Crítica | Perceptible to Everyone



★★★★☆
4/5

Desde que a música se tornou esse emaranhado de estilos, sons, estéticas, gêneros, artistas e conceitos que temos hoje, através de um sentido musical e melódico — gerado por meio de infinitas possibilidades —, há algo que ainda permanece na mesma concepção de sempre: a exploração. Perceptible to Everyone é a obra mais exploratória de 2023. Não apenas por condicionar o sentido da palavra em suas inúmeras demonstrações de produção e conceituação sonora, mas por se tratar de um material documentado através da exploração material do som em diferentes localidades.

Gravado em diversos lugares remotos ao redor do nordeste dos Estados Unidos, Perceptible to Everyone tem como principal característica a exploração do som em seus lugares, momentos e situações que, para nós, não só passam despercebidos como também se tornam inusitados quando olhamos de perto. Diferente do que conhecemos no ambiente ou no drone — gêneros que tratam essa documentação da atmosfera e do ambiente de maneira ritualística —, o trabalho de Eyes of the Amaryllis é mais centralizado na crueza do som, sendo menos intrusivo o possível na captação de ondas, ruídos, conversas e tudo aquilo que, no ato de explorar ao redor, pode se tornar música.

É um disco que esclarece os significados do que a música deve representar como arte. É um registro que se expande na imensidão do nada e do tudo ao mesmo tempo.

Selo: Horn of Plenty
Formato: LP
Gênero: Experimental
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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