Crítica | Taboot


★★★☆☆
3/5

É quase impossível não sentir a força do bumbo de Seleem puxando o ritmo para baixo quando os minutos iniciais de Taboot entregam uma natureza rústica e tecnológica ao mesmo tempo. O disco parece não chegar a lugar algum nos seus seis minutos de abertura: um vai e vem de batidas que são sombrias o suficiente para preencher a pista de dança e parecer um esforço genuíno de experimentação eletrônica. Aqui, o dark techno é acentuado por essa constante percussão, que parece se intensificar a cada minuto que passa.

Em primeiro lugar, porque está longe de inventar a roda no gênero – frequentemente cooptado por um pseudo mainstream que parece explorar seus estilos e técnicas em espaços onde a música eletrônica está longe de ser o terreno mais fértil para colagens e para composições com certo valor artístico agregado. Taboot vai muito além dessa máxima de reprodução rave, atuando diretamente na criação de alguns elementos que o tornam mais profundo – mais palatável à proposta de reinvenção de Seleem.

Em “Anvils & Botox”, a obra ganha contornos plastificados e certeiros ao mirar em tons sintéticos, mas também muito atmosféricos. É como se, conforme fica mais intenso, ficasse também mais direto e retilíneo, seguindo um mesmo caminho de estruturas e volume. O mais interessante é que, mesmo assim, sequer soa repetitivo ou parece se importar com os limites estilísticos do techno em planificar, achatar o som. A faixa-título, “Taboot” — uma trilha quase cyberpunk — evidencia o caráter narrativo que o projeto carrega, mesmo sem expor explicitamente do que se trata, sustentando uma tensão que instiga do início ao fim.

Selo: MNJM
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Techno, Dark Techno

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem