Crítica | Mucha Lucha, Poca Plata


★★★☆☆
3/5

A música de raízes hispânicas da América Latina é a sensação do momento. Até mesmo aqui no Brasil, essa onda tem se reinventado de forma única. E um dos melhores exemplos vem da banda paulistana Bazuros, que mistura ritmo uma dúzia de ritmos, incluindo os genuinamente brasileiros, com a cumbia. Em Mucha Lucha, Poca Plata, álbum de estreia, suas influências colombianas são bem nítidas, mas ao mesmo tempo fica claro que é um som feito em terras brazucas.

Musicalmente, o trabalho vai além das percussões tradicionais do gênero (como maracas, guache e tambores) e dos instrumentos de sopros indígenas, como cañas de Millo e gaitas. Há, também, a presença de guitarras – com toques alternativos – e instrumentais mais sintéticos, que adicionam uma camada de modernidade ao som tradicional. Essa mistura é ricamente interessante, considerando que a cumbia nasceu da fusão de culturas e sons marginalizados. Isso dá ainda mais sentido ao termo com que o grupo define seu som: cumbia punk.

Aqui também é utilizada uma estrutura pop, o que torna o disco mais acessível e com sons mais próximos de nós. Um bom exemplo disso é a faixa "Rainha da Sudaka", que une o carimbó a uma espécie de lambada cumbiana, criando uma linda conexão entre esses dois mundos. Mucha Lucha, Poca Plata passa longe, por estes motivos, de qualquer apropriação, ou mera referência ao som que tem seu contexto muito bem definido. Aqui é ouvido uma transformação autêntica, onde a banda paulistana abraça a cumbia de forma respeitosa, moldando o gênero com suas referências locais e um olhar contemporâneo.

Selo: Läjä Records
Formato: LP
Gênero: Música Latina / Hispanófona / Cumbia

Vit

Sou a Vit, apaixonada pelo universo musical desde que me entendo por gente, especialmente por vocais femininos. Editora sênior e repórter no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de Música Latina/Hispanófona e Pop.

Postagem Anterior Próxima Postagem