Artistas que você deveria ouvir no Dia da Consciência Negra

Diferentes artistas extremamente necessários para celebrar uma data extremamente importante.

Hoje, o Aquele Tuim se reúne ao redor de grandes artistas negros fora do mainstream para celebrar o Dia da Consciência Negra. Uma data importante para nos lembrar de que tudo aquilo que consumimos hoje, inclusive e principalmente na arte, teve como participação direta muitas das raízes destes nomes aqui mencionados. Confira:





Amaarae 

A cantora e escritora Ama Serwah Genfi, conhecida como Amaarae, tem como foco principal de seus discos e músicas a celebração de suas raízes ganesas e da cultura LGBT. Ao contrário da outra artista que mencionei, ela não tem uma lírica cerebral e intrincada, contudo, é igualmente importante por ser tão abertamente representativa e combativa pela causa LGBT e negra em suas letras simples, mas sempre acobertadas por melodias fantásticas e cativantes.

A sua característica mais importante é, talvez, a de levar o movimento Afrobeats para outro patamar cultural com sua grande influência. Ela assim obriga, ao fazer música Pop, que temas como o amor sáfico e percussões que vão do Iorubá ao Zouk ao funk carioca estejam nos holofotes da música global. Sua voz incomum, mas de habilidade assustadoramente grandiosa, a fazem ter hits como “Co-Star”, “SAD GIRLZ LUV MONEY” e “Angels in Tibet”, em que desafia o mercado internacional a dar destaque a sonoridades Pop fortemente influenciadas pelos mais diversos ritmos derivados das mais variadas regiões da África.

A música de Amaarae é acessível, dançante, refrescante e unicamente profunda pelas suas fusões incomuns, relevantes e ricas e performances esquisitas, mas encantadoras. Ela é tudo que uma diva pop precisa ter e muito mais… me pergunto por que ela não tem tantos fãs como outras tem, mas acho que a resposta não é tão densa quanto sua música. — Sophia





Josh Caffé 

Nome indispensável do underground house e techno, Josh Caffé é conhecido pelos seus vários sets elogiados por grandes curadores de espetáculos da área. Ele é conhecido pela sua paridade hedonista, em partes representada em seu disco Poppa Zesque, uma descarga de influências dançantes que mostra um lado contrastante da ideia de música eletrônica — é como uma peça de roupa encharcada exercendo um peso desconfortável, plano e compacto. Sensação que somente ele sabe transcrever em peças únicas. — Maqtheus





Juçara Marçal

Com uma trajetória duradoura e diversa, Juçara Marçal é um dos epítomes mais significativos da vanguarda paulista. Voz de grupos como Companhia Vocal, Vésper, A Barca e Metá Metá, o que a torna tão especial é a sua visceralidade, interpretação potente e visão artística única. Redesenhando todas as possibilidades que o rock pode se fazer presente na música negra brasileira, sua carreira solo rendeu três discos e ampliou o seu repertório criativo, abusando de texturas sonoras e experimentações, dentro do estúdio e em cima dos palcos. — Felipe





Kelela 

Permeada por uma criatividade sem freios, a cantora etíope-americana é essencial para a cena da música eletrônica. Enquanto mulher negra e queer, Kelela aborda suas raízes e constrói verdadeiras experiências narrativas através de produções sofisticadas, que agregam grime, dubstep, R&B, breakbeat — e tudo que a sua vontade de criar permite. Ela também valoriza e está aberta para o âmago da experiência musical: a coletividade, fomentando álbuns de remixes e colaborando com outros artistas de diferentes calibres. — Felipe





