★★★☆☆
3/5
O fator motivador da arte de Lido Pimienta, e que esteve muito bem representado em seus discos La Papessa (2016) e Miss Colombia (2020), é a simplicidade com a qual ela costuma amarrar suas narrativas e sons centrados em suas raízes culturais, e que por isso sempre houveram contornos mais próprios, ou seja, que inconscientemente sabiamos que se tratava de algo genuíno dela. Em La Belleza, disco inspirado tanto pela música litúrgica das missas de réquiem católica quanto pelo uso de cravo na trilha composta por Luboš Fiser para o filme tcheco Valerie and Her Week of Wonders, de 1970, nos distanciamos desses elementos centrais, anteriormente citados.
O disco usa e abusa de uma grandeza estilística, como se quisesse soar colossal o tempo todo, mesmo quando há a impressão de que Lido tenta atingir esses seus temas passados que aqui passam a ser representados de outra forma. E é justamente aí que, La Belleza, parece se perder em sua – forçosamente – intensa construção de som que se volta para a música de concerto, espelhando sinais de modern classical que ficam deslocados, sufocando os ritmos tradicionais que outrora fizeram dela um nome de destaque.
E, por mais que haja uma profundidade no estudo de como usar sons orquestrais, e que são nítidos aqui, estes soam diluídos pela imprecisão dos caminhos que a artista busca seguir. Essa tem sido a lógica de composição muito comum na música pop alternativa nos últimos dez anos, e faz total sentido, quando a seriedade de fazê-lo não se torna a intenção máxima. A ancestralidade de Lido, apontada aqui, passa por caminhos interessantes no que se refere às percussões, e parece estacionar aí, não vai nem pra frente e muito menos para trás, pois se avançar corre o risco de perder a mão e soar futurista demais, e se retroceder, encontrará um vazio que pouco condiz com o que busca transmitir.
Selo: Anti-
Formato: LP
Gênero: Pop / Art Pop, Modern Classical