Crítica | “KETAMINE”


★★★★☆
4/5

Para onde irá Playboi Carti? Depois de extrapolar os limites do trap não uma, não duas, mas três vezes — com destaque óbvio ao reset cultural que Whole Lotta Red foi —, o futuro de sua sonoridade vem sendo um mistério. Todos os supostos singles do próximo álbum, supostamente chamado MUSIC e que será, supostamente, lançado ainda neste ano, são radicalmente diferentes entre si. Tivemos os transcendentais, leves, típicos do cloud rap (“Ur The Moon” e “2024”), e os mais espirituais, pesados, típicos do trap (“H00DBYAIR” e “BACKR00MS”). A partir deles eu imaginei que tinha encontrado um tema, uma baboseira de retroalimentação do trap com os vários estilos da música eletrônica, alguns dos que pensei até considerados “avant-garde”. Imaginei até que seria um resgate ao passado do rapper que almejava, através das bases, formas que nunca testou no trap. Mas eu estava dolorosamente errada.

Primeiro veio “EVILJ0RDAN”, uma repetição irritantemente simples que não se encaixa em nada feito pelo Carti até então, e agora veio “KETAMINE”, que é uma continuação direta, ponto por ponto, de Whole Lotta Red. Nenhuma destas se encaixa nos temas que eu busquei, e talvez seja isso que MUSIC se proponha a ser: uma coletânea de singles que pouco se relacionam, que marcham a sítios estéticos totalmente diferentes, que admitam uma variabilidade e liberdade artística irrefreável. Mas o mais animador sobre isso é o fato de ser impossível de sequer afirmar se o projeto será incoerente ou não, se é que ele conterá qualquer um dos singles lançados, se é que são singles — já que metade foi postada apenas no Instagram. Qual foi a última vez que um artista foi tão imprevisível?

Selo: Opium
Formato: Single
Gênero: Hip Hop / Rage
Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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