Crítica | Willoughby Tucker, I'll Always Love You


★★☆☆☆
2/5

Willoughby Tucker, I'll Always Love You é um álbum que beira o insuportável. Se você extrair seus elementos mais notáveis, neste caso, as ambiências e os arrepios sonoros do folk e a própria construção slowcore, provavelmente acabará encontrando algo minimamente interessante, como foi o Perverts, lançado no início deste ano. Nele, felizmente, faltava esse pano de fundo, essa estrutura que mescla narrativas e alter egos que encontramos aqui e que conferem ao álbum uma profundidade, uma densidade que claramente não lhe convém, pois a variação que Ethel Cain busca entre seus temas é irrisória. É por isso que os melhores momentos são aqueles em que o som diz tudo, mesmo sem que uma palavra seja dita. É o caso das faixas “Willoughby's Theme” e “Willoughby's Interlude”. Esses instantes instrumentais carregam uma potência, uma excelente execução de melodias – o piano da primeira citada é no mínimo comovente – que conseguem se sustentar perfeitamente e combinam com o próprio tom que o projeto busca alcançar.

Fora isso, há poucos destaques, já que este álbum, que faz parte de uma trilogia cheia de perspectivas e coisas com as quais absolutamente ninguém além dos fãs se importa, assume um tom difícil. É difícil de ouvir, não porque seja de alguma forma incomum — essencialmente pra quem, assim como eu, está acostumado a ouvir projetos experimentais de drone e minimalismo que duram horas —, mas porque é tedioso e direcionado diretamente àqueles a quem Ethel pretende atingir com suas imposições lentas que apenas replicam ideias e tendências para demonstrar o quão substancial a obra pode ser no seu escopo de proximidade com outros projetos dela, e para que nós, os ouvintes, possamos mergulhar e ser capazes de entender os diferentes caminhos que a autora quer nos levar. Esse é o problema com esses trabalhos que tentam ser narrativamente pretensiosos, porque quando não conseguem impor algo verdadeiramente difuso ou contraventor, a única coisa que resta é investir tempo e energia em algo que seja pelo menos capaz de nos convencer. Para mim, Ethel Cain não consegue fazer isso, me convencer, e é por isso que acho esse álbum, assim como Preacher's Daughter, simplesmente chato.

Selo: Daughters of Cain
Formato: LP
Gênero: Rock / Slowcore, Pop

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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