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Após ter dado um tempo da música e focado mais em sua vida privada nos anos em que ficou afastado, Justin Bieber retorna 4 anos desde Justice com uma faceta artística nova. Aqui, o artista decide novamente tomar como base para suas jornadas artísticas o cenário do R&B, porém com SWAG, sexto álbum de estúdio, o artista tem uma proposta mais ambiciosa de buscar referência nas tendências recentes do underground do R&B contemporâneo, trazendo até mesmo como colaboradores nomes que receberam destaque dentro desse espaço como mk.gee e Dijon. O canadense quer, de fato, tentar superar a visão de um artista pop básico e sem referência e se afirmar como alguém que tem algo de interessante a se ouvir.
Sob esse prisma, SWAG tem muito a utilização do R&B alternativo, com seus momentos mais interessantes na exploração dessas referências incorporando a influência de gêneros eletrônicos, comum no estilo. Isso ocorre especificamente em “DADZ LOVE” e “405”, que se mostram como destaques justamente por essa abordagem curiosa direcionada para ritmos como breakbeat na primeira e o future garage, com o padrão rítmico 2-step acompanhado de texturas metálicas, na última. Há também faixas que dialogam com o bedroom pop, presente no catálogo de mk.gee, que colabora em “DAISIES”, trazendo o som pop rock com uma atmosfera leve, pacífica, junto à um charme lo-fi no timbre dos instrumentos, características fortemente presentes no indie pop. Essa música é o momento em que mais é evidente a influência de mk.gee no projeto, pelo motivo óbvio de ser a faixa em que o cantor participa da execução diretamente.
Essas incursões por caminhos menos óbvios tornam SWAG um dos projetos mais interessantes de Bieber — ao menos conceitualmente. O problema é que, na prática, o artista não consegue sustentar o potencial do disco. Apesar de cercado por boas influências, Bieber continua limitado em sua capacidade de desenvolver essas referências de forma consistente. Com 21 faixas, o álbum revela sua fragilidade rapidamente: as boas ideias presentes em cerca de 25% do projeto logo se diluem em um mar de repetição e superficialidade sonora.
No fim, SWAG acaba sendo apenas mais uma tentativa frustrada de Justin Bieber de parecer artisticamente relevante. Ele pode se cercar de colaboradores talentosos e tentar beber da fonte de uma cena mais rica em inventividade, mas quando o artista central do projeto carece de substância, as boas referências são minimizadas a um simples adorno. O resultado é um disco que se inspira no R&B alternativo, mas oferece uma versão insossa, sem o pulso criativo que torna seus modelos tão interessantes. SWAG soa no máximo como um eco distante de uma cena que segue inovando.
Selo: Def Jam
Formato: LP
Gênero: R&B / Pop