Os melhores discos de música eletrônica de 2025 (até agora)


Com aya, Anthony Naples, Baker, DJ Elmoe, DJ Guaraná Jesus, DJ Narciso, Djrum, IGUR, Lume Sounds, Nazar, Skee Mask, Skrillex e mais!

Ao explorar os marcadores de música eletrônica no Aquele Tuim, é impossível não perceber a variedade de propostas, estilos, artistas e espaços que habitam esse gênero que nunca sai dos nossos fones de ouvido. Dos discos imersos na vanguarda experimental aos que flertam com o mainstream, mostramos diariamente que há sempre algo bom a ser descoberto – basta atenção e vontade. Dito isso, reunimos aqui os melhores lançamentos desse universo que marcaram a primeira metade de 2025.

A presente lista conta com discos lançados entre 15/11/2024 a 11/06/2025, e grande parte dos textos são fragmentos de críticas publicadas no site ao longo deste período.



aya - hexed!


hexed!, de aya, se comporta como uma versão hardcore de todos os estilos aos quais a artista se aproxima aqui. É o hardcore do deconstructed club, do UK bass, do dark ambient, e, em certos momentos, é simplesmente o hardcore do hardcore. Ainda assim, não há “hardcores” suficientes que deem conta de descrever o som apresentado: há batidas de clube, ritmos diluídos numa confusão cuidadosamente arquitetada para soar sem rumo, versos e palavras faladas que dão força e corpo ao que se expõe. São letras, sons e estruturas hardcore, em essência e desordem. - Matheus José



Anthony Naples - Scanners


Naples abraça os anos 1990 sem se prender à nostalgia ou algo semelhante. Ele compreende como poucos aquele período em que a música eletrônica viveu sua maior efervescência técnica e estética, e trabalha isso em seu contexto – mais divertido do que nunca. - Matheus José



Barker - Stochastic Drift


Não que devesse haver uma necessidade de preparação, ou uma premeditação que considere fazê-lo entender sobre as raízes em que o segundo álbum de Barker, Stochastic Drift, se encontra. Mas, para qualquer desavisado, ou alguém que sinta interesse em mergulhar nesse terreno líquidoso e inflamável por ele cimentado, suas texturas gelatinosas e tons quebradiços resumem, em quase perfeita formalidade, o que se tem atualmente de techno ambiente na música eletrônica. - Matheus José



Baalti - Mela


Em Mela, a dupla Baalti afina seus instrumentos e melodias, fortemente inspirados nos festivais indianos, em busca de um sentido para guiar a intensidade com que o som que geram viaja pelo espaço e tempo sem ficar preso a ruminações de formalidade e classificação. - Matheus José



Cahl Sel - Blue


Nos vinte e um minutos deste simples EP de música eletrônica, podemos ver a forma líquida que o som criado por Cahl Sel toma em suas diferentes direções criativas, ora pendendo para formações mais modernas de techno ambiente, ora para entonações house, como na faixa-título, “Blue”, que marca para onde a produção quer ir. - Matheus José



Chuquimamani-Condori - ILY Travis (Chuqi Chinchay Is God & God Bless America)


Esse DJ mix é só mais uma prova, desnecessária a esse ponto de que Chuquimamani-Condori se mostra, hoje, como futuro da música eletrônica e experimental. Uma das experiências mais emocionantes do ano, ouçam, sintam e, com certeza, vão resgatar um sentimento com a música que há muito não sentiam. - Tiago Araujo



DJ Elmoe - Battle Zone


Footwork nem sempre se resume à velocidade dos cortes em loops de bateria e samples fragmentados, embora Battle Zone, de DJ Elmoe, seja precisamente sobre isso. Mas, acima de tudo, é uma reconfiguração dessas marcas: tudo aqui flui de forma mais lenta, serena e gelada. - Matheus José



DJ Guaraná Jesus - Ouroboros


DJ Guaraná Jesus nitidamente sabe onde quer chegar, por isso sua música soa o menos apreensiva possível, como se suas batidas aceleradas, que dialogam com o breakbeat em tom mais atmosférico, fossem construídas sem nenhuma dúvida quanto ao porquê de se constituírem dessa forma. Não se trata de um uso bobo de baterias ou de BPMs acelerados à toa, apenas para gerar uma espécie de choque ou instrumental mais diferenciado. É uma exploração baseada no que o produtor idealiza e coloca em prática, quase sem erros, e por isso ele o faz de forma mais compacta. - Matheus José



