Revisando Discografias: Miley Cyrus


Com Something Beautiful prestes a ser lançado, o Aquele Tuim resolveu se debruçar sobre a discografia de Miley Cyrus, artista que nem sempre teve seu lugar respeitado na música pop, mas que construiu uma trajetória difícil de ignorar. Muita gente ainda associa a sua imagem à época de Hannah Montana, quando virou febre mundial como estrela da Disney. Mas desde aquele tempo já era perceptível que Cyrus continha uma certa ambição — seu primeiro disco solo, lançado junto com a trilha da série, foi o início de uma caminhada que nunca mais parou.

Ao longo dos anos, Miley passou por diversas fases e é importante frisar que isso nem sempre agradou todo mundo; a ajuda, por vezes, não vinha nem da própria artista, com toda nova era que se iniciava fazendo questão de destacar que suas personas anteriores não a representavam mais. Mas afinal, qual artista não faz isso?

Quando lançou Bangerz, em 2013, muita gente achou exagerado, forçado, ou uma tentativa fútil de chocar - o que falhou. Mas é inevitável não destacar como o tempo mostrou que aquele disco marcou uma virada real na carreira de Miley. Ela queria de certa forma experimentar, testar limites, mudar de som e mudar, principalmente, a sua imagem. Isso continuou em outros projetos como em Dead Petz, o resgate country de Younger Now, e o flerte com o rock oitentista em Plastic Hearts. Mesmo nos momentos mais confusos, ficou claro que ela não estava tentando seguir uma fórmula. Diante disso, resolvemos nos colocar diante da obra da artista com mais atenção e focar em uma carreira que nunca se acomodou:





Meet Miley Cyrus
2007
★★★☆☆

Lançado em junho de 2007 como parte do álbum duplo Hannah Montana 2 / Meet Miley Cyrus, o disco marcou a estreia oficial da carreira solo da cantora fora da personagem Hannah Montana. Com forte apelo adolescente, serviu como o primeiro passo de Miley rumo à consolidação como artista pop, apresentando um som mais voltado ao pop rock e letras que falam sobre o primeiro amor, liberdade e a busca por sonhos.

A faixa de maior destaque, “See You Again”, tornou-se um verdadeiro fenômeno, sendo a música mais ouvida do álbum e a primeira da carreira a entrar no Top 100 da Billboard — um marco que antecipava o sucesso comercial dos lançamentos seguintes. Em outras faixas, como “As I Am”, Miley explora temas de aceitação e identidade, cantando sobre encontrar alguém que goste de você como você é. Já “I Miss You” traz uma carga emocional rara para um álbum teen da época, por ser dedicada ao avô da artista, falecido pouco antes da estreia da série.

Embora represente um passo importante na transição de sua imagem, Meet Miley Cyrus soa convencional quando comparado ao que viria nos anos seguintes. O disco é claramente um produto feito para vender a persona da estrela teen fora da TV, ainda preso às fórmulas da Disney. Apesar de suas limitações, cumpre bem o papel de introduzir ao público uma nova camada de Miley: mais pessoal, autoral e ambiciosa — o início de uma jornada que, mais tarde, a levaria por caminhos ousados e transformadores dentro da música pop. - Viviane




Breakout
2008
★★★☆☆

Breakout
 foi o segundo álbum que tentou mostrar mais da Miley Cyrus como artista solo, deixando de lado sua personagem Hannah Montana. Mas será que isso finalmente funcionou? Claro que não completamente. Miley entregou um álbum pop, como esperado para época, tentando refletir suas experiências pessoais como adolescente. Ela fala sobre sua vida amorosa, sobre como é chato ter que seguir regras – e isso é algo compreensível para quem tinha 16 anos na época. Ser uma cantora adolescente, na maioria das vezes, significa cantar sobre futilidades, e isso não é um problema. A diferença é que Miley soube fazer isso.

A faixa de abertura, que dá nome ao álbum, é um pop rock bem divertido, daqueles que dão vontade de dançar, com um refrão extremamente harmonioso. Em seguida, temos “7 Things”, a clássica música sobre ex, que retrata como um relacionamento adolescente pode parecer muito melhor do que realmente foi. É quase um clichê artistas adolescentes criarem uma “série” sobre suas vidas amorosas – às vezes chega a ser cômico, e nesse caso, funciona muito bem. No entanto, a escolha de incluir um cover de “Girls Just Wanna Have Fun” talvez não tenha sido a mais criativa, mas a produção conseguiu adaptá-la bem ao estilo de Miley, e o resultado é até convincente.

