Crítica | C6 Fest São Paulo


★★★★☆
4/5

O C6 Fest trouxe vários nomes respeitados da música alternativa que, depois daquele line-up impecável de 2022, esperávamos ver na segunda edição do Primavera Sound São Paulo. Infelizmente, os preços altíssimos do ingresso e a separação dos palcos com ingressos/pagamentos individuais resultaram num público confuso na hora da compra e por consequência, num festival vazio.

Em contrapartida, a localização do festival foi fantástica, o ponto alto do evento: o Parque Ibirapuera. Simplesmente o parque mais visitado de São Paulo, tem uma vista maravilhosa e é fácil de chegar. Adoraria se mais festivais acontecessem por lá.

Já a maior decepção foi notar que os restaurantes divulgados pelo festival também estavam segregados por palco, contra a expectativa geral do público e contra o bom senso. Eu mesma reparei quando estava na Tenda Heineken, procurando por um restaurante divulgado que me deu muita curiosidade de provar no dia, que esse restaurante estava na Arena Externa Metlife. Além das opções disponíveis serem caras, isso me deu um desânimo e acabei não consumindo nada lá.

O público do festival também me deixou desconfortável: era nítido que a maior parte dali eram pessoas brancas com um alto padrão de vida. Com exceção do dia do show da Weyes Blood, que estava mais cheio e diverso.

Shows:

Não vi todos os shows dos palcos que eu tinha ingresso, mas aproveitei bastante os shows da Arlo Parks, Christine and the Queens, Kraftwerk e Weyes Blood. Sempre fico receosa de não conseguir enxergar o palco, principalmente por ser baixinha. Mas isso não foi problema em nenhum momento. Consegui ver tranquilamente cada show, sem precisar me apoiar nas pontas dos pés.

Arlo Parks

Confesso que conhecia pouquíssimo do trabalho dela, mas não foi um problema porque ela conseguiu entregar bastante carisma e vocal naquele palco. Era nítida a felicidade dela em cantar para o público brasileiro que estava animado como de costume mesmo não tendo lotado a pista.

Christine and the Queens

INCRÍVEL! Façam um favor a si mesmos e vão escutar algumas músicas e assistir algumas performances. Aquele show foi um espetáculo, bem teatral e super chique. Merecia mais reconhecimento.

Kraftwerk

Sabem aqueles shows que não são chamados de show e sim uma experiência? Essa é a definição de Kraftwerk ao vivo. Os visuais estavam impecáveis e tocaram os grandes hits da longa carreira. Os fãs entregaram tanto ânimo e paixão quanto o público mais jovem.

Weyes Blood

Eu já fui em vários shows na minha vida e falo, sem dúvida alguma, que esse foi um dos melhores que já vi ao vivo. Natalie é uma artista extraordinária. Os vocais e o modo que ela se movimenta no palco são belíssimos. Literalmente fiquei arrepiada nesse show e senti também a grande emoção dos fãs por estarem presenciando aquela performance que parecia algo divino. O público foi à loucura, principalmente com a música "Andromeda". Cantaram cada palavra daquela letra maravilhosa. A artista encerrou a noite com "Movies" e na saída, muitos fãs jogaram diversos DVDs no palco. Isso é um pedido da própria Natalie, que é uma grande cinéfila. Espero que ela aproveite muitos filmes brasileiros e se apaixone mais ainda pela nossa cultura.

Se tiver uma próxima edição, a dica é que não tenha venda separada por palcos e que os ingressos não sejam de um valor tão alto, tendo em vista que são artistas com um público não tão grande. Por esses motivos, dou 4 estrelas para o C6 Fest 2023.
Vit

Sou a Vit, apaixonada pelo universo musical desde que me entendo por gente, especialmente por vocais femininos. Editora e repórter no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de Pop, MPB, Pós-MPB e Música Brasileira.

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