Lido Pimienta

Cantora, compositora e produtora musical colombo-canadense, em seu mais recente trabalho de estúdio, Lido evoca a ancestralidade negra e indígena que possui a partir de canções que usam os elementos de sua cultura com vertentes do eletrônico. Além disso, suas músicas transmitem suas visões políticas, declaradamente queer e feminista, Lido é uma das vozes mais potentes da nova geração que pretende balançar as estruturas das sociedades paternalistas, LGBTfobicas e racistas — uma artista necessária para este tempo, e que não possui medo de fazer de usar a arte e a plataforma que tem como palco para se posicionar pelo que acredita e defende. — Joe Luna





Little Simz 

Simbiatu "Simbi" Abisola Abiola Ajikawo, conhecida pelo seu nome artístico Little Simz, é uma rapper britânica de pais nigerianos, e uma das melhores em sua arte de todos os tempos. Seu papel em utilizar o rap como arte para a crítica e como arma contra quem está no poder é gigantesco, universal e de cair o queixo. Ela impõe sua posição como mulher negra, genial e magistral a todos — e faz muita questão disso —, ao mesmo passo que afirma com clareza que sua habilidade de escrita é uma das melhores que o rap já teve a honra de receber.

Premiada mundialmente e amada por todos que tiveram o prazer de ouvir e ler sua poesia, é inegável a importância de Simbi como frente do movimento de libertação das mulheres negras e como rapper prolífica, e, inclusive, como uma que sempre uniu sonoridades comuns a cultura negra de outras regiões, como o Jazz, o Reggae, o Blues e o R&B.

Sua insistência em lutar pela causa negra é um dos motivos pelo qual sua obra é tão fascinante, e também é a parte mais importante do seu trabalho — sem nem contar que sua maravilhosidade em compor ritmos chiclete também tornam sua música acessível. No que diz respeito à luta social e à lírica, Little Simz é minha artista favorita da atualidade, e dificilmente isso mudará em um futuro próximo. — Sophia





Mc Soffia

Cria da Zona Oeste de São Paulo, MC Soffia vem se destacando nessa nova geração de artistas. Filha de militantes do movimento negro, desde muito cedo se interessou pelo mundo artístico. Hoje, além de ser reconhecida como uma das maiores referências do rap nacional, Soffia se destaca ao percorrer em suas composições temas como preconceito racial e de gênero. Em suas letras, ela empodera e celebra a autoconfiança e o lugar da mulher como protagonista. — Brinatti





Negro Leo 

Leonardo Campelo Gonçalves, conhecido como Negro Leo, é possivelmente um dos artistas mais interessantes da vanguarda da pós-MPB. Seus discos seguem um experimentalismo voraz, intocável e puramente endossado por sua genialidade em retratar temas próprios de seu status de compositor musical. Determinado a navegar em águas profundas nas inúmeras camadas e sonoridades exploradas em suas produções, Negro Leo desperta a curiosidade e, acima de tudo, a certeza de que ainda temos pessoas comprometidas em fazer música inteligente, assim como ele. — Maqtheus





Nourished By Time 

Promessa atual da música, Marcus Brown vem de um berço criativo muito prolífico dos Estados Unidos: a cidade de Baltimore. Entendendo seu fazer artístico como catalisador de suas ideias e pensamentos, ele reúne suas influências de R&B, hip-hop e jazz da sua infância com uma outra infinidade de gêneros musicais no seu álbum de estreia, Erotic Probiotic 2. — Felipe





Ravyn Lenae 

Futuro da música, Ravyn Lenae é uma jovem artista que chamou a atenção no ano passado com o lançamento de seu álbum Hypnos, um passeio pela história do R&B contemporâneo. Mais do que isso, suas composições e seu afeto pela arte foram o combustível necessário para que ela logo se consolidasse entre grandes nomes do gênero. — Maqtheus





