 , Halc DJ, Makhno, Mu540, Irmãs de Pau e mais! 

Parte do nosso compromisso em divulgar, debater e posicionar o funk como música – de um jeito que nenhum outro blog, site ou veículo da mídia faz – está em seleções como a desta lista. São discos de formatos, durações e estilos diversos que, embora numerosos (especialmente se você, leitor, decidir ouvi-los a partir daqui), ainda estão longe de refletir toda a grandiosidade e o crescimento sem paralelo do gênero. Com isso, buscamos mais uma vez, nesta metade de 2025, oferecer um norte com o melhor que o funk lançou até agora.

A presente lista conta com discos lançados entre 15/11/2024 a 11/06/2025, e grande parte dos textos são fragmentos de críticas publicadas no site ao longo deste período.



Adame DJ - ROLÊ



Adame não tenta recriar o funk através da música eletrônica, mas sim o contrário. Ao invés de ir em busca de drops previsíveis como um DJ regular de música house, ou então de uma repetição acelerada dos beats techno, o funkeiro utiliza elementos dos dois estilos na composição de sua própria combustão de ritmos, entregando um trabalho cuidadoso, polido e muito competente. - Lucas Granado



DJ Arana - Viva o Romano



Viva o Romano tenta cumprir uma promessa que DJ Arana faz ao seu público há tempos: trazer de volta 2014. Para isso, ele rebobina inúmeras vezes a fita que percorre a existência do funk após esse período, de forma semelhante a quando criou uma de suas melhores músicas, “MONTAGEM ANOS 2000”, que parece baixar o BPM e evocar a batida que outrora marcou o tamborzão. Esse apelo à nostalgia se tornou um caminho cada vez mais necessário diante da velocidade com que o funk se renova; é também um escudo que mostra que não precisamos buscar inspiração no Leste Europeu devastado pela guerra para fazer algo daqui conquistar o mundo. - Matheus José



DJ Aguilar - Direto do Alto Vol 1



Em Direto do Alto Vol 1, DJ Aguilar reúne tudo o que pode ajudá-lo a nos convencer do porquê dele ser considerado um dos mais importantes DJs do funk de BH. Entre o hedonismo característico, que não poupa nenhuma vontade de expor o desejo sexual, e o som cada vez mais adaptado aos bailes, ele imprime identidade na mistura minimalista de beats com a presença de outros MCs e DJs que dão vida a hits, como “Deixa Eu Mandar Meu Passinho”, um dos maiores sucessos do ano. - Matheus José



djalekoriginal - VST Respeita Vagabundo!



O perturbador – no melhor sentido da palavra – VST Respeita Vagabundo! é o álbum de estreia de djalekoriginal. Desde o início, é possível notar que não se trata de um trabalho qualquer; aqui, as faixas são construídas por dois elementos centrais: um beat que se repete quase à exaustão e uma acapella isolada de MC. Direto ao ponto, seco e sem firulas, o álbum aposta numa estética crua, típica dos dos bailes de rua e é justamente na repetição que ele encontra sua força. - Brinatti



DJ Caio Prince - Botano Remixes



Apesar de não ser um disco – no formato padrão de LP ou EP – esse projeto é um dos mais importantes do ano. Aqui, DJ Caio Prince convida um time de peso para dar vida, com diferentes versões, de sua música “Botano (Útero Baixo)”. Cada remix contém uma particularidade e o todo conversa muito bem. É um trabalho que remonta o senso coletivo do funk, suas variações de linguagem e sua força em ser único. - Matheus José



DJ Dayeh - Relíkias da Kond



O novo álbum da DJ Dayeh, Relíkias da Kond, reúne nostalgia na medida certa. Mas não é só isso, aqui, a DJ ressignifica alguns dos maiores signos do funk lançados ao longo da década de 2010 pela Kondzilla, impondo uma perspectiva própria de som – as suas assinaturas – e de tema, revertendo a posição masculinista do gênero e estabelecendo um diálogo que, mais do que nunca, é necessário. - Matheus José



DJ Greg da ZL - Da ZL


Com a proposta de explorar as fronteiras entre o funk, o techno e o house, Da ZL, novo projeto do DJ Greg da ZL, funciona mais como um exercício de modelagem do que uma incursão propriamente dita. Digo isso porque não existe uma diferença substancial — de elementos ou de conteúdo — no funk que nos é apresentado aqui, apesar de ele estar inserido no contexto de outras vertentes da música eletrônica. - Marcelo Henrique