Conforme o álbum avança, é interessante notar como as faixas podem mudar. “Fly On The Wall”, por exemplo, parece saída direto do início da carreira de Lady Gaga – o que só mostra o quanto Miley é (e sempre foi) uma artista bem diversa; o alcance vocal dela nessa música é impressionante. Diante disso, é possível afirmar que Breakout representa, sim, uma tentativa concreta de Miley Cyrus de consolidar sua trajetória para além do universo Disney. Embora não tenha sido totalmente bem-sucedido nesse objetivo, o álbum revela um equilíbrio interessante entre a identidade jovem da cantora e os primeiros sinais de amadurecimento artístico. Dezessete anos depois, ainda vale a pena se divertir ouvindo. - Alicia Cavalcante




The Time Of Our Lives
2009
★★☆☆☆

Após duas eras comportadas sob o contrato com a Disney, Miley Cyrus começou a dar os primeiros sinais de rebeldia no EP Time of Our Lives, lançado em 2009. Com ele, a cantora deu indícios de que poderia ser mais do que só uma estrela do canal infantil, passando a ter sucessos conhecidos não mais apenas por crianças e adolescentes fãs de Hannah Montana. “Party in the U.S.A.” rapidamente tornou-se a assinatura da carreira de Miley na forma de um hino patriótico com sintetizadores viciantes. O sucesso até hoje é uma das faixas mais reconhecíveis de imediato em sua discografia.

O pop rock dos trabalhos anteriores finalmente alcançou a puberdade com a faixa “Kicking and Screaming”, um dos destaques da fase bebê rockeira da artista. O foco do projeto, no entanto, foi deslocado para baladas esterilizadas que tentaram forçar uma maturidade a mais para Miley: “When I Look at You”, parte da trilha sonora do meloso filme A Última Música, “Obsessed” e o grande hit “The Climb”, que chegou a ser bem sucedido em sua missão. Porém, a verdadeira maturidade vocal só seria alcançada pela cantora anos mais tarde.

Time of Our Lives era um presságio do que estava por vir. O trabalho de transição serviu para associar Miley a uma imagem razoavelmente mais madura. Foi o momento das primeiras controvérsias da artista com suas apresentações levemente provocantes em premiações, algo que, até então, era inédito para a opinião pública. Ainda que limitado pelas regras da Disney, o EP concentra sutis vislumbres do que viriam a ser as eras Can’t Be Tamed e Bangerz. - Tobia Ferreira




Can’t Be Tamed
2010
★★★☆☆

Um ano depois, os presságios anunciados em The Time Of Our Lives (2009) se confirmariam: em Can't Be Tamed (2010), Miley Cyrus dá início à sua marcha rumo à própria liberdade. E isso faz com que o álbum, apesar de ter sido severamente criticado e conter falhas significativas, seja um dos mais expressivos da sua discografia. Apesar de multifacetada, a artista tem como a irreverência uma de suas maiores características até hoje, e isso começa a ser expresso com clareza justamente nesta obra, que dá início a uma nova era musical de Cyrus e faz com que sua famosa personagem Hannah Montana seja, finalmente, “morta e substituída”.

Can't be Tamed é óbvio em seu objetivo logo de início: “Liberty Walk”, faixa de abertura, é um grito de liberdade que discorre sobre ser quem se é, desprendendo-se de julgamentos e amarras de outras pessoas. Há outras ótimas faixas que propulsionam essa ideia, como os singles “Who Owns My Heart”, que prega sobre uma possível e elétrica paixão construída nas pistas de dança (o que também evidencia a mudança do pop rock para o dance pop e o eletrônico), e “Can't Be Tamed”, homônima que versa sobre a impossibilidade de ser domada e mudada. Esta última foi marcada como um dos principais singles da carreira de Miley Cyrus e, na época, funcionou como um ótimo hino à liberdade de adolescentes dos anos 2000 (sim, fui um deles).

