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Imagem: reprodução |
Membros da OGEF comentam sobre a produção da mixtape, referências na carreira e projeções para o futuro.
A marca de roupa OGEF nasce do desejo de Germano de trabalhar com algo que misturasse a moda e o hip hop em uma coisa só, algo que ele via presente em outros grupos de rap, como Odd Future, Wu-Tang e Griselda. Em 2020, ao lançar um de seus álbuns, deu início à merch baseada no projeto, que teve grande aderência do público. Lançar a OGEF, firmando a marca como um selo de fato, é a realização de um sonho.
“Foi uma coisa que eu sempre quis, foi uma parada que eu sempre via na marca. E eu acho que agora a galera tá meio que entendendo. O tempo todo da marca, sempre teve na essência da OGEF”, diz Germano. Sonho este em que quatro amigos se tornam os heróis do bairro, rimando, produzindo e criando como bem entendem.
Em entrevista, Germano conta como a mixtape foi fruto de um processo que durou quase um ano. Em 2024, o rapper carioca trabalhava na finalização do seu último álbum solo, As Crônicas de um Neguin, e diz que, durante esse período, produzia desenfreadamente beats e músicas — muitas das quais não entraram no projeto final. No meio desse processo, Slimecria e Yan Fé também iam ao estúdio gravar. Matchola complementa dizendo que começou a colaborar com OGermano nesse mesmo período, produzindo em conjunto a faixa “Foi Mal Aí”, do álbum, além de mixar e remasterizar todo o projeto, e também participar de outras músicas. Naturalmente, a mixtape foi nascendo a partir de uma parceria que se formou de maneira inusitada e se fortaleceu através do hip hop, unindo faixas produzidas em momentos de resenha pura.
A produção do álbum se construiu de forma conjunta entre essa dupla dinâmica. Matchola entrou no projeto com diferentes referências, entregando um “corpo” para as músicas, como menciona Germano — algo perceptível em diversas faixas. Ouvindo OGEF Mixtape Vol. 1, é possível notar nuances do hip hop e inspirações que transitam entre o rap nacional e a cena gringa. Ambos os artistas carregam um repertório lírico e estético que influencia diretamente no trabalho.
Em “Parte dos Ganhos”, faixa favorita de Germano, a presença do rap old school e a famosa “caneta” tomam conta da tape. Destaque para o flow do grupo como um todo: há um encaixe bem articulado entre os versos, além de uma virada onde Matchola evidencia uma de suas maiores referências, o rapper e produtor J Dilla. O piano segue conduzindo a música, mantendo as rimas no mesmo ritmo. Outro momento de destaque é “Nunca Ando Só”. Com uma variedade de elementos que compõem a faixa, desde os vocais cantados no refrão até os scratches bem ritmados, Matchola teve liberdade de criação para trazer ideias diferentes que complementassem o projeto, misturando o boombap com outros gêneros musicais, como o pop.
Falando em referência, num momento mais descontraído da entrevista, os dois rappers comentam sobre suas maiores influências no rap e os nomes com quem gostariam de colaborar futuramente.
Germano: “Minhas influências, assim, do rap nacional, são Shawlin — pra mim ele é o 01 —, D2, Sain... Eu gosto dos malucos lá do Quinto Andar. A galera da Wu-Tang, o próprio Tyler, Eminem, Dre, Kanye, Pharrell. Pô, mas... J Dilla na produção também. Eu comecei pra caraca por conta do Nitcho. [...] o Matchola fez uma parada meio J Dilla também, que eu gostei. Q-Tip, galera de De La Soul, Tribo e toda a galera da Native Tongues.”
Matchola: “Minha influência é basicamente a mesma que a do Germano, tanto que foi isso que uniu a gente, foi isso que inspirou a gente a fazer os projetos, tá ligado? E como ele falou, eu gosto muito de rap, tenho as mesmas inspirações, as mesmas referências, desde D2 até os mais novos que estão aí [...], mas minha influência maior sempre foi gringa também, principalmente na produção. Pra essa mixtape, teve muita influência da galera da Odd Future, e de beats e produções como as do J Dilla, Kenny Beats, essa galera. Eu sempre gostei desses beats que são um pouquinho sujos, mas têm um pouquinho de brilho ali [...] é uma mistura que você coloca um pouquinho do que é o pop com o rap sujo mesmo [...] então foi basicamente essa ideia que a gente teve pra fazer essa mixtape. As influências da gente são as mesmas, o próprio Tyler foi o que uniu a gente — de estética, de beat, de musicalidade, de tudo.”
