Crítica | The Eras Tour - São Paulo



★★★★★
5/5

Taylor Swift proporcionou uma celebração abrangente de todas as fases de sua carreira ao revisitar sua discografia em um espetáculo que se estendeu por mais de três horas. Indiscutivelmente, o The Eras Tour se destacou como um dos melhores shows realizados no Brasil ao longo do ano. Explorando os territórios do country e do pop, a artista entregou ao público uma seleção de canções significativas que abrangiam toda a sua trajetória musical.

Em nenhum momento Taylor permitiu que o show se tornasse tedioso; ela permaneceu no palco a cada minuto, conectando-se com a plateia. Além disso, a transição entre suas eras — termo relacionado ao período de lançamento e promoção de álbuns musicais e outros materiais de determinado artista — foi cuidadosamente orquestrada, mantendo a energia e a excitação do público. Cada era apresentava um conceito visual distinto e perfeitamente alinhado com a proposta artística de Taylor. A atmosfera durante todo o evento era eletricamente carregada, com as pessoas emocionadas, gritando e pulando — a euforia era tão intensa que parecia que as cadeiras do estádio poderiam desabar a qualquer momento.

Os momentos mais marcantes da noite incluíram performances de faixas do álbum Lover, com destaque para o ato de abertura com "Miss Americana & The Heartbreak Prince", além de "Lover" e "The Archer". Esse momento foi particularmente especial para aqueles que aguardaram ansiosamente o show após o cancelamento do Lover Fest em 2020 devido à pandemia de COVID-19. Em seguida, Taylor revisitou o aclamado Fearless, apresentando músicas como "Fearless", "You Belong With Me" e "Love Story". A recriação fiel da estética dessa era, com um enorme violão cobrindo a passarela do estádio, foi um dos pontos altos da noite.

Apesar dos inúmeros destaques na primeira parte do show, houve momentos que deixaram a desejar, mesmo que em uma escala mínima. A decisão de expandir algumas eras e reduzir outras não agradou a todos, como evidenciado na apresentação de músicas do álbum Evermore. A sugestão aqui seria que Taylor poderia ter omitido algumas faixas para dar mais espaço aos álbuns Fearless, Speak Now e Red, que são considerados por muitos como algumas das melhores eras de sua carreira.

A incursão pelo álbum Reputation, que divide opiniões, apresentou hits como "...Ready For It?", "Delicate", "Don’t Blame Me" e "Look What You Made Me Do". Taylor exibiu várias facetas de sua persona, apoiada por suas talentosas dançarinas. A transição para o ato de Speak Now, com Taylor vestindo um longo vestido e segurando um violão, foi emocionante. No entanto, a escolha de "Enchanted" e "Long Live" deixou um pequeno vazio para aqueles que ansiavam por outras faixas dessa era, principalmente “Back To December”, “Speak Now” e “Mine”.

Além disso, Red marcou profundamente a noite, especialmente com a apresentação de “22”, que é o momento mais aguardado pelos fãs, em que a artista entrega seu chapéu para alguém da plateia em um gesto de conexão, e também com a versão estendida de 10 minutos da música "All Too Well". Em Folklore, as canções que acompanham uma narrativa às vezes aprimorada e outras enraizadas em tradições, ofereceram um momento introspectivo, proporcionando uma pausa no frenesi do mundo ao nosso redor. Esse álbum, em particular, serviu como um conforto aos fãs durante o período turbulento que presenciamos em 2020.

A entrada no universo de 1989 destacou-se como um dos momentos mais interativos da noite, tanto entre Taylor e o público como entre os próprios espectadores. A escolha cuidadosa das canções desencadeou uma energia contagiante, com todos participando ativamente. Um dos pontos mais aguardados foi o segmento de músicas surpresas, em que Taylor presenteou o público com "Safe & Sound", trilha sonora do filme Jogos Vorazes, e "Untouchable", do álbum Fearless.

O encerramento da noite foi dedicado ao seu projeto mais recente, Midnights, que mesmo para aqueles que, inicialmente, não se conectaram com o álbum, testemunhar suas músicas ao vivo proporcionou uma experiência única, destacando faixas como "Vigilante Shit" e "Karma". Taylor Swift, indiscutivelmente a queridinha do pop, exibiu carisma e uma presença de palco que transcendeu palavras. Ela irradiava felicidade, deixando claro que ama o que faz e o espetáculo se transformou em uma experiência coletiva valiosa, onde os fãs se conectaram não apenas com a música, mas também com a genuinidade e paixão da artista.
Brinatti

Cientista social com ênfase em Antropologia e Sociologia, 27 anos. É editor e repórter do Aquele Tuim, participando das curadorias de MPB, Pós-MPB, Música Brasileira e Pop.

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