Crítica | Anything To Be With You Tour - Rio de Janeiro



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Show da turnê no espaço Sacadura 154 transformou a noite carioca do dia 01 de dezembro em um lugar que Carly Rae Jepsen jamais esquecerá.

Dona de uma das maiores músicas de todos os tempos, Carly Rae Jepsen possui uma carreira peculiar. Seu single diamante nos Estados Unidos, “Call me Maybe”, é reconhecido por pessoas de todas as idades em todo o mundo, a intérprete, no entanto, não possui o mesmo prestígio. Após lançar seu álbum Kiss, de 2012, que não obteve o mesmo sucesso do single, Carly se manteve distante da música para se dedicar a carreira de atriz na Broadway. Quando voltou, três anos depois, lançou seu terceiro álbum de estúdio, E.MO.TION, de 2015, projeto que a colocou em um patamar diferente: abraçada pela crítica especializada e por parte de um público (pequeno) fiel que se encantou por sua sonoridade. Emotion se tornou um clássico instantâneo.

Na primeira sexta-feira do mês (01/12), Carly desembarcou no Rio de Janeiro para seu único show solo no brasil, sua turnê Anything To Be With You Tour, de divulgação do seu sétimo álbum de estúdio, The Loveliest Time, que também passou no festival Primavera Sound no domingo (03), em São Paulo. Ao contrário das 20 pessoas em um café, como o TBT do G1 poderia apontar, a casa de eventos Sacadura 154 estava lotada. Quando Carly apareceu por um microssegundo na porta do backstage, os fãs gritavam seu nome com declarações de amor. No momento em que ela finalmente adentrou o palco, sua presença se mostrou contagiante, de um carisma encantador, e pareceu como uma estrela ou talvez um farol como gosta sempre de cantar em suas músicas.

Apesar de (ao meu ver) começar seu show com “Let's Sort The Whole Thing Out” seja uma escolha arriscada, cantos eufóricos de “i love you” (trecho da letra) dissiparam essa impressão. Mas, é com a segunda faixa que o show verdadeiramente começa, o saxofone de “Run Away With Me” é um prenúncio do momento de nirvana que estava por vir, coral de vozes cantando a canção, que é de fato a música mais amada dos fãs, mostrou a forte conexão que a cantora tem com o seu público, mesmo sem estar presente em topo de charts.

Coloco em destaque a faixa “Psychedelic Switch”, como epicentro do espetáculo. A plateia em polvorosa cantando em plenos pulmões “It's like a psychedelic, it's like a psychedelic/ It's like a psy—, it's like a psychedelic sw-switch”, todas as energias pareciam se alinhar para tornar aquele momento em algo vibrante e memorável. A escolha acertada de suceder com o seu grande sucesso, “Call me Maybe”, manteve o ritmo frenético, especialmente porque é nesse trecho que ela desce do palco para interações mais diretas com a plateia, que ficou ainda mais enlouquecida.

O ápice mais emocionante foi sem dúvidas a música “Bends”, momento que os fãs levantam um cartaz escrito “we can feel the sun on you”. A cantora soltou lágrimas e ficou visivelmente comovida. O público não ficou um momento em silêncio, todas as faixas na ponta da língua, o que parecia sempre surpreendê-la de algum modo, apesar da já conhecida fama dos brasileiros de serem tão calorosos.

No desfecho do espetáculo, Carly surpreendeu ao atender ao pedido de um fã que exibia um cartaz solicitando “Bad Thing Twice”, ao contrário de uma já aguardada performance de “Kamikaze”, que foi solicitada pelo público em duas ocasiões na noite. Quando inicia “Cut to the feeling”, que se torna uma advertência de que o fim se aproxima, Carly recebe dos fãs uma espada de balão, uma tradição em todo show, (alguém a chamou de guerreira do pop no Reddit e todo show a entregam) no qual, ela empunha enquanto canta em plenos pulmões.

Apesar de um show visualmente modesto, Carly Rae Jepsen segura 1:30h com muito carisma e interações divertidas com suas backings vocals e a banda. É nessas interações que transformam faixas não tão interessantes dos discos como “Beach House” em uma animada apresentação em que os integrantes da banda dão vozes a pretendentes de Carly que a pedem dinheiro emprestado, ameaçam de retirar seus órgãos e confirmam que realmente não vão ligar no dia seguinte. As backing vocals, que pareciam se divertir tanto quanto a estrela da noite, exalam um carisma magnético e fazem junto com Jepsen coreografias fofas e minimalistas. Um show caloroso, divertido, repleto de melodias cativantes e composições envolventes levaram a plateia animada a transformar a noite carioca do dia 01 de dezembro em um lugar que Carly Rae Jepsen jamais esquecerá.

Por: Cristian Azevedo
Aquele Tuim

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