Crítica | Funkeiro


★★★☆☆
3/5

Em Funkeiro, WC no Beat tira os filtros e mergulha de cabeça na essência dos bailes funk do Brasil. Lançado de surpresa, sem os rituais de campanha e expectativa da indústria, o projeto é mais um capítulo na trajetória de um dos nomes que ajudaram a moldar o trap funk no país. Mas aqui, o foco não é fusão nem crossover, e sim a imersão em batidas de 150 bpm, mandelão, putaria e estética crua dos proibidões dos anos 2000. A faixa “Ela Não Para” dá o recado com seu beat seco e nostálgico, resgatando o grave intenso das antigas.

Com dez faixas, o disco funciona como uma colagem viva dos Brasis que o funk atravessa: de São Paulo ao Rio, de nomes do underground à energia dos virais. WC abre espaço para vozes da cena como Jean da Rocinha, Ari O Bala, MC GL e DJ Pelé, mantendo a rua como protagonista do projeto. “Mó Safada” é puro sabor carioca, enquanto “Deixa Rolar” aposta numa sonoridade mais moderna, mirando as dancinhas do TikTok e trazendo timbres que flertam com o drill funk, território sonoro explorado pelo produtor. E, na faixa final, “Sequência de Jogação” com MC GW, MC Raffa 22 e MC Danny mostra que o funk das ruas também tem vez no jogo grande.

Mais do que um disco, Funkeiro é um retrato de intenções, um manifesto sonoro das quebradas, feito por alguém que entende que funk não precisa de polimento para ser arte — e que pode, sim, olhar para o futuro sem se desconectar da sua base. É WC no Beat reafirmando seu lugar como cronista de um gênero que atravessa fronteiras e se reinventa o tempo todo. É baile, é rua, e também é visão de futuro.

Selo: Medellin Records
Formato: LP
Gênero: Funk / Trap Funk, Drill Funk

Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

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