Crítica | Real Rio


★★★☆☆
3/5

O EP de estreia de Martha Pinel, Real Rio, parece ser composto como uma extensão de sua memória afetiva, um reencontro com sons nostálgicos da eletrônica que invadiu as pistas brasileiras entre os anos 1990 e 2000. Há muito ritmo aqui para dançar com passinho, baterias que se espalham pelas estruturas com vestígios de miami bass e até de funk. Em certos momentos, tudo parece se reduzir a fragmentos, e as vozes processadas funcionam mais como lembranças do que como elementos centrais de cada faixa.

Uber Moto” sintetiza bem a proposta do EP. Carrega o espírito noturno do Rio de Janeiro, com batidas densas de bumbos acelerados e hi-hats em diferentes aberturas, garantindo que a melodia não se perca nem se confunda com as camadas que constantemente acenam ao house. É um trabalho formal nesse sentido, com forte ênfase na pista como espaço de sedução, entre o nostálgico, o noturno e o memorial. Martha Pinel é hábil em despertar esses sentimentos, em nos deslocar. Pena que, pelo formato conciso do EP, faltem mais detalhes além dos que se revelam nesta breve demonstração de seu talento.

Selo: Toy Tonics
Formato: EP
Gênero: Eletrônica

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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