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Segundo o comunicado de imprensa, Fleurs mortes levou anos para ser finalizado. O processo se estendeu até a turnê europeia de Nahash com colegas da gravadora, o selo SVBKVLT. No mesmo período, o artista havia trabalhado em outras obras, como o disco Bait, em parceria com Osheyack, lançado no ano passado. Embora seja distinto, nota-se, aqui, muita coisa de lá, essencialmente a atmosfera propositalmente confusa em decorrência da quantidade de texturas, ideias, estilos e meios usados para a composição das faixas. Há que se dizer, neste sentido, sobre a hipotética diversidade com que o som aqui se constrói. É híbrido? Não, nem um pouco.
Por isso, cada faixa parece ser um mundo à parte. Como se Nahash visse a necessidade de trazer um som diferente, uma estética contrastante, em cada peça por ele desenvolvida. Isso nos dá a impressão de que, ou ele está completamente certo do que pretende entregar, ou este é um improviso muito bem feito. Nos dois casos, o sentimento é o mesmo: Fleurs mortes atira demais para todos os lados, e o saldo disso é que pouco nos entendemos ou dialogamos com essa diversidade por ele disposta. O design de som é certeiro, por um lado, em empregar tantas ideias e fazê-las com certa ternura e atenção às melodias, nada foge o suficiente das mãos dele.
Inspirado pela “energia bruta da rave dos anos 90”, Nahash parece compreender e calcular bem os limites do som que quer entregar, por isso Fleurs mortes se delimita facilmente por uma energia pé no chão no sentido de como, forma ou circunstância, chegará até nós. E é em momentos como “Dwindling”, com baterias rítmicas mais grossas, fragmentos vocais de fundo, e uma atmosfera dub, que isso fica evidente, pois no meio de tanta bagunça, ele ainda encontra um jeito de dizer o que está fazendo, expor a ciência de seus atos tomados pela furtividade eletrônica sem rédeas, que se perder e se encontrar na mesma velocidade.
Selo: SVBKVLT
Formato: LP
Gênero: Eletrônica