Crítica | Areia e Voz


★★★☆☆
3/5

Novo álbum de Tori, Areia e Voz, é quase literal em seu sentido expositivo. O disco se centra na voz doce da cantora, que se ajusta a instantes de melodias suaves, granuladas como areia, e a uma organicidade interessante. Apela fortemente a signos da MPB, especialmente em momentos como “Trastejo”, que parece flutuar entre a psicodelia da tropicália e o pop à la Céu dos anos 2000 e 2010.

O que chama atenção é a polidez com que Areia e Voz assume suas referências. O disco mergulha em um tom empoeirado de acordes e escolhas líricas que acabam se repetindo em uma formulação um tanto enjoativa à medida que avança. Os instrumentos soam como se estivéssemos diante de uma apresentação ao vivo e, por isso, parecem se desfazer quando uma música termina e a outra começa, sem deixar marcas mais definitivas daquilo que ouvimos.

Esse tom de efemeridade se mantém ao longo de todas as faixas. Por mais belas que algumas possam ser, como é o caso de “Harmonia é do Mundo”, há pouca coisa aqui que realmente se destaca, mesmo com a repetição dos acordes de violão que seguem o mesmo tom do início ao fim. Os sopros surgem e desaparecem, e os vocais permanecem como o único elemento constante. Talvez seja justamente isso o que Tori buscava e, se for, Areia e Voz é mais um acerto em sua carreira.

Selo: Guano
Formato: LP
Gênero: Música Brasileira / Pós-MPB

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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