Germano: “Rex Orange County, eu gosto dele. Ah, eu gosto dele, da Clairo... As influências pop também.”
Talita: “Vocês gostam de misturar isso também?”
Matchola: “Sim. Eu, particularmente, gosto muito do indie, e às vezes gosto de misturar ele com o rap. Tanto que rolou essa mistura em algumas músicas da mixtape. Visão, mesmo, eu tentei trazer um coro mais indie, uma pegada, uma levada mais indie rock. É o que eu gosto e gosto de trazer isso pro meio do rap. E é basicamente a mesma coisa que o Germano tem de mindset na hora de produzir.”
Em entrevista, Germano conta como a mixtape foi fruto de um processo que durou quase um ano. Em 2024, o rapper carioca trabalhava na finalização do seu último álbum solo, As Crônicas de um Neguin, e diz que, durante esse período, produzia desenfreadamente beats e músicas — muitas das quais não entraram no projeto final. No meio desse processo, Slimecria e Yan Fé também iam ao estúdio gravar. Matchola complementa dizendo que começou a colaborar com OGermano nesse mesmo período, produzindo em conjunto a faixa “Foi Mal Aí”, do álbum, além de mixar e remasterizar todo o projeto, e também participar de outras músicas. Naturalmente, a mixtape foi nascendo a partir de uma parceria que se formou de maneira inusitada e se fortaleceu através do hip hop, unindo faixas produzidas em momentos de resenha pura.
"Eu tava criando As Crônicas de um Neguin e eu chamava os moleques pra vir aqui pra OGEF, pra gente ficar meio que resenhando. E, no fim, todo mundo passava a voz. [...] Eu queria que tivesse um projeto da OGEF e agora nem cai a ficha que esse bagulho tá na pista, mano", afirma Germano.
A produção do álbum se construiu de forma conjunta entre essa dupla dinâmica. Matchola entrou no projeto com diferentes referências, entregando um “corpo” para as músicas, como menciona Germano — algo perceptível em diversas faixas. Ouvindo OGEF Mixtape Vol. 1, é possível notar nuances do hip hop e inspirações que transitam entre o rap nacional e a cena gringa. Ambos os artistas carregam um repertório lírico e estético que influencia diretamente no trabalho.
Em “Parte dos Ganhos”, faixa favorita de Germano, a presença do rap old school e a famosa “caneta” tomam conta da tape. Destaque para o flow do grupo como um todo: há um encaixe bem articulado entre os versos, além de uma virada onde Matchola evidencia uma de suas maiores referências, o rapper e produtor J Dilla. O piano segue conduzindo a música, mantendo as rimas no mesmo ritmo. Outro momento de destaque é “Nunca Ando Só”. Com uma variedade de elementos que compõem a faixa, desde os vocais cantados no refrão até os scratches bem ritmados, Matchola teve liberdade de criação para trazer ideias diferentes que complementassem o projeto, misturando o boombap com outros gêneros musicais, como o pop.
Falando em referência, num momento mais descontraído da entrevista, os dois rappers comentam sobre suas maiores influências no rap e os nomes com quem gostariam de colaborar futuramente.
Germano: “Minhas influências, assim, do rap nacional, são Shawlin — pra mim ele é o 01 —, D2, Sain... Eu gosto dos malucos lá do Quinto Andar. A galera da Wu-Tang, o próprio Tyler, Eminem, Dre, Kanye, Pharrell. Pô, mas... J Dilla na produção também. Eu comecei pra caraca por conta do Nitcho. [...] o Matchola fez uma parada meio J Dilla também, que eu gostei. Q-Tip, galera de De La Soul, Tribo e toda a galera da Native Tongues.”
