Crítica | Attrition


★★★☆☆
3/5

Attrition, do queniano Slikback, é um daqueles momentos na carreira de um artista de música eletrônica cujo desejo de explodir as pistas de dança se justifica pelo uso expressivo de sons diversos. Até certo ponto, funciona: batidas que viajam à velocidade da luz, breaks quase infinitos e uma constante referência ao club, sem deixar de ser profundo em cada um desses sentidos. Assume, ao longo de sua duração, um valor composicional que se deleita com linhas percussivas estridentes, com baterias que parecem se autodestruir pela rapidez e agressividade com que trabalham, como em "Trars".

Em "Duality", o ponto de virada do álbum, a estrutura de batidas ligadas no 220 volts se desintegra, dando lugar a algo mais calmo. Não é exatamente, em sua configuração exata, música ambiente, mas há uma clara referência à construção atmosférica comumente encontrada no gênero. Seus elementos centrais, no entanto, vão em outra direção. Há vocais gélidos, envoltos em sons empoeirados, porém diretos, em suas composições dançantes. Nesse ponto, é quase como se Burial e Matmos acelerassem o ritmo, criando uma desfiguração que Slikback se encarrega de decifrar, dar significado e traduzir à sua maneira única. É uma invocação inesperada.

Selo: Planet Mu
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / Experimental

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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