Crítica | Panda


★★★★★
5/5

O EP de estreia Panda de Ley Soul é uma descoberta que impressiona positivamente logo na primeira audição. A voz da artista é diferenciada, com uma ressonância que lembra tons asiáticos e uma capacidade de transformar até os grooves neo-soul mais simples em paisagens sonoras vibrantes, impregnadas de jazz. Sua presença é ao mesmo tempo imponente e graciosa, com vocais que parecem sobrenaturais e que permanecem na memória muito tempo após o fim de cada faixa.

A abertura com “Intergalactic Janet” estabelece imediatamente essa cosmicidade hipnotizante, um som que prende e envolve do início ao fim. “Love, Bomb” surge leve e sinestésica, com uma vibração que remete, de maneira sutil, ao estilo de Thundercat. “Save Your Love” mantém o refinamento do EP, em linha com a sofisticação já percebida nas demais faixas.

Fortune Eyes” se destaca por suas camadas espaciais e efeitos sonoros, justificando ser a segunda mais ouvida do projeto e apresentando uma identidade própria, ainda mais intensa que as anteriores. Para equilibrar, “Fly Away” é a faixa que menos surpreende, mas mantém a coerência e a qualidade do EP. “Into Sands” fecha o disco com a mesma linearidade e consistência que permeia todo o trabalho.

No conjunto, Panda é um EP de estreia que demonstra não só talento vocal, mas também uma maturidade impressionante na construção de atmosferas sonoras, misturando neo-soul, jazz, R&B e elementos de experimentalismo de gênero de forma envolvente e memorável.

Selo: Independente
Formato: EP
Gênero: R&B / Soul, Neo-Soul, Jazz

Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

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