Matchola: “Minha influência é basicamente a mesma que a do Germano, tanto que foi isso que uniu a gente, foi isso que inspirou a gente a fazer os projetos, tá ligado? E como ele falou, eu gosto muito de rap, tenho as mesmas inspirações, as mesmas referências, desde D2 até os mais novos que estão aí [...], mas minha influência maior sempre foi gringa também, principalmente na produção. Pra essa mixtape, teve muita influência da galera da Odd Future, e de beats e produções como as do J Dilla, Kenny Beats, essa galera. Eu sempre gostei desses beats que são um pouquinho sujos, mas têm um pouquinho de brilho ali [...] é uma mistura que você coloca um pouquinho do que é o pop com o rap sujo mesmo [...] então foi basicamente essa ideia que a gente teve pra fazer essa mixtape. As influências da gente são as mesmas, o próprio Tyler foi o que uniu a gente — de estética, de beat, de musicalidade, de tudo.”
Germano: “Rex Orange County, eu gosto dele. Ah, eu gosto dele, da Clairo... As influências pop também.”
Talita: “Vocês gostam de misturar isso também?”
Matchola: “Sim. Eu, particularmente, gosto muito do indie, e às vezes gosto de misturar ele com o rap. Tanto que rolou essa mistura em algumas músicas da mixtape. Visão, mesmo, eu tentei trazer um coro mais indie, uma pegada, uma levada mais indie rock. É o que eu gosto e gosto de trazer isso pro meio do rap. E é basicamente a mesma coisa que o Germano tem de mindset na hora de produzir.”
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Capa da Mixtape OGEF Mixtape Vol. 1, desenvolvida por Matchola |
Além de possuírem grandes referências dentro do universo do hip hop, ambos são fortemente ligados pelo visual e buscaram refletir isso no projeto. A própria capa foi desenvolvida por Matchola, que, modestamente, diz ter se arriscado a tentar fazer algo que refletisse o conceito da mixtape, trazendo uma identidade retrô, inspirada em HQs dos anos 80 e 90. Além disso, o produtor conta que a capa também é inspirada nos trabalhos do falecido rapper MF DOOM. A ideia de transformar os membros da gravadora em super-heróis, como na Liga da Justiça, traz leveza e destaca a personalidade de cada um como personagem — como se, em vez de estarmos assistindo a um desenho, estivéssemos ouvindo situações do dia a dia deles, falando de amor, amizade, rima e problemas que às vezes só acontecem na internet.
Ao serem questionados sobre projetos futuros e sobre como a OGEF se posiciona agora como selo, Germano e Matchola destacam um novo projeto, desenvolvido durante o período em que Matchola saiu da Bahia e foi para o Rio de Janeiro. Sem datas confirmadas, eles revelam que foi um processo criativo proveitoso, em que ambos puderam contribuir ativamente, tanto na produção quanto nas rimas, tudo feito no estúdio da OGEF. Germano ressalta que os dois criaram tudo do zero, produzindo batidas próprias para incorporar no projeto, que no fim resultou em quase 60 faixas — mas apenas 10 foram selecionadas, contando com feats que, por enquanto, não foram divulgadas, mas que prometem surpreender. Além disso, há um interesse mútuo em desenvolver um futuro Volume 2 da mixtape com o grupo completo, embora ainda não haja nada confirmado.
Fora os lançamentos, Germano fala sobre a possibilidade de levar a mixtape para os palcos. Mesmo sendo um cara tímido, que curte fazer música sozinho, estar com sua namorada e amigos, ele vê valor e sente gratificação em receber o reconhecimento do público que acompanha um trabalho que está com ele há oito anos, mas que agora começa a enxergar tomando forma de fato.
“É maneiro ver a galera curtindo o trabalho de verdade [...] É um bagulho que a gente fez aqui e, tipo, chegou em você, que é de outro estado. [...] Eu faço música há oito anos, a OGEF começou por conta de um disco meu. É um caminho que eu sempre quis e, pô, tá, junto de pessoas como o Matchola, o Slime e o Yan também, é muito maneiro, fico feliz demais”, finaliza Germano na entrevista.