Crítica | Why Not More?


★★★☆☆
3/5

Coco Jones tem uma voz que remete a outras vocalistas consagradas do R&B, trazendo inspirações evidentes da velha guarda do gênero — uma característica essencial de sua discografia. Seu novo disco, Why Not More?, se diferencia dos demais por apresentar uma boa introdução da ex-atriz da Disney em outros estilos musicais, como reggae, trap e pop. Infelizmente, sua obra ainda não ultrapassa a superficialidade de letras genéricas, que não aprofundam sua artisticidade.

Um dos pontos mais marcantes do álbum é, de início, a facilidade com que Coco transita vocalmente por diferentes estilos musicais. Sua versatilidade é notável, seja nos subgêneros do R&B, como em “Here We Go (Uh Oh)”, ou em uma deliciosa faixa de reggae que nos transporta para uma festa de domingo à beira da piscina, como “Why Not More?”. É adorável. No entanto, Coco Jones enfrenta um problema recorrente na maioria das produções: composições hiper-supérfluas. O forte apelo sexual não é, por si só, um defeito — pelo contrário, pode até reforçar traços de sua personalidade artística. Mas o grande desafio é a ausência de outras vertentes temáticas — românticas, empoderadas ou pessoais — que ajudem a compor uma figura mais complexa, o que torna faixas como “AEOMG” desprovidas de identidade.

Why Not More? é um típico álbum-cubo: não há riscos assumidos, nem momentos que surpreendam ou o diferenciem de tantos outros projetos semelhantes — resultando em um disco sem identidade própria. Ao fim, Coco Jones não propõe ideias que cativem o público a enxergá-la para além do verniz plástico que reveste todo o LP. É decepcionante.

Selo: Def Jam
Formato: LP
Gênero: Pop / R&B
Lu Melo

Estudante de Jornalismo, 18 anos. Amante da música e da cultura pop desde a infância. Escreve para o Aquele Tuim, integrando a curadoria de R&B e Soul.

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