Crítica | Veronica Electronica


★★☆☆☆
2/5

A ideia de Veronica Electronica era simples, embora puramente funcional: remixar algumas das melhores e mais interessantes músicas da carreira de Madonna. Para isso, entra em jogo o seu melhor álbum, o que até hoje tem seu impacto estendido na música pop e que elevou o próprio status individual da artista – dispensa descrições. O problema é que esse novo material, que gira em torno dessa obra irretocável, se sustenta apenas por um arranjo fácil de organização. Ele pega o conceito de um disco que Madonna lançaria após o Ray of Light, mas acabou descartando. Usa os remixes que ela lançaria naquela época, mas que também acabou descartando. Qual o sentido de trazer isso tudo à tona agora? É difícil saber, por isso Veronica Electronica mergulha no improviso o tempo todo.

Suas músicas, igualmente. E nesse caso é ainda pior, pois parte dos sons testados aqui, um limbo entre a rave dos anos 90 e 2000, com reimaginações piegas e construções que focam em viradas hoje tidas como óbvias, já que a eletrônica desse contexto não passa de um revestimento de tendências que ora funciona, como a construção de atmosfera em “Skin”, ora soam desastrosas, como a quase desconfiguração cheia de baterias frágeis de “Frozen”. No fim, fica a ideia de que era melhor que esse disco nem fosse lançado, mesmo de quando havia esperanças dele ser bom, pois se trata de algo que deriva da melhor era de Madonna. Esquecemos de contar, ou apenas ignoramos os arbitrariamente, que o que se tem na carreira de Madonna nos últimos dez ou quinze anos é u
ma inimaginável sucessão de equívocos. Esse é só mais um.

Selo: Warner
Formato: Remix
Gênero: Eletrônica / Pop

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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