É inegável que essa explosão não foi corretamente medida do ponto de vista estratégico, até mesmo por ser um marco inicial e por Miley ter por volta dos seus 17 a 18 anos. Há muitas baladas espalhadas pelo álbum que atrapalham sua execução e, ao mesmo tempo, essas músicas são as que justamente soam mais bem produzidas, evidenciando que as faixas de cunho libertador são “menores”, mais sujas e até bagunçadas, fazendo com que, de um lado, conservadores fãs da versão “boazinha”, difundida sobretudo pela Disney, deixassem de ouvir as músicas de Cyrus e, de outro, a crítica musical entendesse o álbum como uma tentativa imatura, agressiva e frustrada de rebeldia, gerando repressão até mesmo da Hollywood Records, sua gravadora na época. Para muito além de quaisquer represálias, porém, faltou que todos enxergassem que nascia ali a cantora pop que faz, até hoje, da rebeldia, da versatilidade e da irreverência seus maiores canais de expressividade, atributos que seriam lapidados e amadurecidos ao longo de sua trajetória. - Raquel Nascimento




Bangerz
2013
★★☆☆☆

Hoje em dia, Bangerz soa como um tipo ultrapassado de música. Claramente não foi feito para ir além da fórmula mais popular (e muitas vezes irritante), do pop do começo dos anos 2010. Ainda assim, é um álbum que merece ser escutado, não necessariamente por suas qualidades, mas pelo esforço de tentar romper a barreira entre a música pop, eletrônica e uma forma mais agressiva de hip-hop; algo que se tornaria uma obsessão nos anos seguintes da carreira de Miley.

Alguns momentos do álbum dão a impressão de que a artista estaria alcançando uma forma diferente de electroclash, ou incorporando um estilo mais descompromissado de música eletrônica. A verdade, porém, é que isso não acontece; essa é apenas uma ilusão. Bangerz não diz muito além do óbvio: é plano e previsível, embora, por vezes, se aventure um pouco mais longe que seus contemporâneos. Essa ilusão, no entanto, é justificável. Grande parte da carreira da cantora é marcada por uma busca perdida entre sonoridades, sem saber exatamente como tirar o melhor proveito delas. Em Bangerz, ela acreditou que o melhor caminho era o meio — e a justificativa surge não porque ela o encontre de fato, mas porque esse meio, embora previsível, é divertido.

O álbum se apresenta como uma espécie de quimera: não é uma obra completa, interessante ou sequer destacável (diante de seus contemporâneos), mas representa um jeito de falhar, e, arrisco dizer, um jeito mais interessante do que o que vemos hoje em dia. Após o fenômeno Britney Spears, tornou-se comum que os álbuns dos maiores artistas pop do mundo fossem desconexos, incompletos; muitas vezes, essa é até a regra, pois a música não é necessariamente o produto mais importante para esses artistas, do ponto de vista industrial. Mas se há algo a se aprender com Bangerz, é que, se você for seguir essa lógica industrial, é melhor fazê-lo com um pouco de sentimento, sem medo de dar uns tropeços. - Tiago Araujo




Miley Cyrus & Her Dead Petz
2015
★★★★☆

Lançado de forma independente pela Smiley Miley, Inc. Miley Cyrus & Her Dead Petz foi anunciado durante o MTV Video Music Awards de 2015 como o quinto álbum de estúdio da artista. Diferente do que vimos em seus trabalhos anteriores, este projeto escapa de qualquer formato tradicional e revela um lado mais pessoal e emotivo de Miley. Com uma produção densa, texturizada e muitas vezes lúdica, o álbum caminha entre estruturas pop com reviravoltas e composições que se soltam de qualquer linearidade, o que torna a experiência de escutá-lo imprevisível e, por isso, intrigante.

Ao longo do disco, é possível perceber a oscilação entre o colapso emocional e a irreverência, numa espécie de catarse sonora que reflete o estado interno da artista. Certas faixas são quase lamentos cósmicos sobre abandono, costurados por ganchos melódicos e mudanças de tom que, embora drásticas, mantêm o controle da narrativa. Além disso, as letras são marcadas por uma ternura que se confronta com palavrões, sarcasmo e imagens surreais, o que provoca um contraste proposital entre o absurdo e o existencial. Miley, mais que nunca, parece se despir de qualquer expectativa pública, mergulhando em um espaço onde o caos e a liberdade coexistem.

