Crítica | Volver


★★★☆☆
3/5

Sofia Kourtesis tem um apelo muito especial quando se trata de sua música eletrônica, adornada com afeto. Embora seu som se assemelhe bastante às tendências ecoadas no house mainstream, há algo que nos puxa para o mais profundo, algo que ela, em seu melhor, consegue tornar denso, com bagagem, e não apenas som pelo som. Seu primeiro álbum, Madres (2023), focou em suas próprias perspectivas sobre declarações maternas, enquanto explorava os lugares onde viveu e absorveu o som. Em Volver, ela mais uma vez adiciona um significado narrativo: “In the Volver EP I am paying tribute to all the LGBT+ community and all the amazing trans women that I was lucky to meet through the course of the last few years.

E isso é evidente na forma como suas batidas tomam forma. São melodias esperançosas e alegres, e não importa o quão profunda seja sua house music, há sempre um toque de onda na superfície, onde ela emerge para respirar e então continua sua jornada. Tudo o que ela pode usar, ela usa; fragmentos vocais que seguem estruturas pop, como na abertura "Corazón" e na colaboração com Daphni, projeto de Caribou, em "Unidos", com pequenas explosões sintéticas que demarcam a assinatura mesclada de ambos. É, acima de tudo, um EP que respira e inspira vida. É a música dançante mais interessante da atualidade, que não tem medo de seguir caminhos que dispensam a leveza temática e aderem à sua própria densidade sonora. Este é o ponto de virada do trabalho de Sofia, a sua curvatura precisa.

Selo: Ninja Tune
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / House

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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