Crítica | Melövia


★★★★☆
4/5

Lançado em maio de 2025, Melövia marca o terceiro capítulo da trajetória de Savage, artista nigeriano que começou a chamar atenção no cenário afropop com “Confident” ao lado de Buju, e “Rosemary”, parceria com Victony em seu álbum de estreia Utopia (2021). O título inventado pode ser traduzido como “o caminho da melodia”, e traz um disco linear, mas que envolve introspecção e energia ao mesmo tempo.

A grande força de Melövia está na voz de Savage, um timbre cru e robusto, que se destaca mesmo nos arranjos mais carregados. Se antes a escrita parecia mais genérica, aqui fica evidente uma evolução, com letras mais diretas e consistentes. É um álbum que transmite solidez.

Abrindo o disco “WHO” com Morrelo é uma faixa excelente, de atmosfera reflexiva, que já mostra o tom confessional do projeto. O contraste surge rapidamente em “Casanova” e “SOJI”, que exploram o eletrônico do house e do amapiano — gêneros cada vez mais populares no continente africano — sem perder o DNA afropop.

As colaborações reforçam ainda mais o impacto do disco. Em “LET ME BE”, o vocal grave e imponente de ODUMMODUBLVCK, traz um peso voltado ao rap que equilibra com o timbre de Savage. Já “FOLLOW UP” com Priestt transforma anseio pessoal em euforia coletiva, usando o groove contagiante do amapiano para falar de desejo e insistência. Em “GAGA” feat. King Perryy, a faixa transmite um estado de entrega total, quase hedonista, com energia pronta para a pista.

O disco segue reunindo algumas das vozes mais interessantes do afrobeats contemporâneo, e Savage parece querer se firmar como um nome capaz de dialogar com diferentes estéticas. As faixas finais reforçam esse caráter ambicioso. “TREE HOUSE” oferece um respiro mais íntimo, “HERO” com Erigga mergulha em sobrevivência e cicatrizes, e o remix de “Concussion” com Zlatan encerra em alta rotação, como a catarse final.

Melövia mostra um artista em plena ascensão, mais ambicioso e energético do que nunca. Num cenário afropop cada vez mais homogêneo, Savage encontra sua voz e prova que merece mais crédito do que recebe. Com treze faixas bem pensadas, ele não só se mostra pronto para a indústria global, mas também reforça que seu lugar no pódio da música nigeriana moderna já deveria estar consolidado.

Selo: Savage Space
Formato: LP
Gênero: Música do Continente Africano / Afrobeats

Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

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