Dead Petz, nesse sentido, vem a ser uma declaração de individualidade que não busca uma aprovação. É um álbum que recusa moldes, mas também não se resume à rebeldia gratuita — ele articula um desejo de liberdade atravessado por consciência expandida, referências infantis e reflexões íntimas. Ainda que soe desorganizado e contraditório em muitos momentos, esse caos parece, paradoxalmente, bem calculado, como uma escolha estética e emocional que nem todo o público entende. Miley se propõe a desmantelar sua imagem e sua música, e o resultado disso é depreciativo. Mas é uma forma de dizer que o Dead Petz não é para todo mundo. - Brinatti




Younger Now
2017
★★☆☆☆

Não é segredo para ninguém que Miley Cyrus vem de uma linhagem musical profundamente enraizada no country. Sua vida – sempre escancarada ao público – foi moldada por inspirações estéticas e colaborações que misturavam seu DNA musical ao cenário mainstream da época. Após uma jornada disruptiva que rompeu com a persona doce da Disney em Bangerz, Miley pisa no freio e retorna de maneira imersiva às suas origens bucólicas em Younger Now. Por mais familiar que essa sonoridade seja para a artista, o resultado soa superficial – e, muitas vezes, francamente entediante.

Inicialmente, temos a sensação de adentrar em um ambiente aconchegante. O clima é etéreo, quase como uma energia à la Coldplay in “Viva La Vida”: batidas rápidas, mensagens motivadoras e uma entrega pessoal em “Malibu”, que é, de fato, linda. No entanto, Younger Now logo se revela uma armadilha de urso – um tipo de cilada sonora que prende o ouvinte em um sofrimento lento, à espera de um clímax que nunca chega. “Rainbowland”, parceria com sua madrinha Dolly Parton, parece saída de um filme adolescente, com seu excesso de estética country – gaitas, violoncelo, vocais narrativos – soando deslocada. Apesar de ser a faixa mais alinhada ao disco, ainda falha em cativar. O problema se intensifica à medida que outras músicas passam despercebidas (“I Would Die For You”) ou soam simplesmente ruins (“Love Someone”).

Hoje, observando a reconexão genuína de Miley com o country por meio de covers como “Jolene” e parcerias como “ll MOST WANTED” com Beyoncé, é inevitável concluir que Younger Now carece de autenticidade. Não apenas por sua guinada brusca – o que é até comum em artistas em transição –, mas pela fala de uma identidade clara. À época, Miley parecia perdida: entre ser destrutiva, intimidadora e sexy, ou doce, frágil e luminosa, faltou equilíbrio. O disco a empurra para os extremos, sem permitir que ela explore os tons intermediários que compõem sua complexa persona artística. Em resumo, o projeto é uma falsa tentativa de ressignificação pessoal e profissional. Os boatos de que a própria Miley não goste desse trabalho são inúmeros – e, talvez, com razão. - Lu Melo





SHE IS COMING
2019
★☆☆☆☆

Depois de uma incursão pelo country em Younger Now — um experimento que soou mais como um desvio turístico do que uma reinvenção —, Miley Cyrus retorna ao seu habitat pop em SHE IS COMING, mas com uma nostalgia que beira o anacrônico. O EP, concebido como a primeira parte de uma trilogia ambiciosa que nunca saiu do papel, revela-se menos um recomeço e mais um arquivo morto de ideias mal costuradas, como um rascunho abandonado no caminho para Plastic Hearts. A promessa de um "pop com influências de hip hop e trap" desaba em produções que soam como vestígios de tendências de 2016, como se o tempo tivesse congelado nos estúdios de alguém que ouviu Bangerz pela última vez em 2015.

A obsolescência do projeto é quase didática: em “Mother's Daughter”, a batida minimalista — que poderia ser uma ousadia — soa mais como economia de esforço, com uma letra que tenta empunhar bandeiras feministas, mas acaba reduzida a slogans de camiseta de loja de departamentos (a intenção é nobre, mas a execução parece acreditar que "empoderamento" se faz com sintetizador em modo piloto automático). Até a colaboração com RuPaul em “Cattitude", que prometia irreverência, resvala em um pop-rap preguiçoso, como se Cyrus tivesse pego emprestado um flow de karaoké trap para uma música que nem ela leva a sério. O electropop de “Party Up the Street" e “D.R.E.A.M” — soando como sobras de uma sessão de composição de Bangerz — reforça a sensação de que o EP é um acervo de referências desbotadas.