DJ Narciso - Diferenciado


O álbum de estreia do DJ Narciso, um dos fundadores da RS Produções, estabelece um forte diálogo com suas raízes e para onde ele quer levá-las. Diferenciado se apoia muito no que vem do entorno (e daqueles ao redor de Narciso) como Nuno Beats: é o sentimento trazido unicamente pelo som, pela batida. - Matheus José



DJ Python - i was put on this earth


É um EP que cuida muito bem do aspecto vocal, embora seja incomum ver esse movimento sempre, no caso, de um artista de música eletrônica trabalhando sua voz com maior dedicação, como quando Arca fez isso pela primeira vez em seu álbum autointitulado de 2017. “Besos Robados”, com Isabella Lovestory, mostra que mesmo quando Brian não faz, há quem faça com a mesma profundidade — cantar calmamente. - Matheus José



Djrum - Under Tangled Silence


Se Meaning’s Edge, EP lançado no final do ano passado, se destacava pela mudança de humor de DjRUM e parecia pecar apenas por uma certa redundância temática — com suas faixas baseadas em construções semelhantes, colagens e instrumentais que, embora chamassem atenção, acabavam minadas por uma repetição cansativa — Under Tangled Silence, seu último trabalho, é o oposto: cheio de nuances e nada redundante. - Matheus José



Forest Drive West - Masking


Drum & bass pode estar em todo lugar, é verdade. A forma do gênero se tornou tão típica que reconhecê-lo de longe é uma tarefa fácil e, de certa forma, quase consensual. No entanto, há algumas distâncias que nomes como Forest Drive West proporcionam que tornam esse reconhecimento quase impossível ao ouvido nu. Seu novo EP para a Ilian Tape, Masking, trabalha com drum & bass sem sua bateria fixa, e por isso acaba sendo mais sombrio na forma como cria sua atmosfera quebradiça. - Matheus José



IGUR - <ü>


A música de IGUR se recusa a seguir caminhos fáceis, mesmo quando há acenos que, à primeira vista, parecem evitar maiores profundidades. Isso já era evidente em seus trabalhos anteriores, IGOOOR (A Mixtape) e PROBLEMA EM DOBRO. Em <ü>, o produtor encontra uma ruma de sons que vão do footwork ao techno, tudo inserido num contexto pessoal de sobriedade que só ele parece saber manipular com tamanha autenticidade. Ao longo de 31 minutos, texturas, camadas e um design de som sofisticado ditam os rumos do que colide, sem cerimônia, contra nossos ouvidos. É, até agora, seu disco mais desajustado – no melhor sentido possível. - Matheus José



Lume Sounds - UTOPIA.ZIP


Enquanto a batida house se espalha em tom atmosférico, sem soar repetitiva, nos primeiros segundos de UTOPIA.ZIP, já temos plena certeza do que nos espera ao longo do disco. Aqui, incursões pelo afro house e UK garage ganham espaço dentro de uma linguagem musical familiar, que se torna cada vez mais atraente à medida que Lume Sounds avança, intensificando os ritmos com profissionalismo, mas sem se prender às formalidades eletrônicas que orientam as sonoridades de nomes como Deekapz, Sammy Virji e Interplanetary Criminal. - Matheus José



Male Alchemy - INDULGENCE


Em uma notável incursão pelo downtempo, o artista funde vaporwave a sons tradicionais japoneses, como o shamisen e a biwa, criando uma atmosfera singular que brilha nos detalhes. Em faixas longas e imersivas, ele transporta o ouvinte a um mundo paralelo. Essa coesa estética nipônica permeia todo o projeto, da capa à sonoridade, resultando em uma revitalização eloquente do gênero, onde a experimentação alcança um equilíbrio raro e profundamente envolvente, que redefine o potencial do estilo. - Antonio Rivers



Nazar - Demilitarize


O segundo álbum de Nazar surge não como antítese de Guerilla (2020), mas quase como um momento pós-guerra: um território em que o “rough kuduro” ainda pode ser visto, mas submerso ou através de um espelho embaçado. O som pulsa camadas instáveis e no centro disso, sua voz aparece como resquício. O sussurro cansado carrega não apenas as letras (e mantras), mas uma luta contra si mesmo e contra sua doença. Nazar mantém um diálogo íntimo com o próprio passado, antes mediado pela história do pai, agora por uma fragilidade que é só sua. - Leonardo Zago



