Crítica | ÚLTIMO ANO SENDO POBRE


★★★★☆
4/5

Com ÚLTIMO ANO SENDO POBRE, CAE não apenas estreia seu nome na cena, mas também mostra o que significa ser uma artista trans no hip hop brasileiro. A mixtape manifesta resistência, ambição e reinvenção, em que cada verso é uma afirmação de identidade e pertencimento.

O significado da mixtape já é nos apresentado através de sua capa, onde correr simboliza a busca incessante por um futuro melhor, junto da onça, que também sendo ótima corredora; caça na espreita e calcula o momento do ataque de forma precisa. Essa imagem se reflete nas faixas cujo movimento e a precisão não são apenas físicos, mas também emocionais e sociais e em músicas como "CORRE!!!", "OLHOS VERDES ME INVEJAM" e "BLING BLING", CAE expressa suas lutas e conquistas, enquanto desafia as expectativas impostas pela sociedade.

A busca pelo novo vem através da vontade de conquistar, mostra medo, mas também incita a coragem de ir atrás. “Tem vezes eu fico olhando e fico pensando, será que um dia vou ter um desse?” (E CAE, às vezes eu penso nisso também).

A mixtape conta com participações que incluem NandaTsunami, Nivy, LUAA FLORAH e AFRONTA, além da produção de outros artistas da cena, como Mello Santana, YORI, Mauanatrack, Winx, Agostinhx, Jgê e IKNOWFELIPE.

Musicalmente, o disco soa como um terreno da experimentação, criando uma sonoridade que reflete o trânsito entre a rua, o estúdio, o corre e o palco, combinado com beats de trap, funk, e drill. Nada para, e pra mim é como se cada música empurrasse a outra para frente, sem olhar para trás. É um projeto de estreia muito bem feito e muito bem pensado, me trouxe o sentimento de vontade e do porque eu continuo indo atrás do meu.

Selo: Independente
Formato: Mixtape
Gênero: Hip Hop / Trap, Funk

Lívia

Apaixonada por música. Graduanda em Serviço Social, pesquisadora de funk e música alternativa periférica. Faz parte da curadoria de Funk do Aquele Tuim.

Postagem Anterior Próxima Postagem