Solange

Solange Knowles é conhecida por ser irmã da famosíssima Beyoncé, mas ela não se limita a ser apenas isso. Solange canta, dança, compõe, atua e também é modelo. Sua carreira musical é influenciada pelos grupos femininos da Motown, uma famosa gravadora onde foi criada a black music na década de 1960. Além de possuir várias habilidades artísticas, Solange desempenhou um papel significativo nas artes performáticas ao se tornar a primeira mulher negra a compor música para uma produção do New York City Ballet. Ao ouvir as músicas da artista, não se deve esperar um mero reflexo de sua irmã. Solange apresenta canções menos voltadas ao pop, com uma inclinação mais para o R&B contemporâneo, funk, soul e experimentações mais psicodélicas. — Vit





Sudan Archives

Cantora, compositora e multi-instrumentista autodidata, a estadunidense Brittney Parks se destaca por fazer de tudo e deixar isso bem claro. Nascida em Ohio e residente em Los Angeles, ela se inspirou em músicos africanos para conceptualizar sua persona artística, Sudan Archives, e encontrou, na cultura negra, uma forma própria de expressão que busca valorizá-la como berço das mais diversas formas musicais — em entrevista ao Guardian, Brittney contou que sua jornada na música se resume à exploração da “negritude do violino”. E Natural Brown Prom Queen, seu segundo disco e um dos melhores lançados em 2022, soa como um amontoado de conceitos e sonoridades que compartilham uma coisa em comum: a ousadia eloquente de Sudan ao exaltar suas raízes e posicionar a mulher negra como fonte de criatividade e inovação. — Marcelo Henrique





Tasha & Tracie

As gêmeas Tasha e Tracie, naturais da Zona Norte de São Paulo, mais precisamente do Jardim Peri, compõem uma potente dupla de rappers brasileiras. Além de deixarem sua marca na música, as irmãs se destacam em outros campos como moda, arte e ativismo. Suas letras ecoam as diversas nuances da cultura negra e da vivência periférica. Indo além das rimas, Tasha e Tracie tecem uma narrativa que promove reflexão e empoderamento, celebrando também o sucesso e o estilo de vida, destacando uma trajetória de reconhecimento e transformação dentro do cenário musical brasileiro. — Brinatti





Tygapaw

O jamaicano Dion McKenzie, residente no Brooklyn, conhecido como Tygapaw, é um dos artistas de música eletrônica mais promissores da atualidade. O seu trabalho está rodeado pelo resgate das raízes negras na cena techno, um lembrete de que, assim como grande parte da música contemporânea, houve vozes que lutaram na vanguarda artística pelo reconhecimento e pela liberdade de expressão — no sentido mais político da palavra — com a intenção de conquistar um espaço que antes era quase inatingível. E grande parte, ou a maioria absoluta, desse trabalho pioneiro foi realizado por artistas negros como ele. — Maqtheus





Xênia França

Natural de Candeias, a cantora e compositora baiana se prevalece como um dos nomes mais deslumbrantes da música brasileira atual. Fundamental para a inserção da música preta no imaginário da pós-MPB, ela se iniciou na moda, foi vocalista do grupo musical Aláfia e, atualmente, comanda uma carreira que aglutina o melhor que as sonoridades características das diásporas negras possuem a oferecer. Ela sempre entrelaça suas experiências pessoais com a ancestralidade e sua bagagem espiritual, como no seu disco mais recente, Em Nome da Estrela, em que ela aparece mais iluminada e solar do que nunca. — Felipe






Zudizilla

Zudizilla, rapper gaúcho de Pelotas, Rio Grande do Sul, emerge como uma voz proeminente na cena musical ao abordar, através de suas canções, não apenas sua luta pessoal, mas também a jornada em busca de realização de sonhos e sobrevivência. Suas letras transcendem a experiência individual, lançando um olhar crítico sobre as injustiças sociais e as desigualdades. Zudizilla não se limita apenas a narrar sua própria história, mas amplifica questões sociais mais amplas, criando um retrato contundente das complexidades enfrentadas. Sua música não apenas entretém, mas também desafia e conscientiza, solidificando-o como um artista influente na cena do rap nacional. — Brinatti
Aquele Tuim

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