Crítica | Everything Is Alive


★★

Everything Is Alive não tem nada interessante, ou diferente, para oferecer esteticamente.

Para quem se aventura por entre essas bandas de música dream pop, sabe que a adjetivação mais comum é dizer que o álbum novo deles é "espacial" ou "psicodélico". No novo lançamento de uma das maiores bandas do gênero, não é diferente.

Para quem se agrada com isso, e gosta da ideia de repetição para essa estética, com certeza vai se agradar muitíssimo com a sonoridade, que se mostra bastante refinada. É possível encontrar algumas influências às bandas de post-punk, em especial à fase inicial de The Cure. A lentidão e os timbres de bateria aliados aos sintetizadores oitentistas lembram a atmosfera mórbida e gótica típica do Cure, mas aqui elas também carregam essa sensação "espacial" característica da banda.

Entretanto, apesar de mostrar uma nova forma sonora, que não traz mais aquela atitude solar dos primeiros álbuns, e sim, uma estética mais ambiente, e mais noturna, ela não é o suficiente para cativar os ouvintes durante todos os 40 minutos de disco. Pelo contrário, já durante os primeiros 15 minutos, tudo ficou completamente desgastado. A música "chained to a cloud", que tem quase 7 minutos de duração, parece ter pelo menos uns 20. Sua repetição é tão cansativa que a sensação é como se estivéssemos acorrentados mesmo, não a uma nuvem, mas a essa música.

De resto, o álbum não tem nada interessante, ou diferente, para oferecer esteticamente. Resta mesmo se contentar a essas convenções que estão há — pelo menos — 20 anos sendo repetidas pelo dream pop, e talvez, apreciar pelo menos um pouco esse formato mais sombrio que o slowdive tentou construir, mas que não passa de uma brincadeira infantil, de uma banda que não é assim tão nova.

Selo: Dead Oceans
Formato: LP
Gênero: Rock / Dream pop

Tiago Araujo

Graduando em História. Gosto de música, cinema, filosofia e tudo que está no meio. Sou editor da Aquele Tuim e faço parte das curadorias Experimental, Eletrônica, Funk e Jazz.

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