Crítica | VENUS


★★☆☆☆
2/5

Zara Larsson sempre pareceu mostrar que o pop “genérico” era o seu estilo musical e sua identidade, mas quando entramos em uma sequência de enormes repetições, tanto na carreira da cantora quanto de outros artistas, é necessário um trabalho duro para se diferenciar dos demais.

“Can’t Tame Her” é a faixa de abertura do projeto, tanto na ordem do álbum quanto em lançamento. O single é uma faixa crescente: quando ouve-se apenas uma vez, soa esquecível, mas por ter tantos elementos para grudar em sua mente, ela vai se tornando mais agradável com o passar do tempo. O último refrão é a parte mais divertida, já que Zara consegue explorar bem a sua voz em ad-libs e notas altas. Só que, há um grande empecilho: a música está diferente do que foi lançada anteriormente.

Por algum motivo, o instrumental foi alterado, soando mais contido e nem tão radical como no single, sem contar que também pareceu ter alteração na produção e mixagem das vozes, em alguns trechos, é como se estivesse abafado. Caso você ouça as duas versões, é nítida a diferença – bem frustrante. Mas ela segue sendo a melhor música do LP.

Ao decorrer, encontramos “None of These Guys”. Em sua abordagem inicial, ela traz elementos de um pop psicodélico, mas em seu complemento, é apenas uma faixa qualquer. O single que acompanha o lançamento do disco é “You Love Who You Love”, e é como uma “parte dois” da faixa anterior, mas o refrão com um pico e um “drop” – por mais curto que ele seja – faz ela se diferenciar.

A faixa-título causava uma expectativa, já que para ela dar o nome do disco, deveria representar bem. E representou. “Venus” é um pseudo-dance pop que apela para sintetizadores, mas nem isso parece ser consistente e agradável – como o álbum.

Algumas faixas como “More Than This Was”, “End of Time” e “On My Love” são compostas por um anticlímax. Elas parecem querer ir para frente e explodir, mas ficam em uma timidez irritante e decepcionante. Algumas até chegam a ter um certo ponto alto, mas não suprem a sensação de vazio e o pensamento de que poderiam ter sido muito melhores.

Já outras tentam representar canções de mid-tempo com sons orquestrais e que possam transmitir uma ideia de épico. “Nothing”, “Escape” e “Ammunition” são como participantes de reality show que são denominados como “plantas” – são tão sem graça que o único sentimento que causam é irritação.

Em seu total, VENUS é uma decepção. As faixas são esquecíveis, não souberam aproveitar os pontos fortes. Zara Larsson é uma cantora com bastante competência em sua voz, mas nem tiveram faixas que evidenciam esse talento. O LP não tem alma, não tem compasso e, muito menos, músicas boas, ele foi feito como se as outras canções não fossem tão importantes, e até os singles, que deveriam ser canções mais comerciais e apelativas, não são impactantes ou tem qualquer força.

Selo: Epic, Sommer House
Formato: LP
Gênero: Pop / Dance-Pop
João Vitor

20 anos, nascido no interior da Bahia e graduando em Ciências da Computação. Faz parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático no site Aquele Tuim.

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