Skee Mask - Stressmanagement


O novo EP de Skee Mask selo Ilian Tape, Stressmanagement, se afasta das suas façanhas mais conhecidas no IDM. Bem, na verdade, ainda há muitas delas, mas agora estão sufragadas por uma serra de açougueiro que tende a picotar, quase triturar, as baterias — presentes em caixas livres que remetem diretamente ao drum & bass. Essa alternância de caminhos é interessante, primeiro porque evidencia uma versatilidade quase categórica dele em transitar por espaços praticamente obrigatórios para produtores de música eletrônica. - Matheus José



SHERELLE - WITH A VENGEANCE


Atravessando os territórios do jungle e do footwork, WITH A VENGEANCE, de SHERELLE, parece compilar uma dúzia de convenções que funcionam em ambos os estilos – é um disco mais interessado em partir dessas bases do que em criar algo significativamente próprio. “XTC” é um bom exemplo de como esse movimento acontece: a faixa se apoia na repetição de um sample vocal, que logo é interrompida e ocupada pelas ruidosas caixas do jungle, enquanto elementos de fundo como sirenes, bipes e bops são acionados. - Matheus José



Seleem - Taboot


É quase impossível não sentir a força do bumbo de Seleem puxando o ritmo para baixo quando os minutos iniciais de Taboot entregam uma natureza rústica e tecnológica ao mesmo tempo. O disco parece não chegar a lugar algum nos seus seis minutos de abertura: um vai e vem de batidas que são sombrias o suficiente para preencher a pista de dança e parecer um esforço genuíno de experimentação eletrônica. Aqui, o dark techno é acentuado por essa constante percussão, que parece se intensificar a cada minuto que passa. - Matheus José



Strategy - A Cooler World


É um álbum cuja força está na ligação entre as explorações tecnológicas do presente e as raízes dessas tecnologias no passado. Por isso, o produtor trabalha com um teclado de amostragem retirado diretamente de 1989, e compõe – e decompõe – manualmente suas texturas limpas de techno ambiente, com uma frieza rítmica nunca exagerada – ou somente fria, por assim dizer, já que sua incursão em paisagens sonoras glaciais justifica seu apelo moderado, pensativo e devocional. - Matheus José



Skrillex - F*CK U SKRILLEX YOU THINK UR ANDY WARHOL BUT UR NOT !! <3


O amor-fluido é quem fez esse DJ set em forma de álbum, que reuniu as técnicas de design de som, colagem melódica e conhecimento rítmico para esfregar na cara de todos sobre o que música eletrônica é sobre: DJ, festa e diversão. Tem algo muito bonito, celebratório sobre esse álbum que, mesmo feito puramente de elementos eletrônicos, é um dos lançamentos mais sinceros e orgânicos do ano. Obrigada, Sonny Moore. - Sophi



Tim Reaper & Champa B - Pandemonium


O domínio técnico, inovador e enérgico de Champa B dá uma outra face para o jungle de Tim Reaper nesse lançamento, algo que é sempre bom de ouvir, especialmente de um artista que lida tão bem com adaptações e mudanças. É possível dizer que os dois aqui começam o ano chutando a porta e a derrubaram sem muitos problemas. Que esse seja um bom ano para a música eletrônica, como tem sido todos os anteriores. - Tiago Araujo



Verraco - Basic Maneuvers


Basic Maneuvers, mais um dos destaques do selo XL em 2025, prova que Verraco age sobretudo com uma naturalidade, ordenhando suas batidas a fim de extrair a coisa mais profunda, e mais superficial, mais dançante, delas ao mesmo tempo. É um trabalho curto, enxuto e que brilha, particularmente nele – e através dele – por propor esse tipo de construção, ou desconstrução. - Matheus José



Vários Artistas - Não Estragou Nada


Há certas coisas que nós, que consumimos música observando movimentos, escolas e manifestações não-hegemônicas, deveríamos nos atentar mais. O selo Príncipe é uma delas. Em sua mais nova compilação, Não Estragou Nada – composta por 37 faixas, de diferentes artistas, diferentes sons e diferentes perspectivas de criação eletrônica afastada do eixo ocidental –, está concentrado praticamente tudo que o selo produziu nos últimos anos. - Matheus José



voyeur - delírio


delírio é um lançamento peculiar: de onde quer que você o observe, há sempre uma estranheza – de ritmo, timbres e microsons – pairando. Não porque desafie convenções ou confronte sistemas para destacar suas virtudes, mas porque é difícil se situar em sua curta duração. São apenas três faixas, mas há muito nelas. Aqui, voyeur — projeto de Victor Barbosa — condensa seus últimos anos de produção e experimentação em um EP que transita entre IDM, funk e industrial. - Matheus José
Aquele Tuim

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