Crítica | Chill Kill


★★★★☆
4/5

Red Velvet carrega consigo o charme dos meses de novembro e dezembro. O quinteto coleciona diversas peças lançadas nesse período, incluindo a sua melhor obra: Perfect Velvet, que completa seis anos na data de publicação desta crítica. É, também, o espaço de tempo que o separa de Chill Kill, o tão aguardado terceiro full album.

Aqui, o grupo desfoca das elaborações arriscadas de novas ideias. Sem espaço para devaneios, o que sobressai é a coesão e o refinamento meticuloso das suas características mais consagradas. Há, por ora, um esforço de se tornar a obra mais abrangente em termos conceituais: o lado velvet prevalece, mas os momentos de integração com o red são fantásticos.

Há vários destaques na primeira metade do disco. A title track é o momento mais experimental, e concorre ao título de “faixa síntese” do Red Velvet. “Underwater”, na contramão, é rija, hipnótica e dotada de uma sensualidade irresistível. Já “Will I Ever See You Again?” é absorta e nostálgica, tanto por carregar uma produção moldada por sintetizadores característicos da década passada, quanto pelas modulações e arranjos vocais.

Outros grandes destaques são as faixas “Iced Coffee” e “Bulldozer”, esta que arrisca em inserir mais elementos de hip-hop sem descaracterizar a sua abordagem. Não há uma música propriamente ruim, mas existem alguns poucos momentos de pouca inspiração, como “One Kiss” e “Knock Knock (Who’s There?)”, que, apesar do apelo fácil, parece uma prima menos charmosa de “In & Out”. Em contrapartida, “Scenery” encerra o montante com chave de ouro, e já se estabelece como uma das melhores baladas do catálogo.

Chill Kill foi concebido através de pesares. Além da expectativa explosiva (e irreal) do público, ele também sofreu com a cristalização de uma gestão de promoção extremamente problemática. Porém, nada disso foi capaz de afetar a questão basilar do grupo: preservar a riqueza do seu conceito artístico e da qualidade do seu catálogo musical. Contrariando as tentativas inescrupulosas da SM em desvalorizar o legado de seus grandes grupos, Red Velvet está mais vivo do que nunca e permanece flamejante.

Selo: SM
Formato: LP
Gênero: Pop / K-Pop
Felipe

Graduando em Sistemas e Mídias Digitais, com ênfase em Audiovisual, e Estagiário de Imagem na Pinacoteca do Ceará. É editor do Aquele Tuim, contribuindo com a curadoria de Música do Continente Africano.

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