Crítica | Get Up



★★★★☆
4/5

Quando escrevi sobre a estreia do NewJeans, antes mesmo de se tornarem um grande viral no k-pop, eu disse o seguinte: "honestamente, era isso que o k-pop estava precisando.", me referindo ao som trazido por elas naquele disco.

Hoje, porém, vou além: o k-pop não precisa apenas da boa música do NewJeans, o k-pop precisa da existência do NewJeans. Claro que depois do sucesso, as tendências seriam alteradas na busca incansável de cada empresa por ter algo que soasse, no mínimo, parecido com elas. Ciente dessa responsabilidade, diferente do empirismo anterior, em Get Up, o grupo deixa claro porque agora assume a liderança do gênero.

É um caso extremamente singular de se observar; às vezes irreplicável e tão único quanto qualquer coisa que temos hoje. Aqui, vamos além de uma boa produção, refrões viciantes ou marketing sem igual. Também vamos além da estética e do estilo — precisamos chegar ao objetivo.

E sobre isso, Get Up tem uma intenção muito clara: expor como um grupo fora das convenções consegue soar inovador e refrescante sem deixar de lado o apelo comercial. E não há equívocos nessa proposta, o disco privilegia sua ida aos monólitos do k-pop para dizer que isso aqui é revolucionário na mais absoluta certeza do termo.

Você pode não gostar, odiar e até torcer o nariz pela duração, mas Get Up está tão imerso em sua própria combustão que parece descartar essas ponderações bobas. Quem acompanha o k-pop sabe como é difícil vencer a barreira criativa dos sons imposta pelas empresas. Devido à gestão independente da HYBE, é claro que todas as roupagens do NewJeans são fáceis e, acima de tudo, orgânicas.

A presença de Erika de Casier em boa parte do disco, os inúmeros gêneros orquestrados e mesclados com o sentido primordial acessível do k-pop, a imagem tecida para gerar conforto e te abraçar afetuosamente — é música inteligente por definição. É um parâmetro difícil de superar.

Selo: ADOR
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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