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É um pouco esquisito ouvir Ashnikko em 2025. É o tipo de artista que soa tão presa ao momento do seu auge que, mesmo tentando – e há mérito nisso – se reinventar, parece que nada é capaz de tirar dos seus ombros o peso do passado. E esse é o maior problema de Smoochies. A situação piora ao perceber que o álbum, em termos estéticos, percorre os mesmos caminhos de sempre, retomando o que ela já fazia em 2021.
São batidas de electro pop, com arranhões de baixo e baterias dramáticas que conduzem o som aos trajetos mais básicos possíveis do bubblegum bass, sem ousar com vigor nos terrenos do que foi o hyperpop, um território que, hoje, parece ter sido abandonado por todos que dele faziam parte. Nada, porém, é pior que a escrita e suas estruturas de pop rap. “Skin Cleared” dá a impressão de ser algo que Doja Cat lançaria em Planet Her – nos instantes menos inspirados possíveis, claro. É uma faixa boba, que nem cresce nem diminui, e por isso fica num meio-termo de tudo o que mistura em torno de sua composição.
“Microplastics” e “Sticky Fingers” surgem com inspiração no pop dos anos 2000, mirando em Britney Spears, Fergie, Kelis etc., mas o resultado consegue ser pior do que as tentativas de Tate McRae – a segunda parece uma faixa rejeitada do So Close To What –, porque Ashnikko tenta se diferenciar de alguma forma, e até consegue. O problema é que seu poder de diferenciação simplesmente não pega: é ruim, falho. Vi alguém comentar que, na receita criativa de Ashnikko, há um pouco de Melanie Martinez, e eu não poderia concordar mais. São artistas muito quadradas, que passam a ideia de fazer as mesmas coisas desde que surgiram, mesmo quando querem algo nitidamente diferente. E o problema de não sair dessa armadilha, e sim que a armadilha em questão é sem graça e enjoativa.
Selo: Parlophone
Formato: LP
Gênero: Pop