Crítica | Getting Killed


★★★☆☆
3/5

O novo álbum da banda nova-iorquina Geese os encontra na posição de artistas dispostos a causar muitas impressões sobre quem realmente são. Desta vez, porém, eles estão mais em sintonia com seus melhores aspectos como grupo e, portanto, adotam abordagens mais harmoniosas, mesmo que a busca por um som caótico por si só permaneça. Essa intenção é, inclusive, o que ainda faz as pessoas se perguntarem se eles são ou não uma banda de jam, focada em apresentações ao vivo e improvisações que se tornam claras ao longo de suas músicas. O fato de o álbum ter sido gravado e finalizado em apenas 10 dias pode alimentar essa discussão, mas aqui, pouco importa.

O que realmente importa são as ideias que Geese desenvolve neste material, em contraste com seu álbum anterior, o terrível 3D Country, que se baseou demais na criação de imagens baseadas no conteúdo altamente narrativo de um cowboy perdido no deserto. Getting Killed se liberta de todas essas questões temáticas e, por isso, é mais interessante. O caos deles não mais assume uma sensação de irrestrito ou calculado, e momentos como “Husbands”, repletos de percussão caseira, fundo de quintal, alimentam uma natureza mais centrada na criação de símbolos próprios, o que dá ao conjunto geral uma sensação de melhor exploração e exposição de suas possibilidades quase infinitas de ser estranho. É isso que mais se destaca aqui. Eles definitivamente têm esse apelo como nenhuma outra banda fazendo o que chamam de art rock. Squid? Chato. Black Country, New Road? Superestimado. Geese? É uma mistura dos dois, mas pelo menos eles têm a capacidade de dominar sua própria narrativa.

Selo: Partisan / Play It Again Sam
Formato: LP
Gênero: Rock / Art Rock
Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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