Crítica | Play


★★☆☆☆
2/5

Ed Sheeran, depois de anos construindo sua discografia com um conceito simples de símbolos matemáticos, dá o primeiro passo à uma nova série de álbuns, marcados por símbolos de controle de mídia, iniciando com Play. Geralmente se espera que em uma nova fase musical o artista tenha algo de novo pra entregar — não é o caso exatamente de Ed Sheeran, afinal, depois de mais de uma década permanecendo na mesma linha de lançamentos genéricos focados em conseguir airplay nas rádios adulto-contemporâneas, quem espera algo de diferente de Ed Sheeran? —, curiosamente, Play até tem alguns momentos que encaminham para um caminho diferente dos seus registros anteriores, mas essas abordagens fazem com que os caminhos mais previsíveis — que são ainda maioria aqui — funcionem melhor.

O maior diferencial que esse disco apresenta são as referências de diferentes culturas em Play, trazendo faixas que se inspiram na música persa e indiana, especificamente nos momentos “Sapphire”, “Azizam”, “Symmetry” e “Don’t Look Down”. As duas primeiras são péssimas, especialmente “Sapphire”, por sua visão extremamente estereotipada de uma música pop que mistura aspectos culturais diversos naquela proposta batida e que já mostrou que quase sempre não funciona de “world music”. “Azizam” dilui a instrumentação persa em um dance-pop absurdamente básico. As 2 últimas têm um resultado melhor, principalmente “Don't Look Down”, marcada por uma visão eletrônica progressiva que mistura o ibiza trance com instrumentos da cultura punjabi e breakbeats.

No geral, entretanto, o disco se mantém na maior parte no mesmo estilo de faixas pop lentas focadas nas rádios adulto-contemporâneas. Único momento em que a má qualidade é abismal, além dos já citados é a introdução, “Opening”, que inicia como um folk pop genérico do cantor e se torna um rap acustico péssimo, em mais uma tentativa fadada ao fracasso de tentar se mostrar como rapper. Na maior parte do tempo, Play é apenas mais um álbum inofensivo de Ed Sheeran, com as mesmas problemáticas de seus álbuns anteriores que consistem na falta total de substância, sem qualquer ideia que saia do superficial, mas, se tratando de mais um projeto comum do cantor, a qualidade medíocre do registro nada surpreende, é só desinteressante. O catálogo de Ed Sheeran já se tornou chato de, inclusive, falar mal; é quase sempre a mesma coisa, não há muito o que falar que já não foi dito em = ou em ÷.

Selo: Atlantic UK
Formato: LP
Gênero: Pop

Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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