Crítica | Sexta dos Crias



★★★★☆
4/5

Abrir o Twitter numa sexta-feira qualquer era ter certeza que você encontraria algum vídeo do DJ Ramon Sucesso, com o título Sexta dos Crias, operando sua mesa enquanto, hiperconcentrado, distorcia alguma faixa com seu efeito plástico chamado beat bolha.

Essa rotina semanal continuou até o presente momento, quando, com a ampliação do reconhecimento do funk eletrificado eletronicamente como vertente experimental do baile funk, DJ Ramon deixou de ser apenas um DJ popular no Twitter ou em sua comunidade. Ele hoje é adorado por ter conquistado esse reconhecimento — que vale ressaltar, já é observado há algum tempo por alguns entusiastas do funk no Brasil.

Sexta dos Crias, álbum distribuído profissionalmente pelo DJ Ramon Sucesso após todos esses acontecimentos, reafirma porque ele é tão importante na cena. A maior parte dos DJs que adotam essa característica experimental, que não medem esforços para transformar o funk em música inteligente, está em São Paulo. Nomes como d.silvestre, DJ K, DJ Arana, DJ Guina, etc., moldam alguns aspectos sonoros do funk a partir de perspectivas diferentes daquelas utilizadas por DJ RaMeMes (O DESTRUIDOR DO FUNK) e DJ Ramon Sucesso, ambos representando o funk carioca.

E Ramon, mesmo assim, teve sua influência no cenário do funk paulista, ainda que indiretamente. Por isso seu novo disco, Sexta dos Crias, acerta ao recapitular a concepção que o artista emprestou a outros DJs. Aqui, o instinto roubofônico do funk ganha espaço entre peças épicas de 15 e 17 minutos, movido pelo beat bolha e pela liberdade intrínseca de Ramon em revelar sua importância no desenvolvimento do gênero.

Agora, Ramon divulga seus vídeos de sexta-feira no X (antigo Twitter) mostrando um repertório ainda mais profundo. Sua obra, então, é composta como aquela que vai despertar o gigante, e o sucesso em seu nome é mais uma chancela de seu talento.

Selo: Honest Jon's
Formato: LP
Gênero: Funk / Experimental
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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