Clássicos do Aquele Tuim | ARTPOP (2013)


★★★★☆
4/5

Lady Gaga foi um fenômeno com as eras de The Fame, The Fame Monster e Born This Way. Após todo esse sucesso, ela prometeu revolucionar ainda mais a música pop com o lançamento do álbum ARTPOP, que se tornou o seu trabalho mais controverso de todos, gerando discussões sobre ele até hoje.

Gaga investiu bastante neste projeto, porém, infelizmente, ele foi rotulado como um 'flop' pela mídia na época, apesar de ter obtido números consideráveis. No entanto, esses números não atingiram o mesmo patamar dos trabalhos anteriores da artista e isso pode ter a prejudicado ainda mais, já que ela rendia ao pop comercial uma assinatura extremamente popular. Além disso, o disco sofreu comparações com seus antecessores, fato que se convergiu em críticas negativas por especialistas. Atualmente, muitos revisaram o álbum e perceberam que, na verdade, o ARTPOP estava — de acordo com a classificação de obras incompreendidas na época — à frente de seu tempo, envelhecendo como um bom vinho.

Outros eventos que impactaram o trabalho incluem o vazamento de músicas antes do lançamento oficial, uma performance controversa durante a turnê, o lançamento antecipado da faixa "Applause", que acabou competindo com o sucesso "Roar", de Katy Perry, e o aspecto mais polêmico: a parceria com R. Kelly, que foi condenado por pedofilia. Esse fato levou Lady Gaga a descartar o clipe da música, que continha referências sexuais.

Depois de tudo dar errado nessa era, Gaga acabou deixando de lado as divulgações do ARTPOP. Infelizmente, ela prefere não revisitar esse disco, já que as lembranças associadas a ele são negativas e foi um projeto no qual ela depositou grande confiança, mas que acabou enfrentando inúmeros desafios.

Apesar de toda a controvérsia que envolveu essa era caótica, muitos fãs têm o ARTPOP como álbum favorito da carreira de Gaga (me incluo nesse grupo!). Tanto que, hoje em dia, muitos querem fazer justiça por ele, pois é uma obra que merece reconhecimento, por mais que a própria Lady Gaga ignore a existência dele.

Uma das razões pelas quais amo o ARTPOP é a exploração de temas como tecnologia, sexualidade, liberdade e arte, embalados em um som mais eletrônico. O álbum começa com "Aura", um pop hipnotizante e frenético que se distancia da música pop tradicional. Em seguida, "Venus", uma das favoritas dos fãs, apresenta uma forte presença de sintetizadores e traz referências à mitologia e elementos cósmicos. As faixas sensuais vêm em seguida com “G.U.Y” e “Sexxx Dreams”, mantendo uma ótima transição entre as músicas até então.

Um dos principais pontos fracos do álbum é a faixa "Jewels N' Drugs", que conta com as participações de T.I., Too $hort e Twista. Esta música foi uma tentativa de modernizar ainda mais o som do registro, misturando elementos de hip-hop e eletrônica, porém, acabou se tornando cansativa e parece não fazer tanto sentido em relação às músicas anteriores.

O álbum prossegue com a divertida e confiante "MANiCURE" e a polêmica "Do What U Want", que foi removida de todas as plataformas digitais devido aos crimes cometidos por R. Kelly. É uma música que adoro e felizmente ainda temos a versão com a Christina Aguilera que foi disponibilizada como single nos serviços de streaming.

E, enfim, passamos pela faixa-título, que celebra a cultura pop na arte. Em seguida, "Swine" se destaca com elementos eletrônicos marcantes. "Donatella" e "Fashion!" são podres de chique. Em "Fashion!", ainda há referências a David Bowie, o que torna a música ainda mais especial. A faixa seguinte, "Mary Jane Holland", é explosiva e, pelo título, já sabemos bem sobre a sua temática. Enquanto isso, "Dope" é a canção mais lenta do álbum, que particularmente gosto bastante, embora se afaste um pouco da proposta apresentada. Já na emocionante "Gypsy", Gaga celebra a liberdade de maneira divertida e encantadora. O álbum se encerra com "Applause", uma canção que mais se assemelha aos seus trabalhos anteriores e fecha o ARTPOP com chave de ouro.

Em ARTPOP, Lady Gaga atinge seu ápice criativo e artístico, abordando temas extremamente interessantes. É triste ver como essa obra foi deixada de lado no mainstream, considerando todo o conteúdo valioso que foi explorado. Justice for ARTPOP!
 
Selo: Interscope
Formato: LP
Gênero: Pop
Vit

Sou a Vit, apaixonada pelo universo musical desde que me entendo por gente, especialmente por vocais femininos. Editora e repórter no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de Pop, MPB, Pós-MPB e Música Brasileira.

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