DJ Jeeh FDC - VBT - O Funk Além do Sexo



É difícil convencer o ouvinte a acreditar nas nuances de melodia e temas que o novo álbum do DJ Jeeh FDC explora. É diferente de tudo que você esperaria dele; na verdade, é diferente de tudo que o funk pode soar para um estranho. À sua maneira, é um álbum extremamente romântico, suave, meloso e, acima de tudo, sofisticado. - Matheus José



DJ KS 011 - Explosão Sonora



Como o título do novo álbum do DJ KS 011 sugere, trata-se mesmo de uma explosão de sons, mas relativamente comum dentro de tudo que compõe a vanguarda do funk paulista. Ou seja, Explosão Sonora se aproxima bastante de algumas marcas bem definidas, e explora estilos e configurações que costumam ser usados por outros DJs. - Matheus José



DJ JEJEDAZS - Bradock, Vol. 1



Utilizando-se de todos os artifícios disponíveis, DJ JEJEDAZS constroi um trabalho detalhista ao extremo — sons e beats se equalizam e se deformam ao longo das faixas de maneira surreal, como se cada transição fosse um choque calculado entre o caos e o controle, um detalhismo que desmonta o ritmo para remontá-lo em colagens imprevisíveis. - Antonio Rivers



DJ LK Da VB - 30XMAGO



O novo lançamento do DJ LK Da VB mostra o funk em seu momento mais avassalador, uma sequência ininterrupta de ruídos sem fim, algo raramente visto antes — posso garantir. Isso porque o álbum é repleto de participações especiais, não que cada música seja um feito extremamente elaborado, mas porque tudo, da batida aos vocais, funciona como parte dessa parceria entre o DJ e seus convidados. - Matheus José



DJ K - RADIO LIBERTADORA



Especialmente num ano tão tomado por discussões sobre funk, crime e política, esse álbum deve ser escutado, reescutado, estudado e reestudado. Um trabalho de fôlego, e, certamente, um dos álbuns mais bem feitos com temas tão sérios dentro do gênero até hoje. - Tiago Araujo



DJ KN DE VILA VELHA - Terra do Kn, Vol. 2



Desde o começo, com o hit “SENTA PRO TREM”, o álbum de DJ KN DE VILA VELHA já mostra uma personalidade maravilhosa. Esse lançamento conta com um minimalismo que atravessa desde o beat fino capixaba aos sons atmosféricos dos beats de BH. O destaque do álbum para mim fica com “EU GOSTO DAS RAPARIGAS”, que é uma das melhores músicas do ano todo. - Tiago Araujo



DJ RORO - Montagem Funk 3000+



Tudo o que você já ouviu no funk está aqui. É passado e presente condensados nas raízes do pancadão anos 2000 (“Montagem Se Ela Dança Eu Danço+”), nos avanços estéticos do beat bruxaria triturado por tuim (“Montagem Vamos Brincar+”) e um design de som atordoante responsável por dar vida a essa miscelânea de técnicas e estilos. Apesar de jovem, DJ RORO tem muita habilidade em testar suas ideias, fazendo de Montagem Funk 3000+ um disco que avança e retrocede no melhor do que o gênero pode proporcionar. - Matheus José



DJ Romano ZL - Sp In 2Kxxv



Quando “Welcome To The Roma” começa, a única certeza é que, assim como grande parte desses discos e DJs que estão confrontando normas, Sp In 2Kxxv também propõe uma viagem ao âmago do funk paulista de vertentes mais avançadas. Mas o faz do jeito mais DJ Romano ZL possível: mesmo alinhado a outros que emergiram nesse contexto de evocação do barulho, ele carrega uma abordagem própria, expansiva ao extremo. - Matheus José



DJ RD DA DZ7 - Playlist Rd da Dz7



Cada batida, mesmo dentro da melodia característica do funk, soa diferente, estranha ou prestes a desafiar o ouvinte, seja em uma escuta cotidiana ou numa audição mais apurada. Apesar de seguir a ideia de uma playlist, com variedade de sons e músicas que não obedecem exatamente a uma ordem, este é um disco que se posiciona dentro do universo do Mandela, pendendo mais para o estilo ritmado do que para qualquer outro, o que explica o trabalho de percussão sofisticado. - Matheus José



DJ Talala - Nois Gosta do Barulho



Nois Gosta do Barulho, do DJ Talala, é um dos álbuns que cai como uma luva em tudo o que esses DJs contrários “ao barulho” do funk mais odeiam. Aliás, não há intenção de ser um dedo na ferida — DJ Talala não tem objeções além de fazer o que ele faz de melhor: barulho. E seu exercício criativo para atingir essa máxima, expressa no título da obra, é simplesmente brilhante. - Matheus José



