Crítica | “Aquamarine”


★★★☆☆
3/5

O apelo de Addison Rae se baseia quase que na suposta ideia de construção de uma diva. Nesse sentido, ela tem todos os arquétipos necessários para tal, e vai além das imposições performáticas de buscar uma identidade musical fixa e reconhecível, como podemos ver em “Aquamarine”, um pop irônico que não tem medo de soar superficial, com mudanças vocais desleixadas e instrumentais eletrônicos que articulam sons analógicos nostálgicos, repetitivos e às vezes extremamente comuns. Essa é, de fato, a graça de tudo isso. Você pode imaginar o pré-refrão em uma música de Carly Rae Jepsen direto do E•MO•TION, ou sentir as batidas centrais em algo que Robyn possivelmente conduziria melodicamente falando em seus mágicos ensaios dance. Mas é numa visão menos interessante que essas, como nos versos rápidos que pousariam naquele viral irritante de Tate McRae, que “Aquamarine” mostra do que é feita.

Parte, essencialmente, de algo que acontece repetidamente na música pop de hoje e, ao se ater a uma única amostra de ideias de composição, melodias e temas, tornou-se chato a ponto de glorificarmos artistas que, de certa forma, fazem exatamente a mesma coisa, mas com um toque de "estou fazendo isso porque gosto" e não porque é obrigatório ou porque acham que são personalidades brilhantes demais para lançar um dance-pop qualquer e sem vida (e com uma mensagem feminista). É a mistura entre um pop academicamente reconhecido como rico, e algo timidamente superficial, que faz de “Aquamarine” algo tão bobo e… viciante. É a fórmula na qual Addison vem apostando e, até agora, tem conseguido bons resultados — obrigado Charli xcx.

Selo: Columbia
Formato: Single
Gênero: Pop

Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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