Até “Slide Away", single adicionado posteriormente como remendo nostálgico, fracassa em resgatar o projeto: a balada arrastada, embora líricamente vulnerável, se perde em uma produção que oscila entre o sintético e o sonolento. A exceção relativa é “The Most": faixa que, embora genérica em sua estrutura, permite que Cyrus explore sua voz sem se esconder atrás de autotune ou batidas descartáveis — um respiro em meio ao caos estilístico, ainda que breve. Mas há um triunfo oculto aqui: SHE IS COMING funcionou como um fracasso necessário. Ao lançar um projeto que oscila entre o desleixo e o autoplágio, Cyrus diminuiu as expectativas a níveis subterrâneos — uma estratégia involuntária que fez de Plastic Hearts, com seu rock calculadamente despojado, parecer uma obra-prima em comparação. - Antonio Rivers




Plastic Hearts
2020
★★★★☆

Ao longo da carreira de Miley Cyrus, foram frequentes as críticas acerca da dificuldade da artista em manter uma qualidade consistente em suas explorações por diferentes estilos, como no psicodélico Miley Cyrus & Her Dead Petz e no country de Younger Now. Plastic Hearts ganhou força na discografia da cantora justamente por ser o primeiro álbum em que ela conseguiu desenvolver um som satisfatório, sem deslizes significativos ao longo da obra.

Em Plastic Hearts, Miley Cyrus mergulha no cenário do pop rock oitentista, incorporando ganchos poderosos, ritmos dançantes do new wave e um uso marcante de sintetizadores – elementos que dominaram quase todos os estilos musicais mais populares daquela época, principalmente com a onda do synthpop, mas que ultrapassaram esse gênero. O álbum ainda apresenta algumas baladas emotivas que remetem fortemente às tendências dos anos 80. Acredito que Miley conseguiu representar esses aspectos de forma bastante positiva, a partir de faixas muito divertidas.

Essa execução cativante é um fator decisivo para a diferença de qualidade entre Plastic Hearts e os discos anteriores que também buscaram explorar novos ambientes sonoros. Enquanto Younger Now me parecia muito cansativo na utilização do country, e Miley Cyrus & Her Dead Petz, apesar de divertido, sofria com um som desconcertante – que, embora fosse sua melhor qualidade, por ser descompromissado com padrões estéticos uniformes da música pop, acabava pecando pelo excesso dessa característica –, Plastic Hearts parecia, na medida certa, encontrar um caminho artístico interessante para a artista. Nesse álbum, Miley demonstra boa habilidade e conhecimento suficiente das sonoridades apresentadas, aproveitando ao máximo suas referências ao pop rock oitentista. - Davi Bittencourt




Endless Summer Vacation
2023
★★★☆☆

Em mais uma de suas abordagens a diferentes facetas de sua personalidade, Miley Cyrus talvez tenha se encontrado em Endless Summer Vacation um de seus projetos mais simples e comerciais – mas, sob certo ponto de vista, também um dos mais eficazes. “Flowers” é, provavelmente, o maior hit de sua carreira até agora, e toda a atmosfera do álbum gira em torno dessa estética pop que parece prestes a decolar… mas recua antes de se estabelecer. Apesar de seu alcance popular, o single já soa envelhecido, vítima de sua própria repetição, e flerta com a ideia de ser animado – mas no fim, se revela apático e contido demais.

Ainda assim, o disco não é de todo problemático. “Jaded” e “Violet Chemistry” talvez sejam as faixas que melhor capturam o que a Miley buscava transmitir – tanto em termos sonoros quanto conceituais – com batidas midtempo. A dupla “Handstand” e “River” também contribui para dar fôlego à segunda metade do disco, evitando com que ele se torne completamente monótono.

Endless Summer Vacation pode ser frustrante, principalmente por vir na sequência de Plastic Hearts – talvez o trabalho mais querido da cantora. Aqui, Miley opta por um som linear, seguro e confortável, claramente moldado para se manter no topo das paradas. No entanto, a sensação é de que ela faz pouco esforço para sustentar esse sucesso. Ainda assim, talvez um dia relaxante e ensolarado, quando tudo o que se busca é uma trilha sonora leve e agradável, este álbum encontre o seu lugar. - João Vitor

Aquele Tuim

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