Dj wesly - Sound D'beat



Um dos destaques de Sound D'beat, a faixa “Sou da Zona Norte”, deixa clara a relação do Dj wesly com a ritmada, uma vertente do Mandela que nasceu, se desenvolveu e hoje domina a Zona Norte de São Paulo como nenhuma outra. Mas, em vez de apelar para as literalidades que esse arranjo temático teria, o DJ parece focado em criar algo que deixe essa impressão a partir do que ele fez aqui, e não o contrário. - Matheus José



Halc DJ - Bruxaria Não É Phonk



Bruxaria Não É Phonk não é só um disco — é um posicionamento. HALC não só escancara o caráter predatório do phonk, mas reafirma a força criativa do bruxaria como um movimento vivo e inovador dentro do funk. Se o objetivo era expor essa disputa de forma inquestionável, ele conseguiu. O phonk pode tentar pasteurizar e exportar essa cultura de forma contrária aos seus reais significados, mas, no fim, nunca vai soar igual e tampouco criativo e inventivo como o bruxaria. - Na Pauta



Mc IG - Feliz no Simples 🍀



São poucos, ultimamente, os discos de funk lançados no mainstream da cena de São Paulo que têm algo minimamente interessante a ser apontado e analisado. O novo álbum de Mc IG, apesar de corresponder a muito do que é feito nesse espaço, é um disco que tem vida, contexto e posições próprias. Aponta muito para o hip hop em seus versos, e tem líricas que estão ecoando em absolutamente todas as comunidades, da capital ao interior. - Matheus José



MC FREITAS ZS - Fuga Da Roça Mixtape



O maior vislumbre está na temática, como se Fuga Da Roça Mixtape servisse mais para acompanhar o artista em sua nova jornada, do que para confrontar supostas inovações advindas de um desejo de quem vem ouvindo funk usando uma régua que não lhe pertence. Por isso, mais do que nunca, FREITAS acerta em cheio naquilo que, se continuar assim, nunca lhe faltará: autenticidade – e tudo o que esse termo possa simbolizar. - Matheus José



Mc Prr Felipinho - Marcolandia



É um álbum cuja diversidade pode ser notada em sua totalidade de significados que vão além das idas e vindas do Mc Prr Felipinho e seus inúmeros convidados, DJs e MCs que individualmente somam seus signos como parte desse quase resumo do funk paulista – agora, mais do que nunca, em uma escala bem distante da experimentação cacofônica. - Matheus José



MAKHNO - FETICHE



Aqui, há fetiche de verdade. Os temas são completamente desnudos em sua proposta de representar o fetichismo sob uma perspectiva até bastante butleriana, expondo, sobretudo, as tópicas normativas do desejo, um fragmento que adquire um apelo que vai além do carnal ou sexual, funcionando também como oposição às normas. É claro que MAKHNO não faz isso apenas por não temer explorar o que muitas vezes é dito como absurdo, ou porque o espaço em que está inserido o permite. - Matheus José



Mu540 - 4×4



O rollout em torno de 4×4 foi quase que inteiramente criado se sustentando na ideia de mostrar que o funk é sim parte inalienável do que se chama de música eletrônica periférica. De fato, Mu540 sabe, como ninguém, tornar esse argumento palatável, tanto para seu público que ouve funk, quanto para os que o conhecem por sua atuação na música eletrônica. É um disco que contém o melhor dos dois mundos, num só mundo. - Matheus José



Irmãs de Pau - Gambiarra Chic, Pt. 2



É melhor do que grande parte das tentativas de aparelhagem clube do pop nacional neste ano e, talvez, nos últimos três ou cinco anos. Um disco que brinca com todas as raízes musicais às quais faz referência — funk, ballroom, jersey, entre outros —, numa constante de renovações estéticas que não são nem um pouco superficiais. - Matheus José



Papatinho - MPC (Música Popular Carioca)



Papatinho em MPC entrega um panorama intenso do funk carioca, com produção e beats que respeitam a tradição enquanto trazem inovação. O álbum destaca vozes da cena, mesclando letras urbanas e batidas predominantes nos anos 90 e 2000, refletindo a diversidade histórica do Rio de Janeiro. Uma obra essencial que representa e intensifica o funk como protagonista da música popular contemporânea. - Viviane Costa



SAINTFAELA - MIXTAPE: COMENDO PELAS BEIRADAS



A quantidade de direções que SAINTFAELA caminha em sua nova mixtape é impensável. Seu cerne, porém, é surpreendente: o funk. Aqui, ela faz o que nomes como Irmãs de Pau têm feito, usando de elementos quase típicos (vai da ritmada ao beat bolha) com temáticas hedonistas que giram em torno de seu contexto e vivências travestis. - Matheus José
Aquele Tuim

experimente música.

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