Entre nós: AM I THE DRAMA? - Cardi B


Leia o que os nossos redatores Matheus José, Marcelo Henrique, Vit, Davi Bittencourt, Antonio Rivers e Viviane Costa acharam do novo disco de Cardi B.

De vez em quando, nossos redatores se reúnem em torno de um disco de destaque – seja pelo lado positivo ou negativo – para compartilhar de forma ampla a visão coletiva sobre a obra em questão. É quase um papo entre nós, e o escolhido de hoje é AM I THE DRAMA?, de Cardi B.



Matheus José: O que mais me entristece é o fato deste álbum não ser apenas muito plano, repetitivo, com músicas muito parecidas e sem ideias além das mesmas que Cardi B vem abordando nos últimos anos, e sim o fato de ser uma enorme e discrepante queda quando comparado ao Invasion Of Privacy. Olha, eu entendo quem diz que não faz sentido comparar obras diferentes, mas é impossível de não fazer isso, pois parece que a própria Cardi B se deu conta de que nunca irá lançar algo tão bom quanto aquilo, que desistiu de tentar.

Marcelo Henrique: Concordo que esse álbum não chega aos pés do Invasion Of Privacy, mas, sinceramente, não consigo pensar em nenhuma outra rapper que tenha lançado um disco tão bom quanto ele desde então. E eu acho que a Cardi seria a única capaz de fazer isso. Depois de 7 anos, eu queria que ela tivesse feito isso. Mas é notável que a mão da gravadora pesou demais nesse disco novo, a começar pela quantidade exacerbada de faixas que mais parece uma tentativa de emplacar um hit a qualquer custo. Mesmo assim, tem uns momentos divertidos… Tá liberado dizer que “Pretty & Petty” é a melhor diss dos últimos anos?

Vit: Às vezes precisamos julgar pela capa sim. Ok, falando sério agora, AM I THE DRAMA? não chega ser um trabalho horrendo, que era o que eu esperava. Porém, ele é bem chato e repetitivo. Algumas faixas realmente são péssimas, como aquela parceria com a Selena Gomez e a parceria com a Lizzo com uma péssima reimaginação “What’s Up?”. Porém, tem algumas que me surpreenderam positivamente, como “Hello” e “Killin You Hoes”, mas nada que me faça ouvir novamente. Até porque eu me arrastei ouvindo tantas faixas parecidas por mais de uma hora. E bem, “Up” e “WAP” em um novo disco de estúdio em 2025? Acho que isso só demonstra o quanto a Cardi parece perdida na sua própria carreira.

Davi Bittencourt: AM I THE DRAMA? pra mim é um disco que não tem nenhum compromisso além de ser uma coleção de faixas divertidas e, nisso, ele é competente. São faixas que pouco intrigam e soam extremamente básicas, porém garantem uma experiência minimamente cativante. É uma coisa que muitos rappers falham em fazer ao construir álbuns absurdamente extensos, mas Cardi B surpreendentemente tem êxito em executar. É o básico feito de forma decente e que não fica cansativo.

Antonio Rivers: Acredito que não há nada mais frustrante para um artista do que lançar um álbum e o resultado ser o completo vazio, um trabalho cuja presença ou ausência no mundo é indiferente. Essa é exatamente a sensação ao ouvir I AM THE DRAMA?, após quase sete anos de espera desde Invasion of Privacy, escutar este álbum é apenas um atestado de que Cardi B, no momento, não tem nada de novo a oferecer. O disco se arrasta em flows entediantes e repetições tediosas e, e não satisfeita, coloca Summer Walker em duas faixas, simplesmente não tinha como isso dar certo.

Matheus José: Discordo e concordo com o Davi. Concordo que muitos rappers hoje em dia perdem a noção da diversão ao criar álbuns longos. No entanto, discordo que Cardi B tenha feito o oposto deles. Para mim, os momentos divertidos aqui são justamente “Up” e “WAP”, que foram criadas em um momento que claramente não se conecta com o resto do álbum. Observe que ela coloca essas duas músicas no final, para que os ouvintes determinados a ouvir o álbum inteiro tenham que passar pelas faixas mais chatas e tediosas para chegar a esses destaques.

Viviane Costa: Concordo com o Davi quando ele diz que esse disco não passa de uma coleção de faixas. Realmente, 23 músicas exigem uma escuta muito particular, o que, para mim, é cansativo e se faz desnecessário. É inegável que Cardi B é uma das poucas rappers emblemáticas na cena do rap/hip hop e, em um mercado musical tão voltado para a mídia, me impressiona que ela tenha achado sensato lançar algo tão longo. Em contrapartida, a construção do álbum é muito condizente com o que entendemos, de fato, que ela queira ter passado quando falamos de presença e musicalidade. Acho que ela conseguiu explorar sua potência, principalmente evidenciando artistas mulheres — em sua maioria —, o que a permitiu experimentar vozes, sonoridades e a própria estética dentro do rap. Dado isso, minhas faixas favoritas do disco foram todas feats com artistas mulheres: “Pick It Up” com Selena Gomez, “On My Back” com Lourdiz, “Principal” com Janet Jackson e “Nice” com Tyla. Já as faixas com Summer Walker se provam as mais tediosas de toda a tracklist. Por fim, acredito que funcionaria bem mais se ela tivesse seguido uma linha focal, uma produção de poucas músicas, parcerias surpreendentes e mantivesse sua característica principal: a voz performática.

Aquele Tuim

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