Crítica | Novela


★★★★☆
4/5

Em Novela, seu último álbum de estúdio, a cantora e compositora Céu e seus colaboradores, Adrian Younge e Pupillo, criam uma narrativa cativante, embora pouco inventiva, centrada em si mesma e em alguns outros amores que carrega consigo com apreço. E, para isso, tomou como inspiração a releitura de músicos norte-americanos da década de 70 do R&B, gênero musical soul, mais especificamente uma de suas vertentes mais apreciadas pelo seu público consumidor, o smooth soul. Dessa forma, os vocais doces e elegantes característicos da artista ganharam maior destaque em baladas charmosas, como a poderosa “Raiou”, em parceria de Ladybug Mecca, “Cremosa” e “High na Cachu”.

A produção do álbum, conduzida por Younge e Pupillo, investiga a cena da soul music dos anos 70 com dedicação, mas com o olhar artístico diferenciado; dirigido em direção às paisagens magníficas da MPB, cujas algumas das melhores vistas foram compostas juntamente da Céu do passado, a que ficou conhecida por lançamentos marcantes como Apká, de 2019, e Tropix, de 2016. Novela acabou se tornando algo único. Um magnífico encontro entre a música brasileira e afro-americana. Sendo, portanto, não apenas um destaque na discografia de sua autora, mas também algo único dentro do cenário atual em que estamos vivendo.

E, por mais que ela tenha se dado ao trabalho de afirmar o contrário, o disco é deslumbrante, com vestimentas requintadas da moda do passado pós-moderno. Não soa como algo que ouvimos tocando nos lugares — ou, ao menos, não como antigamente. Céu se apresenta com muita elegância e personalidade, lembrando até Nina Simone em Baltimore, lançado em 1978. Entretanto, acredito que tamanha semelhança com a cantora estadunidense, e demais outros cantores de sua época, se evidencie como um problema, pois fez com que ela fosse menos ousada e trabalhasse usando moldes muito usuais do gênero. Mesmo que tenha acabado obtendo bons resultados, no final das contas, Novela ainda teria ido mais longe se tivesse incluído outras ideias que o destacasse mais.

Selo: Urban Jungl
Formato: LP
Gênero: Pós-MPB / Soul, Smooth Soul
Bruno do Nascimento

Sou Bruno, tenho 18 anos, sou autista, paraibano, escritor e estou terminando o Ensino Médio. Amo escrever e comentar sobre música onde passo, inclusive no Aquele Tuim, em que faço parte da curadoria de Música Brasileira e Pop.

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