
★★★★★
5/5
Texto por: Cristian Azevedo
Se alguém perguntasse a qualquer pessoa se estaríamos falando sobre o álbum da menina que lançou o mega hit “Call Me Maybe”, dificilmente ela diria que sim – ainda mais dez anos depois do lançamento. Eu ia começar esse texto com essa pergunta. Mas a verdadeira surpresa de E•MO•TION (10th Anniversary Edition) é que ele não é um disco sobre o sucesso estrondoso, e sim sobre a profundidade da canção pop. É a prova de que Carly Rae Jepsen se transformou na artista cult favorita da cultura pop.
O disco já começa com a fortíssima e muito amada “Run Away With Me”, que inicia com um saxofone que transmite urgência e euforia – a exata sensação das primeiras semanas de uma paixão intensa. É a definição das marcas mais visíveis do que chamam de pop perfection. É o caso também de faixas como “Making the Most of the Night” e “Boy Problems” que, por sua vez, vão além e nos transportam diretamente para os filmes dos anos 80 do John Hughes. “Gimmie Love” é sexy, é suplicante e é dramática. Refrões chicletes, synths potentes. Ainda hoje, “All That” soa fresh, um rival impressionante diante dos ritmos que tentam emplacar nas rádios da atualidade e soam sem originalidade, vazios e pasteurizados.
Jepsen, em todo o disco, não tenta ser exageradamente poética; ela é humana, por vezes brega. Aqui, no contexto do pop, suas composições ganham destaque por conter emoções sinceras que não parecem milimetricamente calculadas por uma megaequipe de gravadora. Ela não tem apenas uma emoção: tem uma experiência sensorial pra lá de completa. Fala sério, cada vírgula de E•MO•TION (10th Anniversary Edition) parece estar no lugar certo. Quem nunca teve uma amiga (ou foi) que ficava separando e voltando de um boy? Quem nunca se sentiu na friendzone? Quem nunca sentiu que seu parceiro estava emocionalmente indisponível? Emoções não envelhecem e é isso que faz o álbum soar relevante dez anos depois.
Apesar de as novas faixas não soarem exatamente como se pertencessem a esse álbum (o que não é necessariamente negativo, já que todas soam melhores que muitos singles por aí), é um convite à revisita – uma chance de ajustar antigas edições e singles (deluxes e Cut to the Feeling). Por isso, dá a impressão de que Carly não preparou apenas uma reedição, mas a oportunidade de trabalharmos com as nossas antigas emoções ainda não superadas.
No fim, E•MO•TION (10th Anniversary Edition) é sobre isso: revisitar o que ainda sentimos, reconhecer o que permanece. Porque ouvir Carly é lembrar que nada do que a gente sente é realmente inédito (e é aí que mora o conforto). A gente se engana achando que aquelas histórias e sentimentos são só nossos, até perceber que todo mundo já viveu algo parecido. Dez anos depois, o álbum continua soando familiar, quase íntimo, como se fizesse parte da nossa própria memória emocional.
Selo: School Boy, Interscope, 604
Formato: Relançamento
Gênero: Pop / Dance-Pop
O disco já começa com a fortíssima e muito amada “Run Away With Me”, que inicia com um saxofone que transmite urgência e euforia – a exata sensação das primeiras semanas de uma paixão intensa. É a definição das marcas mais visíveis do que chamam de pop perfection. É o caso também de faixas como “Making the Most of the Night” e “Boy Problems” que, por sua vez, vão além e nos transportam diretamente para os filmes dos anos 80 do John Hughes. “Gimmie Love” é sexy, é suplicante e é dramática. Refrões chicletes, synths potentes. Ainda hoje, “All That” soa fresh, um rival impressionante diante dos ritmos que tentam emplacar nas rádios da atualidade e soam sem originalidade, vazios e pasteurizados.
Jepsen, em todo o disco, não tenta ser exageradamente poética; ela é humana, por vezes brega. Aqui, no contexto do pop, suas composições ganham destaque por conter emoções sinceras que não parecem milimetricamente calculadas por uma megaequipe de gravadora. Ela não tem apenas uma emoção: tem uma experiência sensorial pra lá de completa. Fala sério, cada vírgula de E•MO•TION (10th Anniversary Edition) parece estar no lugar certo. Quem nunca teve uma amiga (ou foi) que ficava separando e voltando de um boy? Quem nunca se sentiu na friendzone? Quem nunca sentiu que seu parceiro estava emocionalmente indisponível? Emoções não envelhecem e é isso que faz o álbum soar relevante dez anos depois.
Apesar de as novas faixas não soarem exatamente como se pertencessem a esse álbum (o que não é necessariamente negativo, já que todas soam melhores que muitos singles por aí), é um convite à revisita – uma chance de ajustar antigas edições e singles (deluxes e Cut to the Feeling). Por isso, dá a impressão de que Carly não preparou apenas uma reedição, mas a oportunidade de trabalharmos com as nossas antigas emoções ainda não superadas.
No fim, E•MO•TION (10th Anniversary Edition) é sobre isso: revisitar o que ainda sentimos, reconhecer o que permanece. Porque ouvir Carly é lembrar que nada do que a gente sente é realmente inédito (e é aí que mora o conforto). A gente se engana achando que aquelas histórias e sentimentos são só nossos, até perceber que todo mundo já viveu algo parecido. Dez anos depois, o álbum continua soando familiar, quase íntimo, como se fizesse parte da nossa própria memória emocional.
Selo: School Boy, Interscope, 604
Formato: Relançamento
Gênero: Pop / Dance-Pop