Crítica | Essex Honey


★★★★☆
4/5

Ultimamente, o cenário do R&B alternativo vem dando frutos extremamente refrescantes com o surgimento de novos artistas que trazem uma visão criativa que se difere da abordagem comum do gênero. Blood Orange se destacou por muito tempo por seu trabalho inventivo com o pop/R&B com referências fortes dos anos 80, partindo sempre do synthpop, synth funk e sophisti-pop. Seus registros misturavam a manipulação com sintetizadores à grooves funk e sensibilidades do R&B, uma identidade sonora muito característica dele.

Agora, com Essex Honey, Blood Orange soa transformado em uma personalidade ainda consistente, trabalhando com visões inovadoras para sua carreira e, também, diversas às produções comuns no R&B alternativo. No material, Devonte Hynes explora um pop/R&B atmosférico que mistura referências ecléticas do soul, jazz e outros estilos eletrônicos. Dessa forma, ele executa uma abordagem singular com muita facilidade, já que a realização do projeto soa como uma genuína expressão de um cantor com um repertório musical vasto e criativo, sem que pareça realmente pretensioso.

É interessante nesse sentido a criação de uma atmosfera aconchegantemente hipnotizante com o uso de elementos revestidos por uma atmosfera misteriosa. Em todo o momento, mesmo com a diversidade de estilos explorados, o disco segue essa linha. Existem momentos como o primeiro minuto da faixa introdutória, “Look At You”, que operam com sintetizadores os quais o caráter mínimo da produção dá ênfase às melodias hipnóticas, enquanto também há momentos em que o tom é ditado pelos teclados e metais dotados de uma sensibilidade jazzística, como nas canções que dão sequência a abertura, como “Thinking Clean” e “Vivid Light”. É um registro que pela sua versatilidade em sua ótica musical passa longe de uma facilidade em definir seu som. É o álbum mais singular de Blood Orange, embora não necessariamente seja o seu melhor – é um pop alternativo que evidencia uma criatividade e habilidade musical forte.

Selo: RCA, Domino
Formato: LP
Gênero: Pop / Alt-Pop, R&B Alternativo

Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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